Fundação Maitreya
 
Israel e Palestina

de Lubélia Travassos

em 18 Out 2023

  Falar sobre a problemática do Conflito no Médio Oriente, envolvendo Israel, Palestina, Líbano e países Árabes vizinhos é, sem dúvida, uma questão muito melindrosa e difícil de compreender e comentar. Muito se discute e especula sobre este conflito, que já dura há muito entre Israel e Palestina, tendo agora se alargado, novamente, à Faixa de Gaza e ao Sul do Líbano, que esteve aparentemente adormecido, por algum tempo, e que voltou outra vez, à carga, com força, pelos ataques do Hamas e do Hezbollah. Este Conflito, quer seja com o Hamas, na Faixa de Gaza, ou com o Hezbollah, no Sul do Líbano, ou com os mal-entendidos com os países vizinhos, enquadra-se sempre no mesmo problema, a luta de Israel contra as forças político/militares terroristas. Israel, que tem todo o direito de se defender das forças muçulmanas agressoras, tem estado sempre alerta e armado até aos dentes, com todas as espécies de armas, visto estar submetido a ameaças permanentes, quando gostaria de viver em paz. Porém, a sua luta não é contra os países vizinhos propriamente ditos, mas contra os ataques das forças terroristas que se encontram infiltradas e procuraram refúgio naqueles países que confinam com Israel, numa atitude cobarde e enganadora, procurando passar a mensagem de irmãos e heróis seus defensores.

A Problemática do Conflito de Israel e Palestina

Cenário actual do Conflito

Todavia, a maior força responsável por todos os males, embora camuflada, vem do Irão, embora o seu governo diga que só procura a paz. Infelizmente, este conflito tomou tais proporções, ao ponto de se transformar numa guerra inglória e interminável, onde ninguém sai a ganhar. Pelo contrário, todos ficam a perder, não só as partes participantes, como, ainda pior, os habitantes das zonas atingidas que nada têm a ver com o mesmo, e que têm sofrido atrocidades.
O Irão, antiga Pérsia, gozava, nos tempos áureos, de uma cultura auspiciosa, cuja civilização se diferenciava da muçulmana, mas que, infelizmente, se foi degradando, não só com o tempo, mas também devido à introdução, em força, dos muçulmanos, que forçaram a deposição do Xá. Tornou-se, então, a partir daí, numa cultura Islamita fundamentalista, fechada, de retrocesso, apoiante das principais forças terroristas, que se têm infiltrado nos países à volta de Israel, com o fim de destruí-lo e expulsar o povo Sionista. Ao procurarem refúgio entre o povo Palestino e Libanês, as ditas forças militares terroristas, recebem, também, ajudas deles e de outras forças políticas, a quem servem na sua ignorância, na fomentação de uma guerra de interesses. Estas forças têm-se armado em irmãos e paladinos, salvadores do povo, ao incutir-lhes uma ideia falsa de ajuda e libertação que nem a eles convence, contribuindo para um ambiente de terror e ódio, não só para com Israel, mas também pelo mundo Ocidental. Sentem-se os portadores da verdade, e não olham a meios para, no nome da política religiosa deturpada, ostentando o nome de Deus “Allah”, usarem de todo o tipo de violência, ataques e guerra, mal denominada, “santa”, com o único objectivo de aterrorizar e dominar o mundo, dando lugar a um processo involutivo entre os povos em vez da luta pelo progresso e evolução do mundo em geral.
Não pretendo, com a minha opinião, entrar em pormenores do conflito, que já é do domínio público, pelo menos na versão que nos chega através da comunicação social, nem é minha intenção tirar parte por Israel, que também tem, às vezes, exagerado na defensiva e ofensiva. Permito-me, no entanto, verificar que o uso da força por parte de Israel, tem sido no aspecto defensivo, visando acabar com os ataques terroristas a que têm sido submetidos, pois pretendem viver em paz com os outros povos. É, no entanto, preciso salientar que esta ofensiva não é contra o país vizinho, mas sim para pôr termo ao terrorismo que se encontra infiltrado, tanto no sul do Líbano, como na Faixa de Gaza, no Estado Palestino.

