Somos ensinados desde pequenos a cumprir um conjunto de regras, de acordo com convenções e conveniências familiares e sociais. Tendo maior ou menor facilidade de nos ajustar a esse “pacote”, lá nos vamos encolhendo, esticando, esfarelando aqui ou acolá, enfim, adaptando às situações. A “coisa” começa a complicar quando, por mais que ginastiquemos, não nos conseguimos enfiar no dito pacote. Somos então levados, muitas vezes, a fazer esforços superiores às nossas capacidades, perdendo a flexibilidade da infância e adquirindo rigidez na nossa postura. Algures, um pedaço de nós está a começar a partir.
A negligência para com a vida espiritual é a causa da depressão de muitas pessoas (milhares em Portugal) que não sabem o que as faz entristecer e ansiar por alguma coisa desconhecida. Infelizmente, nestes casos a maioria das pessoas refugia-se nos medicamentos como se tratasse de uma doença, onde então se justifica a falha na responsabilidade dos próprios males, que no entanto podem apenas resultar de “desvios” ao destino mais espiritual. Segundo estudos a depressão atinge especialmente indivíduos a partir dos 42 anos – é natural – já se passou metade da vida e nem sempre da forma que se esperava, onde se sofreram já muitas desilusões devido à falta de correspondência com as expectativas.
Analisando o significado da palavra rebelde num dicionário, ficamos a saber que rebelde provém do castelhano, é um adjetivo e se atribui à pessoa que se revolta ou que faz oposição, áquele que é insurgente, indomável e teimoso, podendo igualmente referir-se a um desertor. Na medicina, refere-se ao que é difícil de se curar.Rebeldes são também os que se opõem frontalmente à ordem estabelecida, organizando-se em movimentos sociais e políticos que fazem eclodir revoluções, ou que se revoltam de forma não planeada, dando origem a desacatos e motins. De um modo geral, a rebeldia origina uma espiral de excitação, barulho, confusão e culmina, frequentes vezes, em violência.
Todos aqueles que aceitam participar num Retiro de Meditação acabam por tomar uma decisão importante: olhar para o seu próprio interior. Cada um ao fazer esta escolha, está a ser responsavelmente consciente pela sua própria vida espiritual. A oportunidade de olhar para si mesmo contribuirá para que flua internamente mais amor e se estabeleça uma corrente forte de ligação superior, ao Divino. Somente desta ligação que parte do interior de cada um, pode então irradiar o Amor incondicional sem qualquer esforço ou preocupação em direccioná-lo para alguém em especial, pois fluirá entre todos. Aqui deixa de ser um amor exclusivamente humano, apenas amando o próximo, mas o eterno, perene, incondicional, que abarca tudo.
Eis a frase que ecoava em mim, após a conferência de Carmelo Samonà, em Lisboa, por altura dos “Encontros da Antroposofia”. De que profundezas da alma oceânica provém este verso?... Iniciei a pesquisa pela “Mensagem”, uma vez que a memória já me atraiçoa. Nada!... Continuei com Pessoa, pelo que passei o “Cancioneiro” a pente fino. Nada, vezes nada. Só mais tarde, aproei no verso similar de Camões, em “Os Lusíadas” (Canto III, estrofe 20).