No tempo do Buda, na Índia, era comum os indivíduos deambularem pelas montanhas, planícies e vilas em busca de locais com reclusão suficiente para a sua prática espiritual solitária. Muitas vezes, ao saber da existência desses renunciantes, as populações ajudavam-nos na sua subsistência de forma a que eles se pudessem entregar totalmente às suas práticas espirituais. Por vezes, ao verem que um destes seres havia desenvolvido muita sabedoria, buscavam-no em busca de respostas para as suas questões existenciais. Assim criava-se uma harmonia sustentável entre o renunciante e as populações locais. Também eram muitos, aqueles que ao verem um ser sábio, o queriam seguir e com ele aprender a chave para a libertação da roda da vida e da morte.
A ideia inicial desta caminhada foi, como já havia referido, de Alex. Este caminho foi não só uma peregrinação com os monges mas também uma investigação pessoal, realizada pelo próprio. Assim, após a primeira parte da jornada, que culminou no Centro de Retiros Sunyata, eu e o Samanera Thanavaro voltámos para Inglaterra. Uma das razões do nosso regresso tinha a ver com o facto de Luang Por Liam e Luang Por Anek estarem a visitar Amaravati (o mosteiro onde actualmente residimos) durante este período. Sendo Luang Por Liam o sucessor de Luang Por Chah, esta era uma oportunidade única de conhecer e estar na presença deste mestre de meditação, que tanta gente tem inspirado.
Assim, espera-se que os nossos “pioneiros” cheguem a Lisboa por volta do dia 18 de Julho, onde irão então determinar o Vassa, período que corresponde à época das chuvas na Ásia e durante o qual é tradição os monges permanecerem fixos num determinado local. Este ano o Vassa começa no início de Agosto, estendendo-se até finais de Outubro.Dar-se-á assim início à presença do Sangha residente em Portugal...
Tudong é uma das práticas que os monges budista da tradição Theravada Tailandesa da Floresta costumam e são encorajados a realizar. O 'verdadeiro Tudong' é aquele que é praticado 'em fé'. Quer isto dizer que, relativamente ao sustento, os monges ficam completamente à mercê da generosidade alheia, por parte das povoações por onde eventualmente passarem com a sua gamela. Visto os monges não poderem guardar (ou transportar) comida de um dia para o outro, não poderem cultivar e nem apanhar frutas das àrvores ou bagas silvestres, se não forem acompanhados por leigos que se tenham predisposto a ajudá-los na sua caminhada, ficarão à mercê de quem tenha a curiosidade ou o interesse de lhes perguntar o que fazem, e a generosidade de lhes oferecer algo para comer (visto, é claro, os monges também não possuirem dinheiro para 'ir à loja'!).
Foi-me recomendado um livro acerca de plasticidade cerebral: como funciona o cérebro, como se organiza, como acontece o processo de aprendizagem nos seres humanos, como ocorrem as sinapses neuronais, como é possível mudar…. Como sabem, durante muito tempo pensava-se que o cérebro era uma espécie de mapa fixo e que as ligações neuronais uma vez estabelecidas nunca se alteravam. Recentemente têm sido realizados estudos que demonstram o quão flexível o cérebro é, sendo inclusive possível evitar doenças como Alzheimer e outros problemas relacionados com o envelhecimento, através de dedicação e aprendizagem persistentes e consistentes. Uma das recomendações é, por exemplo, aprender uma nova linguagem.