Constata-se, contudo, que dificilmente conseguirão alcançar a paz tão desejada, nem conseguirão acabar com o terrorismo, que continua a proliferar cada vez mais, e a criar, além disso, um estado de mal-estar e ódio entre os outros países vizinhos, e na comunidade internacional. A violência e a guerra têm-se tornado, infelizmente, no presente, tal como aconteceu no passado, num ciclo vicioso, com a predominância do ataque e do contra-ataque, até à destruição total, sem olhar a meios. São estas as armas e a forma errada que o homem pouco evoluído utiliza para se defender, visto que, ainda, não lhe foi possível descobrir, no seu íntimo, a verdadeira espiritualidade, de que a violência nunca poderá ser combatida na mesma moeda. As forças do mal usadas são, exactamente, as mesmas, e não se vislumbra que alguma vez tenham fim. A destruição e o massacre dos povos têm sido uma constante e um perigo, que têm afectado não só os participantes, mas também todos os observadores, e voluntários que se juntam na defesa de uns e na luta contra os outros, e cujas proporções de cegueira e ódio poderão levar a uma guerra mundial catastrófica, num futuro muito próximo. Na verdade, a conclusão da guerra em todo o Médio Oriente, segundo uma perspectiva espiritual, não será por intermédio dos homens, mas sim pela interferência divina. Como se processará esta conclusão? Teremos que aguardar pelos sinais.

Regresso ao passado

Os conflitos entre esses povos já vêm de um passado remoto, e é, na verdade, um problema demasiado complexo para se expor numa breve abordagem, atendendo a que, para além das lutas político-religiosas e diferenças culturais entre aqueles povos, existem, também, muitos interesses, que as tornam intermináveis. Assim, para uma melhor compreensão da origem problemática desses povos, teremos de retroceder aos seus primórdios, segundo o que nos dizem os registos ocultos da Sabedoria Antiga, isto é, ao princípio da Raça Ariana, a nossa actual quinta Raça Raiz, cuja 1.ª Sub-Raça, a Hindu, foi o tronco principal das cinco sub-raças da humanidade que já viram a luz do seu processo evolutivo na Terra.

A Quinta Raça Raiz, a Ariana, formou-se através do isolamento de uma tribo da quinta sub-Raça branca, da Quarta raça Raiz, denominada a raça da cor da lua, que habitavam as montanhas setentrionais da Ilha de Ruta, do antigo Continente da Atlântida. Era uma raça de montanheses, e os seus mais genuínos representantes são actualmente os “cabildas” das Montanhas do Atlas. A sua religião diferia da dos “Toltecas” da planície, aproveitando o Manu Vaivasvata essa circunstância, para isolar aquela sub-Raça. O Bodhisattva, seu irmão, que mais tarde seria o futuro Buda Gautama, fundou uma nova religião, e as pessoas que a aceitavam ficavam segregadas e proibidas de se separarem para casar com as demais tribos, a fim de serem preparadas a formarem uma nova Raça.

Os discípulos do Bodhisattva partiram para outras terras e levaram uns tantos prosélitos que, mais tarde, se incorporaram no grupo principal. Foi-lhes dito que a partir de uma certa altura teriam de emigrar para uma terra muito longínqua, que seria “a terra prometida”, e que estariam sob o governo de um Rei que não conheciam fisicamente. Deveriam manter-se, então, em estado de preparação para o advento do Ser sublime que haveria de guiá-los para uma paragem segura, onde se poderiam refugiar da futura catástrofe que, supostamente, se deu no ano 75.025 a.C. Contudo, a causa principal e imediata dessa emigração foi aquela sub-raça estar na iminência de cair sob o domínio do Imperador Tenebroso que então governava a Atlântida, antes do penúltimo dilúvio.

Alguns milhares de anos antes daquele dilúvio, o Manu (Criador, Pai, Instrutor da Raça Humana) reuniu todo o grupo daquela sub-Raça, no litoral, que rondava umas nove mil pessoas, incluindo homens, mulheres e crianças e, ao qual também se juntaram, alguns Sumérios e Toltecas, os melhores das suas respectivas sub-raças. Navegaram através do mar que é agora o “Sahara” numa frota de barcos toscos, que empreenderam várias viagens até conseguirem transportar todas as pessoas e provisões. Prosseguiram depois a pé, pelo Sul do Egipto até à Arábia, onde permaneceram algum tempo. Entretanto, no seu percurso para a Arábia, e na passagem pelo Egipto, onde, naquela época, dominavam os Atlantes, seus conquistadores, e florescia uma grande civilização Tolteca, aqueles emigrantes, ao passarem pelas suas fronteiras, foram seduzidos pelo monarca egípcio para permanecerem no seu país. Alguns dos emigrantes sucumbiram à tentação e ficaram no baixo Egipto, desrespeitando as ordens do Manu, tornando-se mais tarde escravos dos Toltecas ainda dominantes no Egipto.

