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Sati – um exemplo

de Bhikkhu Dhammiko

em 16 Out 2014

  (...anterior) É neste último grupo de factores (Concentração – Samādhi) que a prática propriamente dita se intensifica mais com meditação, quando já conseguimos manter uma disciplina de Princípios na nossa vida, sensata e consistente. São estes factores o Empenho Certo, a Consciência (muito mais do que atenção) Certa e a Concentração Certa, este último tendo ainda como fim a promoção da própria Consciência (mais do que simples atenção).

Mas é mais no factor do Empenho Certo/Correcto, que vamos encontrar a chave para o movimento que vai quebrar a inércia, o torpor e a negligência para reconhecer e mudar hábitos e impulsos negativos. Para isto, tem que haver uma vontade dirigida que só a consciência - e não a mera atenção plena ou não plena – sabe dar. Daí a consciência ser capaz de mover montanhas pela vontade, coisa que só a atenção não é capaz de fazer.

Então, quando entramos no Satipatthana (As Quatro Fundações de Sati), percebemos qual é o factor motriz fundamental por detrás do crescimento ou desenvolvimento de mais Sati (Consciência). É o Empenho Certo, descrito pelo Buddha (§) no seu Ensinamento como os Quatro Grandes Esforços, 1 - o Esforço para Restringir (estados e sentimentos negativos); 2 – o Esforço para Abandonar (estados e sentimentos negativos); 3 – o Esforço para Cultivar (estados e sentimentos positivos); e 4 – o Esforço para Manter (estados e sentimentos positivos).
A grande diferença entre Consciência e Atenção no dialecto português, é que a Atenção não tem consciência, é puramente um factor neutro cognitivo da percepção física e sensorial humana, à mercê da própria vontade consciente, se é que esta existe. Portanto, a Atenção mesmo que plena, mesmo que total, não é mais que simples atenção. A Atenção é o que nos põe em contacto com a realidade física tanto exterior como interior no corpo.

O cerne de toda a prática espiritual, da chamada alquimia purificadora, implica o combate ao Ódio, à Cobiça (Ganância) e Ilusão (preconceito e juízo incorrecto) dentro do ser humano, não fora. Buddha enfatizou que o objectivo da aplicação da Atenção (manasikara) no sentido certo, com esforço certo, é a erradicação destes estados negativos. O fim ou o objectivo em si, não é simplesmente aplicarmos atenção. Tem que haver um escrutínio e uma directriz consciente, com o esforço certo, para minimizar a negatividade e aumentar estados saudáveis. E então aí, gera-se gradualmente mais Consciência, que por natureza é positiva.

Não é a Plena Atenção à volúpia que sinto por uma bela mulher que me vai ajudar a transcender o próprio apego à volúpia. Na maioria das vezes, quanto mais plena atenção se dá a algo, mais esse algo cresce e intensifica. Mais uma vez, a Atenção carece do factor consciente capaz de decidir, e inclusivamente capaz de perceber um problema, compreender algo ou ter uma inspiração súbita e mudar o rumo dos pensamentos e acontecimentos, precisamente porque não é a atenção que compreende. No entanto é com a atenção que se compreende. A Atenção é como um microscópio ou telescópio que nos conduz e amplia melhor um objecto ou situação física, mental, emocional ou filosófica que possamos observar e analisar, mas pode ser como um barco à deriva no Oceano com rumo errado prestes a naufragar. A mira telescópica de uma espingarda não serve propriamente a vida mas sim a morte. O mesmo acontece com a atenção mal dirigida, serve mais a "morte" (marati) que a "realidade imortal" (amarā). A ingenuidade e a maldade não existem por falta de Atenção, mas porque não houve experiência ou educação que pudesse enriquecer uma consciência e sabedoria maiores. Por isso muita gente com plena atenção no que está a fazer, ainda assim comete tantos disparates e maldades no mundo, senão não existiria tanta corrupção e miséria, precisamente porque têm plena atenção e até muita inteligência, mas não consciência espiritual do que estão a fazer. E para se realizar a Iluminação e o Nirvāna, é a mesma coisa, não basta só Atenção ou Plena Atenção, é preciso aquela diligência e cuidado que conduzem à boa Consciência.
  (... continua) 
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