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Em Especiais encontrarão temas que pela sua profundidade, merecem distinção e como tal são jóias preciosas para se guardar religiosamente no coração.

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O Incondicionado

de Ajahn Sumedho

em 26 Jun 2016

  As convenções religiosas têm as suas formas, as quais são precisamente convenções. Assim por exemplo, questões sobre os budistas não acreditarem em Deus é um dos casos, em que pode confundir-se e misturar convenções. Tal como diferentes linguagens são só convenções. Quanto à palavra “Deus”, o que é que isso quererá significar? O que acontece na generalidade é que a palavra “Deus” é usada como se as pessoas concordassem e pensassem todas da mesma maneira. O que é que se quererá dizer no contexto cristão ou no contexto judaico? “Deus” é a palavra utilizada. Mas no contexto budista por exemplo fala-se em ensinar deuses e homens, não é de ensinar Deus e os homens... deuses neste caso não equivale a Deus no sentido Cristão da palavra. No entanto, tudo isto são palavras que procedem de formas, onde existe uma concórdia de linguagem, principalmente, quando nos reportamos em termos de “desenvolvimento espiritual”, e assim misturamos tudo (religiões, crenças), gerando confusão. Portanto, ao ensinar dentro do contexto budista, deve-se ficar dentro da terminologia budista.

Ora, então já só temos Sexta e Sábado, e Domingo o retiro acaba.

Reflictamos então sobre o resultado do retiro até aqui, não em termos de “bom” ou “mau”, pois por vezes as pessoas dizem: “tive um mau retiro ou um bom retiro”. Mas mau retiro também é bom e se houvesse só bons retiros nunca se aprenderia nada.

Mas este Retiro não é sobre comparação de religiões, mas sobre meditação e de como saber usar a convenção budista.

Quer o Buddha (§), tenha acreditado ou não em “Deus”, esse nunca foi o tipo de abordagem que assumiu em relação à vida espiritual, mas fê-lo num contexto diferente, quase na direcção oposta, o que deu realce às “Quatro Nobre Verdades”. E estas não são verdades metafísicas, pois não se trata de tentar definir a “realidade última” ou até de usar termos para outros factores que não os negativos como o “Incondicional”, o “Incriado”, “Cessação”, “Nibbāna” (Nirvāna).

As religiões teístas por seu lado, geralmente começam muito mais por doutrinas metafísicas, “eu acredito em Deus”, contudo, no Budismo, pelo menos na Tradição Theravada, a preocupação é: “o sofrimento existe”, “a sua causa existe”, “a sua cessação existe” e “o caminho para a cessação do sofrimento existe”. Ou seja, toma a atitude inversa em oposição à religião teísta. Ora a “Primeira Nobre Verdade” é baseada numa experiência bastante comum e certamente que não é uma verdade metafísica, é uma realidade existencial, não é assim? O sofrimento é uma experiência comum a todos os seres humanos, todos os seres sencientes. E pondo isso dentro do contexto de uma “Nobre Verdade”, que nobreza é que se pode encontrar no sofrimento? A mim parece-me um facto maléfico, em termos da minha mente americana, o que eu quero é fugir disso, como é que nos livramos disso?

Como é que saímos dum determinado sofrimento? Então, esta abordagem do Buddha é, para compreendermos o sofrimento e como nós o criamos. Portanto, ao dar uma palestra, estou constantemente a apontar, a definir as coisas como são; a experiência existencial de sentar, respirar, sentir, de estar nesta forma sensível. Eu tenho estado num corpo humano, eu tenho estado consciente. Assim, não estou a dizer-vos o que deviam pensar sobre isto, mas a indicar e a encorajar para o despertar e a observar para serem mais conscientes. Isto é consciência, acordar para a realidade deste momento, assim tal como é, que inclui felicidade, sofrimento ou o que quer que seja, que estejam a experienciar agora mesmo.

A ênfase que se dá a toda a fenomenologia condicional é impermanente. E o “incondicionado”, o “incriado”, o “não-nascido”, o “não-originado” existe, logo existe também a saída para fora do “condicionado”, do “criado”, do “nascido”, do “originado”.

Ou seja, toda esta forma de ensinar, de indicar, de falar, não é para acreditarem, eu não estou a pedir para acreditarem no que digo, mas sim para observarem as condições - a maneira como é - conscientemente experimentando dentro da vossa forma humana, dentro da maneira como a vossa mente trabalha; das emoções que estão a ter, das energias, das experiências energéticas e, que podem estar a experienciar agora. E não é ajuizar se é bom ou mau, mas ser o que é, deste modo, este ser o que é, assim tal e qual como é.

O Buddha depois da sua Iluminação sempre se referiu a Si próprio como o “Tathāgata”, “Tathāta”, esta palavra “tathā” em Pāli significa “a integridade do que é” ou “aquilo tal qual é”, o “como é”. Ele não se referiu a Si, dizendo: “Eu costumava ser o Príncipe Siddhārtta e o meu Pai era um Rei, a minha Mãe (§) era uma Rainha. Frequentei as melhores escolas, casei, tive um filho e depois deixei-os, quando optei por ser asceta por seis anos, onde me vi na futilidade de me maltratar e, quando me sentei debaixo de uma árvore tornei-me iluminado”. Aquilo que é o agora, “tathāta”, “tathāgata” é “assim se torna Um que é o agora”, é como uma referência, aquilo que é presente.
  (... continua) 


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