Porém, os restantes conseguiram chegar à Arábia, pelo caminho que hoje é o Canal do Suez, e ali se estabeleceram em grupos nos diversos vales dos grandes planaltos Árabes. Alguns não gostaram da nova terra e prepararam-se para atacar os desertores, que se tinham estabelecido no Egipto, envolvendo-se em batalhas com os Egípcios, devido ao seu fanatismo e foram, desta forma, completamente exterminados. Após o sucedido, os restantes colonos conseguiram desfrutar de algum tempo de paz, ocupados no cultivo dos seus vales.

Entretanto, os seleccionados da quinta sub-raça Atlante cresceram e multiplicaram-se, tornando-se numa grande nação. Ficaram, contudo, isolados do resto do mundo por um cinturão de areia, que só podia ser atravessada por caravanas com abundantes provisões de água, e por um só caminho de oásis, perto do lugar onde hoje se encontra Meca. De vez em quando, um número determinado de emigrantes separava-se do grupo principal, indo alguns estabelecer-se na Palestina e outros no Sul do Egipto, uma vez que a população já era demasiada para a meseta Arábica. Também, aqueles menos indesejáveis foram expedidos como imigrantes, e os mais promissores foram conservados no grupo.

Tempos antes da terceira catástrofe do ano 75.025 a.C. o Manu, por obediência a ordens hierárquicas, escolheu perto de setecentos dos seus descendentes e conduziu-os para o Norte. Lá formou uma seita heterodoxa com eles e pediu-lhes que o seguissem para uma terra distante, a alguns anos de viagem, onde poderiam viver em paz e sem temor à perseguição pelos ortodoxos. Atravessaram a Turquia Asiática, a Pérsia e países seguintes, e alcançaram o Turquestão, em cujo território estava compreendido o actual Tibete. Após alguns anos de peregrinação, a caravana chegou às costas do mar Gobi, mas, por obediência a ordens recebidas, não permaneceu na planície, seguindo o seu trajecto até se instalar num promontório onde se distinguia o mar de Gobi e a terra que teriam de habitar depois de passada a catástrofe eminente. Lá permaneceram, por ser o lugar mais seguro e onde sentiriam menos perturbações dos terramotos, até passar todo o perigo.

Enquanto prosseguia todos aqueles cataclismos e perturbações sísmicas, com várias alterações das massas de todo o mundo, a comunidade do Manu não foi atingida, mas o povo sentiu-se constantemente aterrorizado pelos repetidos terramotos. Devido a todas aquelas circunstâncias climatéricas e perturbações atmosféricas, uma parte não aguentou as privações, sobrevivendo, por isso, só os mais robustos. Aos anos de perturbações atmosféricas seguiram-se alguns de temperaturas quentes, tendo assomado à superfície muita terra virgem, que lhes permitiu cultivar o solo. Havia sido predestinado que a nova raça se deveria estabelecer e nascer na “Ilha Branca” (nome simbólico), nas costas do mar Gobi, e depois de desenvolvida edificaria na costa oposta uma poderosa cidade que lhe serviria de habitação. Esta cidade teve o nome de “Manova” ou cidade do Manu, ficando ligada à Ilha Branca por uma ponte magnífica, de estrutura notável, tendo sido também denominada a “Cidade da Ponte”.

Durante alguns séculos, o povo estabelecido na Cidade da Ponte cresceu e multiplicou-se, progredindo na especialização do tipo, até que a uma dada altura o Manu achou que já era bastante numeroso e já estava preparado para se espalhar pelo mundo. Assim determinou a este povo, sob a orientação de Marte, voltar a percorrer o mesmo caminho pelo qual mil anos antes tinham chegado, com a intenção de “arianizar” os descendentes dos Árabes, que haviam deixado para trás. Entre todos os Atlantes, estes Árabes eram os que mais se aproximavam das novas características essenciais para fundar a nova sub-raça, a 2.ª Sub-Raça, a Árabe.

