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Antero de Quental

de Pedro Teixeira da Mota

em 18 Mai 2014

  (...anterior) Essa obra, que ia já em dois volumes, acabará por ser destruída restando apenas os títulos dos capítulos e o que foi publicando nos anos seguintes, ainda que autonomamente mas que facilmente deduzem estarem ligados ou fazerem parte da mesma tarefa de elucubração, difícil pela vastidão mas que se ia, algo inconscientemente, operando dentro de si, com todas as intermitências e dificuldades que os seus padecimentos de saúde lhe iam impondo.
Em 1873 morre o pai, com quem nunca teve grande relação, e é obrigado a partir para Ponta Delgada, onde inesperadamente adoece (ou se sente mais sujeito às astenias), começando um longo calvário de diagnósticos e tratamentos incorrectos (pois tanto poderia ser um estrangulamento do piloro, que lhe dificultava as digestões e o sono, como o seu temperamento algo neurasténico) que o vão diminuindo, e que, aliados a uma certa desilusão política e social, o fazem atravessar uma fase algo pessimista, aguçada em 1876 quando a sua mãe (§) Ana Guilhermina morre e o deixa a sofrer e a chorar durante algum tempo.

Com algum do dinheiro que recebe pode ir então até França e consultar o famoso médico Charcot, do qual dirá em carta: “Consultei o oráculo da filosofia e clínica do sistema nervoso, o grande Charcot, indivíduo, entre parênteses, que possui a cabeça mais inteligente que tenho visto até hoje.” Charcot considera que é o temperamento nervoso com algum tipo de hipersensibilidade ou mesmo histeria, e recomenda-lhe duches de água fria na coluna vertebral e assim irá para as termas de Belevue, nos arredores de Paris, onde tem um romance com uma baronesa francesa, também ela com problemas nervosos. A paixão forte que Antero sentiu foi segundo o seu maior biógrafo Bruno (§) Carreira, o segundo drama da sua vida, referido por João Machado Faria e Maia no In-Memoriam, e que teria levado quase ao suicídio Antero, que parece ter pensado em casar com essa Senhor C., dizendo Oliveira Martins que fora ele que o desarmara do intento de pôr fim à sua existência terrena.
Esta fase é ultrapassada a partir de 1880, altura em que as suas inquietações metafísicas começam a dar os primeiros frutos interiores de uma maior estabilização de compreensão e amor, realizando em si algo do sonhado “Budismo coroando um Helenismo”. É a época mais calma da sua vida que vai começar em Vila do Conde.

Em 1881, instalado então na sua Tebaida, em Vila do Conde, junto ao mar, vai aperfeiçoando os seus notáveis "Sonetos", na forma e no conteúdo, e que testemunham uma nítida evolução espiritual, embora tingidos por um certo niilismo.
Em 1883 publica para educar as suas duas filhas adoptivas Albertina e Beatriz o “Tesouro Poético da Infância” , o qual abre com um poema seu intitulado Fadas, do qual dissera já numa carta a Joaquim de Araújo: “Para mim, poeta de estilo rude e inspiração apocalíptica, foi um verdadeiro tour de force”. A mãe delas e viúva de Germano Meireles morre em 1885, com grande paciência e doçura, dizendo Antero que nunca a esquecerá. E fica sozinho com as duas pequenitas...
Nesse mesmo ano em carta a Jaime Batalha Reis anuncia a próxima saída do seu livro dos “Sonetos”, no qual o estudo que o precede de Oliveira Martins “diz de mais do Autor [ele], que não é sujeito para tanto, e diz de menos quanto à apreciação das minhas ideias filosóficas e religiosas que trata com pouco respeito. Mas, uma vez que assim pensa , assim se há-de imprimir. Você sabe que o Oliveira Martins desdenhou sempre da metafísica. Lastimemo-lo.”
Em 1886 saiem finalmente os Sonetos" que ficará como a sua obra-prima poética e que contudo ele sentia, como os seus amigos mais próximos que não testemunhavam toda a luminosidade a que ele chegara, e que só os últimos vinte e um sonetos davam sinais. Mas ficava como um registo autobiográfico do seu percurso, pensado, sentido e vivido, esperando ainda ele, já que sentia que o veio poético estava a secar, vir a escrever em prosa o que faltava de clarificação espiritual.
  (... continua) 
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