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Graça Divina

de Debabrata Sen Sharma

em 06 Fev 2023

  (...anterior) Poder-se-á perguntar: será que a afirmação da existência paralela da não-dualidade e da multiplicidade do mundo não envolverão uma contradição lógica? Os Shavācāryas Advaita respondem que não – dizem que, ao contrário dos Vedantinos Shankara, que baseiam a sua filosofia de não-dualismo na exclusão e negação de tudo no Brahman não dual (neti neti vāda), o conceito Advaita Shaiva envolve tudo e tudo inclui, ao mesmo tempo que dá espaço à existência de tudo no não-dual Um. Quando comparamos o conceito não dualista dos Vedantinos Shankara com aquele dos Shivaítas Advaita de Cachemira, vemos que o primeiro conceito é mais estreito e truncado, dado basear-se na negação de tudo, no Um não-dual.

Multiplicidade do Mundo


Os Shivaítas de Cachemira defendem que Samvid ou Parama Shiva, exercendo o seu divino Shakti, por eles chamado de “poder de liberdade divina”(svāntantrya shakti), graças à sua natureza sem restrições, assume a forma da multiplicidade do mundo, pela Sua própria volição, ou livre vontade (svecchā). Encontramos eco desta perspectiva até em Shruti, ou texto Védico, onde se diz, ”Eu sou Um-sem-Segundo, Eu serei muitos” (Eko’ham vahu syam). Quando Parama Shiva se manifesta como a multiplicidade do mundo pela Seu livre desejo, não cessa de ser o Senhor Supremo. Existe para sempre como Senhor Supremo.

Os Shivaítas de Cachemira usam várias metáforas para descrever a auto- manifestação do Supremo Senhor, que é o mundo. Defendem que esta auto-manifestação representa a Sua própria extensão sob a forma de Shakti (Sva Shakti sphara). A manifestação do mundo simboliza uma externalização de Seu Shakti (ucchalana) que já vibrava, inseparável, fundida consigo antes de Sua auto-revelação (unmesha) como mundo, e revelando a Sua divina glória como Senhor Supremo
Diz-se que o Senhor Supremo não pára de Se manifestar como universo, consistindo em trinta e seis níveis de criação, tecnicamente chamados de tattvas. Também aparece em cada um desses níveis, assumindo infinitas experiências limitadas de assuntos (pramāta), objectos de conhecimento (prameya) e de instrumentos (karana) para os compreender e apreciar.

Natarāja


Nos textos Shivaítas de Cachemira, o Senhor Supremo é descrito como Natarāja, que é creditado com a realização de três papéis simultâneos, o de actores, director do drama cósmico, e também de espectador testemunhando o drama cósmico. Tal acontece porque o Senhor Supremo é a única Realidade. A verdadeira razão para o drama cósmico ser estabelecido pelo Senhor Supremo reside no seu desejo de saborear a felicidade (ānanda) fora de Si, felicidade que já se encontrava dentro de Si. Esta ideia, de acordo com os escritores Shivaítas não é uma invenção de suas cabeças mas é corroborada também pelos praticantes espirituais depois de realizarem a sua natureza de Shiva. O mundo não desaparece da sua vista, transforma-se completamente da forma de matéria densa na subtil forma de shakti vibrante, como ondas de felicidade. Espontaneamente verbalizam a sua experiência – “Eu sou Shiva, o universo inteiro é apenas uma expressão da minha glória divina” (Sivo’ham sarvo’yam mamaiva vibhabah).

Tem sido afirmado nos textos Shivaítas de Cachemira que o Senhor Supremo desempenha sempre cinco tipos de funções devido ao facto de vibrar o Seu divino Shakti, a que se chama o poder da liberdade divina (svātantryashkti). As cinco funções são: nigraha (acto de auto-limitação), srishti (acto de auto-manifestação sob a forma de mundo), sthiti (acto de preservação do mundo manifestado), samhāra (acto de se retirar de Sua auto manifestação como mundo) e anugraha (acto de dispensação de Sua graça). Diz-se que Ele desempenha estas funções eternamente e numa ordem cíclica, por assim dizer.

Olhando pela perspectiva da Sua auto-manifestação como universo, o Seu acto de auto-limitação deverá ser visto como ponto inicial no ciclo de Suas funções (krityas).
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