Hermes, a encarnação da Luz, enquanto habitava na civilização egípcia aumentou o júbilo e sabedoria daquela civilização, cujas escolas de sabedoria do Egipto adquiriram fama no mundo inteiro. Durante aquela época Hermes foi à Arábia, com o propósito de ensinar os chefes da sub-raça ali estabelecida, dando-lhes o ensino da “Luz Interna”. Entretanto, em consequência da oposição suscitada no Sul por Alastor contra o Manu, a península Arábica ficou dividida em duas partes, e durante muitas gerações os sucessores do Manu contentaram-se com o seu próprio reino, sem qualquer ideia de ampliar o território. Passados alguns séculos, um monarca mais ambicioso subiu ao trono e, aproveitando-se das discórdias no Sul, lançou os seus exércitos em direcção ao mar, e proclamou-se Imperador da Arábia, permitindo aos seus vassalos o exercício do seu próprio culto, que se convenceram das vantagens do regime em relação ao anterior.

Entretanto, um grupo de fanáticos meridionais achou que devia protestar contra um poder que considerava triunfo do mal. Então, liderados por um profeta de rude e fogosa eloquência, abandonaram a sua pátria e estabeleceram-se na costa fronteiriça Somali e lá se multiplicaram e subsistiram durante alguns séculos sob o governo do profeta e dos seus sucessores. Algum tempo depois começaram a desentender-se por, contrariamente à proclamação fanática do profeta sobre a pureza da raça, o mesmo ter começado a deturpá-la ao misturar-se com mulheres negras, com a agravante de as considerar como escravas, mercadoria ou gado e não para serem esposas. Devido a este cruzamento com os povos do interior, alguns separam-se, dividindo-se, assim, a comunidade em dois grupos: Os que aceitaram sem vacilação o cruzamento e com entusiasmo as escravas negras, e aqueles, que em minoria, se rebelaram contra tal inovação, qualificando-a de artifício astuto para encobrir apetites libidinosos, como de facto o eram.

Estes últimos separaram-se horrorizados, pois não queriam viver com hereges, sem princípios, e partiram indignados em numerosa caravana, rodearam a costa do Golfo de Aden até chegar à costa do Mar Vermelho, encaminhando-se para o Egipto. A sua aventura singular impressionou o Faraó, que lhes ofereceu um distrito fronteiriço do seu reino, que foi aceite pelos emigrantes e ali viveram e prosperaram pacificamente durante séculos, com o apoio do governo egípcio, mas sem se misturarem com o seu povo. A uma dada altura, um Faraó decidiu pedir-lhes tributo e forçá-los ao trabalho, nas obras públicas. Em consequência disso emigraram em massa rumo à Palestina onde se estabeleceram. Este é o povo denominado na história, Hebreu ou Judeu, que continua a manter a crença de ser o povo escolhido. Entretanto, o povo que permaneceu na Somália também teve as suas aventuras com as tribos do interior, e mais uma vez emigraram do Golfo de Aden para a terra dos seus antepassados, onde foram recebidos amistosamente e absolvidos pela população. Estes foram denominados os “verdadeiros Árabes”.

A 2.ª Sub-Raça, a Árabe, progrediu, aumentou e floresceu durante milhares de anos, estendendo o seu domínio sobre quase toda a África, excepto às partes que pertenciam ao Egipto, embora mais tarde o tenham invadido e governado por breve tempo. No entanto, o seu apogeu deu-se na época em que governaram a, então, grande ilha da Argélia e ao longo da costa oriental, e chegaram até ao Cabo da Boa Esperança, onde fundaram um reino que abrangia as actuais regiões do Sul de África. Estenderam-se também à costa ocidental de África onde fundaram colónias, depois de terem lutado com os guerreiros de Poseidonis, que depois se retiraram. O império meridional invadiu a ilha de Madagáscar, conseguindo manter algumas colónias apenas em alguns pontos da costa.

