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Viver no mundo com o Dhamma

de Ajahn Chah

em 24 Jan 2014

  (...anterior) Por um lado pode ser uma enguia*, mas também pode ser uma cobra. Se a deitar fora pode arrepender-se... caso seja uma enguia. Por outro lado, se continuar a agarrá-la e for uma cobra ela poderá mordê-lo. Encontra-se num estado de dúvida. O seu desejo é tão grande que continua a agarrar, esperando que seja uma enguia, mas no momento em que a tira do pote e vê a pele às riscas, deita-a imediatamente fora. Não precisa de esperar que alguém grite, “É uma cobra, é uma cobra, larga-a!” A visão da cobra diz-lhe o que fazer muito mais claramente do que as palavras. Porquê? Porque ele vê o perigo – as cobras podem morder! Quem é que precisa de lhe dizer algo? Do mesmo modo, se praticarmos até vermos as coisas como elas são não nos iremos envolver com coisas que são prejudiciais.

Geralmente as pessoas não praticam desta forma, só praticam para outras coisas. Não contemplam, nem reflectem acerca da velhice, doença ou morte. Só falam de não envelhecer e de não morrer, e desta forma nunca desenvolvem a atitude correcta para a prática do Dhamma. Vão ouvir palestras de Dhamma mas na verdade nada ouvem. Às vezes, sou convidado para dar palestras em acontecimentos importantes, mas para mim é um incómodo ter de ir. Porquê? Porque quando olho para as pessoas, vejo que não estão lá para ouvir o Dhamma. Algumas cheiram a álcool, outras estão a fumar, outras estão a conversar… não se parecem nada com pessoas que vieram por causa da sua fé no Dhamma. Dar palestras em lugares desses é pouco benéfico. As pessoas que estão imersas na indiferença geralmente pensam da seguinte forma: “Quando será que ele pára de falar…? Não posso fazer isto, não posso fazer aquilo…” e as suas mentes vagueiam por todo o lado. Por vezes, convidam-me para dar uma palestra só por formalidade:
“Por favor dê-nos só uma pequena palestra, Venerável Senhor.” Elas não querem que eu fale muito, pois pode aborrecê-las! Assim que as oiço dizerem isso sei logo o que querem. Essas pessoas não gostam de ouvir o Dhamma. Isso aborrece-as. Se eu só der uma pequena palestra não percebem nada. Se comeres muito pouco, isso chega-te? Claro que não.

Outras vezes estou a dar uma palestra, ainda a aquecer para chegar ao ponto principal, e um qualquer, bêbado, grita, “Ora bem, abram passagem, abram passagem para o Venerável Senhor, ele vem a sair agora!” – a tentar que eu me vá embora! Se encontro este tipo de pessoas ganho bastante material para reflexão e entendimento sobre a natureza humana. É como uma pessoa ter uma garrafa cheia de água e pedir que a encham. Não há onde pôr mais. Não vale a pena gastar tempo nem energia a ensiná-los, porque as suas mentes já estão cheias. Deita-se-lhe mais e transbordará inutilmente. Se a garrafa deles estivesse vazia, então teríamos onde pôr a água, e tanto o dador como o recipiente beneficiariam. Quando as pessoas estão realmente interessadas no Dhamma e se sentam em silêncio, a ouvir com atenção, sinto-me mais inspirado para ensinar. Se não prestam atenção é como o homem com a garrafa cheia de água… não há espaço para pôr mais nada. Quase não merece a pena perder tempo a falar com estas pessoas. Em situações destas não encontro qualquer energia para ensinar. Não podes pôr muita energia em dar quando ninguém se dispõe a receber.

Hoje em dia quando se dá palestras, há tendência a encontrar-se este tipo de situação, e está a piorar a todo o momento. As pessoas não procuram a verdade, quando estudam é somente para adquirirem conhecimentos suficientes para poderem ganhar a vida, constituir família e cuidar de si próprias. Talvez haja algum estudo do Dhamma, mas nada mais. Os estudantes hoje em dia têm muito mais conhecimentos do que os estudantes em tempos passados. Têm à sua disposição o que é necessário, tudo é mais facilitado. Mas também têm muito mais confusão e sofrimento. Porquê? Porque a única sabedoria que eles buscam é aquela necessária para ganharem a vida.
Até os monges são assim.
  (... continua) 
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