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O Renascimento Oriental

de Douglas T. Mcgetchin

em 27 Nov 2014

  Em 1803, em Paris, o escritor alemão Friedrich Schlegel escreveu com excitação ao seu amigo Ludwig Tieck que a Índia antiga era a “ fonte de todas as línguas, de todo o pensamento… tudo vem da Índia.” Schlegel passou os cinco anos seguintes a estudar sânscrito e literatura indiana, publicando em 1808 Sobre a língua e sabedoria dos indianos. Neste livro tão influente, Schlegel apela ao que ele chamou de Renascimento Oriental: ´Atrevo-me a predizer que o estudo indiano, se for abraçado com igual energia (tal como o Renascimento Italiano)…provará grandeza e universalidade na sua ponderação nunca inferior, nem menos influente na esfera da inteligência europeia.’ Neste apelo de Schlegel criou-se a base da grande inspiração para a fundação da Indologia, e para o crescente interesse pela Índia, na Alemanha, a qual, se tornou um importante veículo de expansão deste conhecimento para outros países ocidentais. As ligações entre a Alemanha e a Índia foram especialmente significativas no rico período de florescimento cultural durante o Renascimento Oriental do séc. XIX.

A Influência Cultural da Índia na Alemanha


Tal como o Renascimento italiano surgiu quando os académicos ocidentais redescobriram as maravilhas da antiguidade clássica Greco-Romana, o Renascimento Oriental surgiu no séc. XIX, quando os académicos alemães e outros europeus redescobriram textos clássicos da antiguidade asiática, textos que influenciaram profundamente a cultura ocidental. O Renascimento Oriental influenciou a Alemanha particularmente de quatro formas: no Romantismo, na filosofia, na ciência linguística e na cultura alemã em geral. Cada uma destas manifestações vai demonstrar a influência significativa que a Índia e sua herança cultural tiveram na Alemanha e no Ocidente.
O Romantismo Alemão

A primeira área de influência da cultura indiana foi no Romantismo alemão. Foram os românticos alemães que, nos finais do séc. XVIII reconheceram as suas preocupações pela natureza, o sentimento e a transcendência religiosa na literatura da Índia antiga. Um primeiro trabalho de grande influência desta ligação foi a tradução de George Foster de Shakuntala de Kalidása (1791), a história de amor em sânscrito. Foster traduziu para o alemão a partir da edição inglesa publicada em Calcutá, em 1789, por Sir William Jones, fundador da Sociedade Asiática. Uma parte da peça apareceu no verão de 1790 no jornal de Friedrich Schiller Thalia, e Foster publicou-a na totalidade, por fim, em Maio de 1791 como Shakontala, oder der entscheidende Ring ( Shakuntala ou o Círculo Fatal).

A consagração de Shakuntala estendeu-se para lá da Inglaterra e da Alemanha. O francês Leonard de Chèzy, que era detentor da primeira cadeira de sânscrito na Europa (1815), sentiu-se inspirado a estudar sânscrito depois de ter lido Shankutala. Escreveu ‘Quem é que não leu ainda Shakuntala?’ e sobre Foster ‘Que inveja tenho dele!’. Na Alemanha, Johann Gottfried von Herder, Georg Forster, Friederich Schlegel, Wilhelm Humboldt, e até o grande vulto cultural Johann Wolfgang von Goethe (uma espécie de Rabindranath Tagore (§) da Alemanha), todos se interessaram pela literatura sânscrita, em grande parte devido a Shakuntala. Goethe viu na literatura poética, particularmente em Shakuntala, algo digno da sua maior admiração. Mencionou Shakuntala como ‘ a estrela (§) que torna a noite mais agradável que o dia’. ‘O prólogo no teatro’ de Shakuntala forneceu a ideia para o prólogo do Fausto de Goethe. Os primeiros românticos foram especialmente impressionados por Shakuntala. Novalis (Friederich von Hardenberg) e seus irmãos referiam-se a sua noiva, Sophie von Kühn, como ‘Shakuntala’.

Os filósofos alemães

Acrescido à influência do Romantismo, o Renascimento Oriental levou os filósofos alemães a estudar cuidadosamente a filosofia indiana, mas no sentido de intenções de oposição. Georg Hegel estudou a Índia para refutar a sua importância, deixando-a fora dos cânones da filosofia ocidental, enquanto Arthur Schopenhauer defendeu o pensamento indiano. Hegel examinou de perto novas informações disponíveis sobre a Índia, vindo a colocá-la, dentro da sua filosofia, num ponto de vista rudimentar e inferior. Hegel viu na Índia apenas um estádio primitivo na evolução do espírito da liberdade, ao longo das civilizações. Os pontos de vista críticos de Hegel reflectiram a incerteza dos estudos indianos dentro da Alemanha durante os anos de 1820, mas os seus pontos de vista deixaram um legado pernicioso que se estendeu, pelo menos, durante um século e meio, excluindo a filosofia indiana da Alemanha, e por consequência no ocidente, dos departamentos de filosofia. Esta atitude começou a mudar, quando os departamentos filosóficos começaram a adoptar as abordagens indianas à filosofia, tão longamente consideradas como religiosas pelas universidades ocidentais.
  (... continua) 


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