Após o império Sumero-Akkadiano da Pérsia, Mesopotâmia e Turquestão se ter desmoronado violentamente, um monarca Árabe concebeu a ideia de reunir sob o seu ceptro os pequenos estados resultantes daquele desmembramento e, junto com os seus exércitos, empreendeu contra eles uma renhida guerra que durou vinte anos. Tornou-se a seguir rei das planícies da Mesopotâmia e de quase toda a Pérsia. Depois da sua morte, o filho preferiu consolidar o Império em vez de o estender. Alguns séculos depois surgiram na Arábia discórdias dinásticas, levando o Imperador da Pérsia, primo do soberano Árabe, a aproveitar a situação para se proclamar independente. Porém, a dinastia Árabe assim fundada durou apenas dois séculos, que foram abalados por guerras incessantes, desagregando-se, desta forma, o reino, em pequenas tribos, que se espalharam pela zona do Médio Oriente.

Outro monarca Árabe, estimulado pelos relatos das fabulosas riquezas da Índia, mandou uma frota atacá-la, que redundou num completo fracasso, sendo a sua frota destruída e os seus homens mortos ou feitos prisioneiros. A seguir ao colapso final do Império Árabe da Pérsia e Caldeia, sucederam-se séculos de sangrenta anarquia, que deixou estes países quase despovoados, até que o Manu resolveu auxiliá-los, enviando-lhes a terceira sub-raça que fundou o grande Império Persa dos Iranianos.

O Cenário Bíblico da Palestina

Deixemos agora os muitos séculos e gerações de lutas sangrentas e cruéis, apanágio do povo Árabe, por todo o mundo, no passado, e que teve, muito mais tarde, já na nossa Era Cristã, no Século VI, um Profeta que foi iluminado para fundar uma religião, o Islamismo, que acabasse com aquelas lutas destruidoras de homens, famílias e tribos. Embora tenha havido grandes progressos no mundo Árabe, estas contendas, fanatismos, retrocesso ao passado e crueldade continuam no presente, ainda que naquela altura o Profeta da Arábia tenha conseguido converter o País num Estado político e numa temível potência, cujos soberanos levaram a todas as partes do planeta o archote da Ciência (as Ciências Exactas, a Matemática, a Química, a Astronomia) e fundaram poderosos impérios.

Passemos, então à antiga Palestina, aquela que o Antigo Testamento nos relata, cuja revelação de Deus foi primeiro transmitida, durante muitos séculos, através da Tradição oral, e depois pelas escrituras que começaram a aparecer a partir do Rei David. No Livro dos Reis, verificamos que, após a morte do Rei Salomão, o reino se dividiu em duas partes: Israel ou Reino do Norte e Judá ou Reino do Sul (de acordo com datas bíblicas 783-743 a.C). Entretanto o reino do Norte caiu sob o poder da Síria (721 aC), fazendo com que os homens religiosos fugissem para Judá, levando consigo os livros e as tradições. No tempo de Josias o Templo foi restaurado e procedeu-se à reforma religiosa. O Reino do Norte havia desaparecido e o do Sul estava a ser castigado por terem sido infiéis a Javé.

Nabucodonosor, 587 anos a.C., avança sobre Jerusalém, vencendo-a e leva para a Babilónia os seus habitantes como reféns. Nasce, então, sobre as ruínas do Templo o muro das lamentações, onde os Judeus que ficaram na Palestina iam chorar. Alguns anos mais tarde, no século V a.C., os que estavam na Babilónia, voltaram de novo para Jerusalém pelas mãos de um profeta e faz-se, então, a reconstrução do Templo.

