Os mais de quinhentos anos da chegada ao Oriente e à Índia têm sido sentidos, pensados e visualizados de modos tão diversos que certamente é difícil não só fazer-se uma apreciação correcta dos aspectos positivos e negativos como uma síntese do que melhor se realizou e investigou e como tal taça poderia frutificar ainda mais... A riqueza deste encontro é de facto tão extensa e intensa que, por mais que se publiquem obras de elogio ou que algumas pessoas realcem os aspectos de exploração e violência, sempre emergirão novos aspectos ou desafios da frutuosa relação, não só as investigações do passado, como sobretudo germinações sinais nos dias de hoje, e bem visíveis em pessoas e livros, tendências e dinâmicas sociais, nomeadamente na espiritualidade ou no activismo ecológico e da sustentabilidade...
Jesus, Buddha e muitos outros seres que arrastaram multidões através da palavra incentivaram ao Divino, na medida em que O realizaram. Como ícones de relação com a Divindade, Eles têm perdurado séculos, milhares de anos e em todas as civilizações até as mais antigas, místicos e heróis deixaram esse testemunho. Processando-se a evolução por ciclos, quando há necessidade da humanidade levar mais um avanço humano e espiritual surge, então, mais um ser que vem dar o exemplo dessa ligação, seja chamado, Buddha, Messias, Jivamukta, Avatāra ou Kevalin, que são apenas designações para reconhecer seres evoluídos ou iluminados. Esses seres especiais que personificaram o Divino vieram cumprir um determinado ciclo. Estamos hoje, numa época de grande expansão espiritual e, caso seja esta energia bem aproveitada, podemos atingir um grau significativo de Inteligência – Consciência, numa etapa que, dará seguramente, uma lembrança mais nítida da nossa filiação divina.
As próprias palavras “Existência Absoluta” descrevem que a única entidade real que existe no universo é a Consciência, só, e nada mais que a Consciência. Todas as outras coisas são criadas pela Consciência, usando-A como único ingrediente. A Consciência cria o universo físico só para Seu único deleite. A Consciência estava só e sentia-se aborrecida, como seria de esperar, da Sua existência solitária. Então, dividiu-Se em dois. Uma parte ficou como antes – nunca mudando, eterno Observador, Pura Consciência, para lá do tempo e do espaço. Usando os desejos criativos de Pura Consciência, a segunda metade cria o universo físico em permanente mudança, consistindo de tempo, espaço e “Sopa Quântica”. A segunda metade, que cria o universo físico é chamada de “Consciência Universal”.
A Consciência é a única entidade do universo não sujeita a mudanças pelo tempo ou pelo espaço e existe para lá do espaço e do tempo. A Consciência reside no eterno Presente e numa divisão não confinada por qualquer tipo de parede. Os antigos cientistas indianos descreviam a Consciência como “ Existência Absoluta”, “Conhecimento Absoluto e “Felicidade Absoluta”. Todas as formas de energias (algumas já são conhecidas por nós, outras há que ainda estão por conhecer) do universo são criadas pela Consciência usando a Si Própria como único ingrediente. A Consciência é a Criadora de todas a s formas de energias e, ao mesmo tempo, é o único ingrediente usado na criação de todas as energias. Sabemos que a matéria não é mais do que a condensação de energias; (de acordo com a famosa equação de Albert Einstein: E=mc2 em que “E” significa Energia, “M” significa Massa ou Matéria, e “C” designa Velocidade da Luz); e todas estas energias são criadas pela Própria Consciência. A matéria da caneta que seguro para escrever neste momento, é uma mera condensação de quanta de diversas formas de energia criadas pela Consciência. Tal como a anti matéria é igualmente uma mera condensação de energias. Quando a matéria reage com anti matéria, ambas regressam aos quanta de energias.
É de reflexão interior inspirada este trabalho. Não pretendo apresentar verdades absolutas, mas sim proporcionar referenciais para reflexão. Entretanto sugiro a leitura meditativa dos meus livros, que poderão contribuir para uma maior abertura à Consciência Cósmica. Também é um trabalho conciso, porque se desse demasiadas explicações científicas ou esquematizasse muito o texto ele perderia o impacto invocador duma ressonância mais espiritual. O que interessa é compreender que há realidades no mundo subjectivo ou imaterial do Espírito que podem ser explicadas cientificamente para entendimento do homem, mas que não se chega a tal compreensão correcta se não se tiver desenvolvido anteriormente a Consciência-Inteligência, sem a qual não se podem desvendar os véus mais profundos da Existência. Ao tentar explicar científica e espiritualmente certos mistérios do Cosmos, arriscamo-nos ainda assim a usar termos e conceitos enraizados e incorrectamente mantidos pelos homens.Com efeito, se os grandes enigmas do Universo podem-se desvendar ao místico, também a experiência mística poderá ser revelada em termos científicos. Basta encontrarem-se as descrições e definições certas e claras das dimensões elevadas nas quais se vive e que são parte da Realidade Espiritual, mas que é também Realidade Inteligente. Eis os objectivos deste trabalho.