Homepage
Spiritus Site
Início A Fundação Contactos Mapa do Site
Introdução
Actividades
Agenda
Notícias
Loja
Directório
Pesquisa
Marco Histórico §
Guia de Sânscrito
NEW: English Texts
Religião e Filosofia
Saúde
Literatura Espiritual
Meditação
Arte
Vários temas
Mosteiro Budista
pág. 4 de 12
Uma conversa com amigos

de Ajahn Sumedho

em 27 Fev 2016

  (...anterior) A minha última memória dessa altura foi a de todos eles a dizerem-me adeus, e a de Ajahn Chah dizer, “ Bom, tenta voltar na próxima estação das chuvas”, e eu replicar, “ Não sei, veremos.”

De qualquer maneira, lá fui para aquele lugar na esperança de ter mais realizações, esplêndidas experiências como no primeiro ano, mas os seis meses que lá estive foram do pior, o tempo mais infeliz que já tinha vivido. Fiquei doente e todas as minhas tentativas de meditação falharam. Depois desenvolvi uma aversão obsessiva por um monge tailandês, não que ele merecesse isso, mas era uma espécie de loucura que sentia. Fiquei ainda mais doente, e tudo era um fracasso total. Por conseguinte, antes do Vāssa seguinte voltei para Ajahn Chah. O meu hábito estava em farrapos e eu, emaciado.

JK: Eu voltei para o ver. Era a estação quente e estavam uns cem graus, ou mais. Estava doente com um ar desgraçado e nem podia fazer a longa caminhada de subir e descer a montanha para a refeição, por isso punham-no naquela pequena cabana de colmo de um agricultor de arroz, no sopé da montanha. Ficava lá deitado com aquele calor abafado, e os aldeões vinham trazer-lhe a comida porque nem sequer podia mexer-se.

AS: Pensei que era o fim, sabe? Os aldeões eram muito boas pessoas, mas era uma situação muito primitiva. Não havia remédios, e decidiram trazer um médico num cavalo, que me deu uma injecção qualquer. A cabana era minúscula com tecto de chapa – e com o sol escaldante, sentia-me como a cozer num forno. A maior parte do tempo ali ficava a sentir pena de mim, ouvindo os aviões a passar, e pensando no meu amigo Robert que trabalhava como professor em Bangkok a ganhar imenso dinheiro. “Eu podia estar a ganhar tão bem e estou para aqui deitado na selva, e para quê?”, pensava eu atolando-me em autocomiseração. Mas de súbito vi – tive esta visão – que era eu quem estava a criar o sofrimento, e para aquela comiseração pensei, ”Pratica só ānāpānasati”. Sentei-me e concentrei-me na respiração e toda a autopiedade desapareceu. A seguir a minha respiração melhorou. Foi uma verdadeira realização, sabem, de tão poderoso que foi. Até ali tinha-me sentido profundamente infeliz, e só de usar ānāpānasati, magicamente tudo começou a melhorar.

RK: Qual foi a tua experiência, Jack, quando conheceste Ajahn Chah, pela primeira vez? Alguma vez pensaste que virias a ensinar?
JK: Era muito ingénuo quando fui para o mosteiro. Estava cheio de ideais - todos os ocidentais assim estavam. E eu tinha lido algo sobre Zen (§) e pensei ” Vou procurar um mestre Zen.” Uma das minhas primeiras impressões ao entrar em Wat Pah Pong foi do quão belo era o lugar. Os caminhos eram varridos, a floresta densa, e havia uma espécie de dignidade e decoro na forma como o mosteiro era gerido. Havia uma frescura – é só o que posso dizer – especialmente na estação quente. Ao entrar sentia ter encontrado um lugar onde tudo era relaxante, na melhor das formas. Foi essa a primeira impressão. Tive muita sorte porque tinha tido um bom treino da língua no Corpo da Paz, e, como tinha estudado Chinês antes, o Tailandês tornou-se muito fácil para mim. Daí, quando fui visitar Ajahn Chah, falava Tailandês razoavelmente bem, embora não conhecesse o Dharma Tailandês. Ele era tão inesperado e interessado – foi uma dos seres humanos mais interessados que conheci, ele e o Dalai Lama (§). Quando se está com o Dalai Lama sente-se que há alguém que nos está a dar atenção e cheio de interesse. Era a qualidade de Ajahn Chah. E vislumbrava-se nele uma centelha, mesmo que parecesse muito severo. Tinha uma boca enorme que, quando relaxava, descaía como a de um sapo, ou algo parecido. Podia até parecer muito severo, mas havia nele uma chispa. Era uma pessoa sábia porque sabia olhar e observar. Adorava observar os outros. E a seguir perguntava algo atingindo certeiro no alvo, ”Medo ou sofrimento?” Estão a ver, duas palavras, e de repente apercebíamo-nos de que ele já estava a ver o que nos ia acontecer.
  (... continua) 


[Pág. Anterior]  1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10 | 11 | 12  [Pág. Seguinte]
topo
questões ao autor sugerir imprimir pesquisa
 
 
Flor de Lótus
Copyright © 2004-2024, Fundação Maitreya ® Todos os direitos reservados.
Consulte os Termos de Utilização do Spiritus Site ®