Alexandre Magno, 333 anos a.C., conquista a Palestina, começando a partir daí um período helénico para a literatura bíblica, pelo que nasceu, como reacção, um novo género literário tipicamente Hebreu. O Rei Sírio Antiochus Epiphanes, 175 anos aC., começou a perseguir a Judeia e o Judaísmo, e obrigou os seus súbditos a adoptarem a vida e a religião dos Gregos, provocando a revolta dos Macabeus, considerados heróicos, que fundaram, mais tarde, uma dinastia de reis sacerdotes. O livro da Sabedoria fala-nos, além disso, que, enquanto os Judeus da Palestina resistiram à helenização, alguns Judeus de Alexandria procuraram assimilar o pensamento Grego, sem sacrificarem os seus valores próprios. Os textos bíblicos aceites, que nos foram legados sobre a história da Palestina, fazem-nos um relato sobre a vida do povo de Israel, em que as grandes rivalidades e lutas políticas, culturais e económicas entre os Estados e os Impérios da Mesopotâmia e do Nilo, durante mais de dois mil anos, puseram em sobressalto os habitantes da Palestina, mudando constantemente a sua cor e geografia. Dão-nos, lamentavelmente, a oportunidade de constatar como o povo de Israel suportou as mais diversas invasões, por diferentes povos, foi perseguido, escorraçado e escravizado na Babilónia e Egipto e obrigado a trabalhos forçados. Passaram todo o tipo de humilhações e sofrimentos, foram guiados pelos seus profetas e patriarcas, e também enganados e perseguidos pelos seus próprios Reis. Muitos fugiram às perseguições e foram, também, corridos do seu País. Espalharam-se por todo o mundo, prosperaram e ajudaram a construir impérios, procurando, contudo, ansiosamente um lugar calmo, uma pátria para viver. Longe da sua terra, continuaram, no entanto, a fugir às perseguições e à violência infligidas, nunca foram bem aceites pela sociedade. A única esperança e objectivo era poderem regressar um dia à sua pátria prometida. São estes Judeus o verdadeiro povo da Palestina!

No tempo do advento de Jesus, que era Judeu e não Palestino, a antiga Palestina era habitada por Judeus e Árabes de todas as nações invasoras, que se tinham instalado naquela terra, estando, igualmente, sob o domínio do invasor Romano que se apoderou de toda a nação e, que tomou depois Jerusalém e escravizou o seu povo.

Expor mais qualquer coisa da Bíblia e das suas profecias não valerá a pena, porque quase toda a gente tem conhecimento do seu conteúdo. Infelizmente, só daquelas partes que nos foram permitidas conhecer e legadas pelo Imperador Constantino, e que seguimos à letra por ignorarmos todo o resto. Há, porém, muito mais a saber fora desse contexto, pelas muitas descobertas de manuscritos e documentos antigos, que têm vindo à luz, mas que não são ainda do domínio, completo, público.

Situação dos Judeus até à formação do Estado de Israel

Como todos sabemos os Judeus espalhados pelo mundo não tiveram uma vida fácil. Nunca foram bem aceites, nem compreendidos por outros povos. A sua prosperidade, em alguns casos, não era bem vista pelos outros, com os quais coabitavam. Muitos foram até obrigados a mudar de religião para poderem sobreviver. Sem pátria própria, foram vítimas de racismo e violência por todo o lado, além de terem sido os protagonistas da mais negra história da humanidade, em pleno Século XX, ao sofreram as mais severas atrocidades e horrores às mãos dos Nazis Alemães e de Hitler. Situação dramática, que custa a entender como foi possível ter sido infligida a seres humanos. O holocausto dos Judeus é, infelizmente, do conhecimento público!

Antes da 2.ª guerra mundial a Palestina não passava de um grande deserto, com pequenos oásis de extensões diminutas. Tornara-se uma colónia Inglesa onde viviam Judeus, árabes muçulmanos e alguns beduínos nómadas, em estado bastante primitivo. Quer os muçulmanos quer os beduínos nunca fizeram nada para desenvolver a terra. Se dependesse deles o deserto continuaria no mesmo sítio e a viverem sempre da mesma maneira e com grande escassez de água.

Depois da segunda guerra mundial e da queda do nazismo, os Judeus que haviam escapado ao holocausto sentiram grande necessidade de ter uma pátria própria onde pudessem viver em paz, onde não fossem mais extorquidos ou vítimas de racismo e de atrocidades como as que sofreram com Hitler. Então, as Nações Unidas, decidiram, por votação, que a antiga Palestina fosse proclamada independente e se tornasse a pátria dos Judeus, depois denominada Israel. Interroga-se, agora: Após o que sofreram por todo o mundo, não terá este povo direito a uma pátria?

Foi, assim, proclamado o Estado de Israel, em 1948, onde já viviam alguns Judeus, muçulmanos e beduínos nómadas. Porém, no ano anterior, a ONU havia recomendado a partilha da Palestina em dois Estados: um Estado Hebreu e outro Árabe. Os Judeus que sobreviveram ao nazismo, e outros provenientes de diversas partes do mundo, juntaram-se aos já existentes e começaram a organizar o Estado de Israel, com governo e leis básicas, mas sem constituição. Desde a criação daquele Estado, tiveram lugar quatro guerras que opuseram Israel aos seus vizinhos árabes: a guerra da independência (em 1948); a guerra entre Israel e o Egipto, por causa do canal do Suez (em 1956); a guerra dos Seis Dias (em Junho de 1967); e a guerra do Yom Kippur, ou a guerra de Outubro, em 1973.

