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A Marcha dos Tempos

de Arthur Shaker

em 25 Dez 2012

  (...anterior) Caberia aos seres sencientes despertar para a compreensão da natureza de dukhha desses ciclos de nascer e morrer, e pela prática do Nobre Óctuplo Caminho, alcançar o Nibbana.
A visão cíclica e descendente do ciclo humano e cósmico aparece formulada, de modo mais detalhado, na tradição hindu, nas Leis de Manu, que divide o ciclo em quatro fases ou yugas: Satya yuga, a idade da Verdade, Treta yuga, Dwâpara yuga, e por último Kali yuga, a Idade Sombria, aquela em que estamos desde há mais de seis mil anos, agora em sua última etapa. Os budistas tibetanos ainda distinguem uma quinta fase cíclica no Kali yuga, “a Idade em que a corrupção vai de mal a pior” (Tsong-Khapa, fundador da ordem de Dalai Lama (§) e de acordo com o testemunho de Marco Pallis, cf. referência em René Guénon (§), A Crise do Mundo Moderno, nota 1, p.28. Lisboa, Véga, 1977). Enquanto a Justiça e a Verdade reinam no Satya Yuga, já nas fases subsequentes o avanço da des-espiritualização acelera-se, na medida em que a duração temporal de cada fase diminui na proporção de 4:3:2:1. A despeito do avanço tecnológico, o ciclo caminha para baixo. A referência baixo tem múltiplas significações: materialização, maior dificuldade de acesso mental às verdades transcendentes, racionalismo, desenfreamento do ignorante querer apossar das coisas, destruição da Natureza, exteriorização, corrupção, entre outras.
Se a tendência cósmica e humana é descendente e materializante, por outro lado, a função de uma Tradição espiritual é a de oferecer os suportes de apoio para a tendência oposta, a saída do samsara, a realização espiritual. Mas não são tendências sucessivas, mas simultâneas, embora haja períodos de crise e ruptura, com o desaparecimento de certas tradições, a emergência de novas tradições revivificantes - (e nesta visão global se situaria a emergência de tradições como o Cristianismo, o Budismo e outras) - e readaptações em outras. Nisto residiria as concepções teístas sobre as chamadas “descidas divinas”, os Avataras, que na tradição hindu são as sucessivas encarnações de Vishnu, a face da conservação divina. No livro do Bhagavad-Gita, assim se refere Krishna, considerado a oitava encarnação de Vishnu: “Sempre que o dharma [a Lei, Verdade, a retitude, entre outras acepções] declina, ó filho da dinastia dos Bharata, e há um aumento do adharma (vício, destruição da verdade), então Eu me manifesto” (sloka 7, cap. 4). Segundo os hindus, a próxima encarnação de Vishnu será como Kalki-Avatara, que desta vez virá para encerrar com fogo este ciclo da Humanidade, e o fim de um ciclo significa o início de um novo ciclo. Esta noção do fecho deste ciclo em fogo também aparece no Velho Testamento: “Porque, eis que o Senhor virá em fogo; e os seus carros como um torvelinho; para tornar a sua ira em furor e a sua repreensão em chamas de fogo” (Isaías, 66, 15).
Não vamos, entretanto, encontrar no Budismo esta noção do Avatar, bem como também nos sermões o Buddha (§) não se refere a esta visão de um apocalipse em fogo. Mas, guardadas as diferenças entre as concepções teístas e o Budismo não-teísta, há uma afinidade nesta concepção das “presenças”, que no Budismo significa os sucessivos Buddhas nos diferentes ciclos da humanidade, e também sobre o processo de decadência progressiva dos ciclos da humanidade. O Cosmos se marca por processos cíclicos de expansão e contracção, e não por uma tendência linear progressiva, como parece propor o evolucionismo darwiniano.

(6) Segundo o Velho Testamento, Adão viveu 930 anos, Seth 912 anos, Matusalém 969, Noé 950 anos, Abrahão 175 anos, José 110 anos, Moisés 120 anos. Também neste sutta, Buddha relata a longevidade “daqueles tempos”, longevidade que vai diminuindo à medida que a decadência avança. Mas a referencia temporal “anos” não pode ser pensada com a mesma medida actual, pois o tempo no processo cósmico não é homogéneo.

(7) O Digha Commentary se refere a isso como “práticas sexuais incorrectas”.

(8) ”E o irmão entregará à morte o irmão, e o pai o filho; e levantar-se-ão os filhos contra os pais, e os farão morrer” (Marcos, 13, 12).
  (... continua) 
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