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Por fora e por dentro
de Ajahn Jayasaro
em 14 Mar 2019
(...anterior) Curiosamente as expressões populares adoptam algo semelhante ao “it”, o que neste caso seia a expressão “ele hoje chove” ou “ele vai chover”.
Se não existe o eu, afinal o que é renascer? (43)
Os ensinamentos do “não-eu” apontam para o facto de que as coisas existem como um processo, mais do que como objectos distintos. Uma vela fornece a analogia tradicional para ilustrar a relação entre o “não-eu” e o renascimento. Aquilo a que chamamos a chama de uma vela não é, em si, uma coisa, mas a expressão da relação da ligação temporal entre o pavio da vela e o oxigénio. Se uma vela for acesa a partir de outra, é apenas convencionalmente verdade dizer que uma coisa chamada chama migrou de uma vela para outra; efectivamente, um processo foi mantido com o fornecimento de um novo material de base. Da mesma forma, não existe algo chamado “eu” que tenha renascido pela morte de um corpo, mas trata-se antes de um processo que se manifesta de uma forma nova e ajustada.
Se não existe o “eu”, como é que se pode responsabilizar as pessoas pelas suas acções? (44)
O Budismo faz uma distinção entre a realidade e a convenção social. A ideia do eu é reconhecida como sendo um elemento da vida social muito útil, até mesmo indispensável. Em conversas, os mestres iluminados usam os termos ”eu” e “tu” de uma forma normal e respondem por um nome. A diferença é que eles reconhecem a convenção como sendo uma convenção, e não confundem isso com a realidade última.
A maioria dos ensinamentos budistas lida com a vida sob uma perspectiva convencional. O papel principal é dado à responsabilidade pessoal. No Dhammapada (§) o Buda afirma:
Na verdade cada um é o refúgio de si mesmo;
Quem mais poderia ser o refúgio de cada um?
Uma vez completamente dominado o seu eu,
Obtém-se um refúgio, que dificilmente haverá melhor.
Tradução de Helena Gallis
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