Fundação Maitreya
 
Meditar

de Maria Ferreira da Silva

em 10 Jun 2022

  A meditação concede ao praticante a capacidade de dirigir a sua energia por um acto de vontade e agir construtivamente. É uma forma poderosa de absorver a sua própria atenção mentalmente para um objectivo que é o domínio de toda a energia quer física, quer espiritual. Através da meditação, pode libertar-se das ataduras dos sentidos e da sua própria vibração mais negativa para aceder a energias positivas e, gradualmente, obter a consciência do seu verdadeiro, Eu. Pode, desta forma penetrar em planos de maior dimensão espiritual e assim vir a libertar-se do seu eu de personalidade mais controlador.

É nesta realização pessoal que gradualmente se vai compreendendo como a meditação é fundamental, construindo então o seu próprio apelo interior de meditar, tornando-se num caminho muito íntimo de realização espiritual, livre, independente de doutrinas ou religiões, porque o seu centro interior encontrou o aprumo que lhe confere a capacidade de efectuar, a sua ligação divina ou a Unidade.

Só neste eixo e de forma consciente se constrói o seu verdadeiro caminho e tal como Cristo dizia: “Eu Sou o Caminho e a Vida”.

Com a prática desenvolve-se certo grau de desenvolvimento mental e espiritual que começa a ser forte e conscientemente influenciado por distintos tipos de forças e energias, integrando-se cada vez mais no seu ambiente etérico ou espiritual produzindo, assim resultados significativos no desenvolvimento, como também noutros seres e da vida terrena, no serviço ao mundo como um todo.

Alguns e porque está em moda a meditação, usam este termo, abusivamente, para mostrar aos outros que são muito espirituais, mas essa prática fica muitas vezes pela intenção verbal, sobressaindo a superficialidade. Outros utilizam a prática com o sentido apenas de obter paz, porém, o objectivo concreto e profundo deste método, nunca será alcançável no seu entendimento, se o seu valor ficar reduzido a algo mecânico, vazio de qualquer sentido mais elevado que é a sua componente espiritual e mesmo religiosa. Sem este elo de ligação ao divino, a meditação é apenas um acto meramente intencional, egoico e desprovido de qualquer sentido elevado, onde ficam gorados todos os objectivos, sem que tenha exercido qualquer influência espiritual.

A meditação insere-se em ensinamentos que provêm da Índia e que engloba em qualquer doutrina, métodos e práticas preliminares, como o exercício físico, que são os āsanas, a correcta respiração e fundamentalmente a concentração, sem a qual nunca será possível meditar.

Só tendo um obejctivo elevado se consegue a tão almejada paz pelo domínio mental que é subjacente à prática, a qual também exerce a transmutação interior, ou seja, gradualmente “intromete-se”, sub-repticiamente, na auto-transformação, não só do caracter de personalidade, como psíquica e espiritualmente, influenciando todo o aperfeiçoamento e desperta ou acrescenta maior devoção, mais inteligência e clareza mental.

A manipulação mental, que infelizmente subsiste ainda em muitos seres é o resultado da própria distorção mental ou cognitiva, que poderosamente integra grande percentagem da humanidade. Infelizmente, muitos usam a manipulação - muitos ainda de forma inconsciente pela falta de evolução espiritual – porque está tão integrada nos hábitos mentais e sociais que se acha natural. Mas tal atitude é falta de consciência espiritual e que afecta muitas pessoas, que mesmo quem já tenha ultrapassado este hábito ou atitude é enredado nesta artimanha, porque a grande batalha humana, de facto, passa-se ao nível mental. A meditação na sua essência ajuda a ultrapassar e a sublimar estes defeitos ou obstáculos de personalidade.

A verdadeira meditação, a que passa por direcionar a mente para Deus tem efeitos de transmutação interna, porque de facto a meditação só tem este objectivo; integrar-se na Unidade de forma inteligente e consciente e não por fé cega. A meditação praticada por este motivo desencadeia movimentos cognitivos que aumenta as ligações cerebrais, que capacita de forma exponencial ao entendimento e contribui então, para o evoluir espiritual. Deste modo, as perspectivas do viver, gradualmente vão fazendo a diferença entre o antes e o agora, transfigurando, verdadeiramente a pessoa.

Os “códigos” da evolução humana e espiritual estão no cérebro, por isso uma mente equilibrada depende da forma como o cérebro é usado, o qual, tem tal plasticidade que podemos de facto, ao longo de uma vida melhorar inteligentemente a nossa peregrinação pela Terra. Isto sim, é independência, livre arbítrio e inteligência que são valores ganhos para usufruirmos o melhor que pudermos, mas também dá a grande responsabilidade de assumirmos a própria vida. Infelizmente, muitos preferem a vitimização constante para fugir a esta responsabilidade fazendo e dizendo tudo o que lhes apetece, sem medir as consequências. Não basta só falar de espiritualidade é preciso praticá-la e no objectivo certo.

Meditar não representa um escape à vida, pelo contrário reforça-a na vontade de viver, consciente e presentemente, que simultaneamente desenvolve o amor incondicional.
   


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Impresso em 19/4/2024 às 14:40

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