Fundação Maitreya
 
A Escrita

de Maria Ferreira da Silva

em 29 Abr 2022

  A escrita, a poderosa ferramenta que o ser humano tem para expressar o pensamento, eternizando-o. A intimidade do autor com o pensamento, com a ideia, com a palavra é o que fica como a sua imortalidade. A mente “desenhadora” do pensamento, define-se como a faculdade de deduzir e racionalizar de forma lógica, representando o eixo da estrutura humana; o centro sobre o qual assenta a parte espiritual e material.

A palavra construtiva, quer falada quer escrita, quando sublimada pode, não só desencadear movimentos em espiral tocando aspectos físicos e etéricos beneficiando a humanidade à paz e à harmonia, como também pode curar, seja através do som, tal a música, bem como, mantras e evocações.

No aspecto inverso, a palavra pode ser usada negativamente, apelando ao ódio, à violência, aos desacatos, forças contrárias ao bem comum, tal como o fazem os Magos da Senda Esquerda, ou Magos Negros (designação ocultista, que nada tem a ver com política ou racismo), que se comprazem com o mal, empregando os seus poderes para fins egoístas, podendo levar a extremos materialistas e à demência, desvitalizando-se a si próprios e às suas vítimas.

AUM é a Palavra Sagrada, segundo o Hinduísmo, que entoada desde o início da manifestação do Cosmos ressoa e persiste interpenetrando sistemas solares, constelações e galáxias. Diferenciadas, cada letra ecoa no tempo e espaço multiplicando-se em vários sons, que dominam e designam variados aspectos da evolução humana, como um princípio inteligente. Esta conjugação de vibração sonora, atrai a matéria entre si na construção das formas, cujas letras são conjugadas pelos “Construtores, divinos ou devas”.

Os Seres que assistem à evolução universal e concretamente à planetária, impulsionam a humanidade a desenvolver a autoconsciência e a saber usar as forças da natureza com o objetivo de vitalizar a actividade do próprio planeta e dos entes individuais que o compõem, no seu desenvolvimento mental e espiritual. Sendo na mente que se processam as ideias, a palavra, seja expressa pela fala, seja pela escrita, são meios de autoafirmação no conhecimento de si mesmo, pois cada palavra empregue com clareza e objectividade desencadeia vibrações que influencia multiplanos em toda a existência, pois tudo na natureza vibra em uníssono, que até os pássaros ouvem e sentem.

Com a escrita aprendi muitos “sabores” desde a coordenação de ideias que podem jorrar em catadupas apressando a caneta, à emersão da palavra adequada, no sentido de encontrar um pensamento mais directo e objectivo que possa catalizar os outros à compreensão. O refinar ou sublimar passa pela ideia abstrata ou mais condensada, mas que transporta a luz da compreensão para o leitor, do que antes não entendia. Os aforismos, por ex., são uma forma condensada de ideias, que conjugadas em breves palavras, surtem efeito de ressonância de cuja vibração pode surgir a compreensão.

O poder da escrita está na luz mental que irradia da pureza de ideias e ideais do autor definindo de forma concreta e directamente sobre o que quer explicar ou narrar, não se enredando em alusões filosóficas que podem não ter efeito algum na compreensão. Ideias nublosas não permeiam boa leitura, nem qualquer efeito prático e benéfico para quem as lê. As palavras certeiras à mente e directas ao coração dependem da sublimação do autor, do seu poder de realização espiritual, onde não procura influenciar pela emoção sentimentalista, mas pelo lado natural da elevação do pensamento, que resulta da emanação espiritual, de onde sem esforço, brota a escrita.

Na biblioteca mundial temos sempre as portas abertas para aceder aos livros mais emblemáticos de qualquer quadrante, que fizeram parte de inúmeras civilizações e, cujos autores são ainda hoje glorificados, quer tenham escrito eles próprios as suas obras, quer o tenham feito os seus seguidores, deixando-nos um enorme legado. Um livro é uma preciosidade registado intemporalmente. Glorifiquemos a Escrita.
   


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