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Monções na Índia

de Vimla Patil

em 05 Mar 2014

  É raro na história da humanidade que uma civilização inteira adore uma única criança! Mas este milagre aconteceu na Índia – esta nação tem estado apaixonada pelo divino Krishna por milhares de anos. Talvez seja porque Krishna pode ser amado como uma criança, como um amante romântico, como um estadista de grande sabedoria e, finalmente, como o “guru” do mundo por causa do imortal Bhagavad Gītā. Contudo, uma outra faceta de Krishna encanta a nação – sua constante associação da chuva como o amor, a beleza, a magia e a bênção. O Bhagavata Purāna, que narra a história maravilhosa de Krishna, conta como essa criança divina nasceu numa cela de prisão numa noite tomada de chuva e raios e foi carregada ao longo de todo o caudaloso rio Yamuna. Consta ainda como ele se alegrou nas danças da chuva e, finalmente, deixou esta terra numa noite chuvosa. Não é de admirar que Krishna seja chamado Ghanshyam ou Meghashyam – ou seja, a nuvem escura de chuva. Assim, toda a literatura sobre Krishna celebra as chuvas com grande vivacidade. Mesmo o Bhagavad Gītā venera a monção dizendo: “O mundo inteiro tem a sua fonte na alimentação, que é criada por Parjanya (chuva), que dá bênçãos e abundância”.

Um pedaço do arco-íris
A estação favorita da Índia, a monção, deixa suas impressões em todas as facetas do país. Literatura, arte, música, e dança, filmes, gastronomia e viagens, todos se inspiram na chuva. Índia Perspectives captura o encontro da índia com a estação. Seguindo suas pistas, desde os textos até à culinária.

Literatura
As rimas das monções.
Dos tempos védicos até à era moderna, os escritores indianos estiveram sob feitiço mágico das chuvas.
Texto de Vimla Patil

O Rigveda também dedica hinos à monção como o “Prāna” ou a força de vida da Índia. “Cante essas músicas como as suas boas-vindas à poderosa monção, em adoração e louvor de Parjanya, que põe a semente para a germinação”, afirma. O Parjanya Sukta diz: “ Então os ventos sopram. E o raio cai. Então, os brotos florescem e crescem. E os espaços transbordam. A terra se prepara para o bem-estar de todos. Quando Parjanya, o deus da chuva, protege a terra pelas águas! A comida brota abundante para todas as criaturas vivas quando Parjanya vivifica a terra com humidade!”.
A omnipresença da chuva continuou na literatura indiana ao longo dos séculos. O grande poeta sânscrito Kalidas (século VI d.C.) escreveu o Meghaduta, descrevendo as desgraças de um amante esperado da sua amada e de seu pedido para a”nuvem mensageira” levar a sua mensagem de amor. A Gītā Govinda, de Jayadeva (séc. XII) levou a presença poética da chuva na literatura a alturas mágicas, quando descreveu o encontro de Radha e Krishna, em noites de chuva, debaixo de uma cobertura.
Mais tarde, quando a formidável mistura Sufismo e o Movimento Bhakti envolveu a Índia, a corte de Akbar produziu a poesia de Swāmi Haridas, Surdas, Ramdas e Tansen, mais uma vez escrevendo músicas sobre Krishna e a chuva. A famosa canção Nisdin “Barasat barasata nin hamare, sada rahat pavas ritu hampar, jab se shyam sidhare” (Meus olhos não param de chover. Para mim é sempre monção desde que Krishna me deixou) é o grito do poeta cego. É dito que Tansen também trouxe a chuva cantando “Barso re couve badarava”. Mais tarde, Muhammad Shah (§) Rangeela (1719 – 1748) patrocinou dois músicos poetas – Sadarang e adrang – que compuseram milhares de músicas em louvor a Krishna e sobre a chuva em ragas como Megh, Malhar, Mian Ki Malhar e Sur Malhar.
O movimento literário espalhou-se pela Índia peninsular com Dnyaneshwar e outros poetas do Varkari Panth escrevendo belas canções sobre Krishna e a chuva. O Guru Granth Sahib também elogiou Krishna como a verdade absoluta da qual todos os elementos vêm. Ele contém uma bela pintura de Krishna soprando a concha para convidar à monção. Tulsidas escreveu, no seu famoso Ram Charit Manas, “ Ghana nabha barsat ghora, piyabin tarsat man mora”, para aludir à alegoria que, assim como toda a água da chuva que cai do céu corre para se fundir com o oceano, todos os seres vivos fluem finalmente para o brilhante lago da divindade. Meerabai, Kabir (§), Surdas, seu pai Ramdas, Tulsidas e outros poetas e santos da Idade Média escreveram músicas sobre a monção e sua rapsódia mágica sempre que quiseram expressar sua ânsia pela alma divina.
A rima do poeta moderno hindi, Rajiv Krishna Saxena, “jhim baras raha hai paani”, dá boas-vindas amorosas à chuva. Sarveshwer Dayal em Megh aaye bade ban than ke sanwar ke” compara às nuvens que se aproximam de um visitante retornando da cidade para a aldeia, depois de um ano distante. Rabindranath Tagore (§) escreveu: “As nuvens vêm flutuando sobre a minha vida, não é para trazer a chuva ou carregar a tempestade, mas para encher de cor o meu céu ao pôr-do-sol”.
A literatura popular não ficou muito atrás. Ao longo da história, cada comunidade, cada vila na índia, criou a sua própria literatura e poesia na língua local, e elas também estavam cheias de canções sobre a chuva. Hoje, existem orações especiais para o deus da chuva em todas as línguas da Índia.
  (... continua) 
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