Além destas guerras o exército Israelita ainda enfrentou, mais tarde, duas “Intifadas”, isto é, revoltas Palestinas na Cisjordânia e Faixa de Gaza. A primeira foi em 1987 e 1993, e a segunda, com início em Setembro de 2000, com a agravante da violência e de ataques suicidas, ainda prossegue.

Uma vez organizado o Estado, todos os que lá tinham nascido e viviam, Judeus ou muçulmanos tiveram a opção de se tornarem cidadãos Israelitas ou não. Os que aceitaram a cidadania Israelita ficaram sob o governo de Israel e dos Judeus que criaram aquele Estado. Grande parte dos muçulmanos aderiram à cidadania israelita e muitos deles, porque tiveram medo de se sentirem, mais tarde, discriminados, fugiram para fora de Israel. Aqueles que ficaram ainda hoje lá permanecem, com as suas famílias e descendentes, lá trabalham e servem o exército, e têm os mesmos direitos que qualquer cidadão. Muitos até prosperaram, têm o seu próprio comércio, restaurantes, etc. Certo é que, unidos, os Judeus, à custa de muita luta, trabalho e inteligência conseguiram vencer todo aquele deserto de areia. Construíram e desenvolveram o País, conseguindo transformá-lo, no que é hoje Israel, um país bastante desenvolvido e organizado. Foi através do investimento que alcançaram o seu objectivo, superando todas as dificuldades climatéricas e, criando sistemas engenhosos de irrigação e agricultura. Em suma, levaram grande progresso àquela terra e deram, igualmente, oportunidade a todos para se juntarem e progredirem.

Criaram, de forma exemplar, várias cooperativas agrícolas em regime socialista, denominadas “Kibutz”, em que todos os que lá trabalham e moram são os seus donos legítimos das casas, colheitas e dos lucros, tendo cada um as suas actividades e responsabilidades e os mesmos direitos.

Cenário do conflito político actual

Aqueles Árabes que não quiseram se integrar no Estado de Israel, os insatisfeitos, ficaram fora das fronteiras. Procuraram acolhimento e trabalho nos Países vizinhos, mas não conseguiram ser aceites, pois os outros não se compadeceram da sua situação. Começaram, então, a ter uma vida bastante difícil, vivendo em campos de refugiados, sem trabalho e sem qualquer hipótese de o conseguir. Adveio, por consequência, um arrependimento amargo, depois de verem o progresso do País, que tinham recusado inserir-se, não lhes restando outra alternativa senão a de se apresentarem em Israel para pedir trabalho, neste caso como estrangeiros ilegais, pois não eram cidadãos israelitas. Conclusão, como estrangeiros ganhavam menos que os cidadãos de Israel, aliás o que acontece em outros países, o que não lhes agradou.

Apesar de ganharem pouco tinham o suficiente para viver. Porém, a insatisfação e a rebeldia começaram a aumentar, induzindo-os à ignorância que os fez cegar para a realidade. Daí à revolta e ao uso das acções terroristas foi um passo! Foram, então, proibidos de entrar em Israel. Sem trabalho, a miséria começou a aumentar e, na mesma proporção a inveja e a revolta, dando origem a vários grupos terroristas, que se tornaram cada vez mais fortes. Infiltraram-se no seio do seu próprio povo, influenciaram-no, em grande parte, além de o manipularem. No entanto, nem todos os Palestinos partilham da mesma revolta. Muitos são grandes trabalhadores e não querem fazer parte desta guerra armada, mas, infelizmente, estão a pagar pelos terroristas e a sofrer por isso, uma vez que o regime instaurado pelos seus irmãos, dentro das áreas palestinas, é muito severo, quem não concorda morre.

A estes revoltosos se juntaram outros guerrilhas palestinos que estavam a viver noutros países árabes e que se inserem no mesmo contexto dos citados. O crescimento da violência deve-se ao seu radicalismo, sendo responsáveis por atentados que têm causado inúmeras mortes e a reacção intempestiva de Israel. Exigem um Estado só para eles, mas, afinal, querem tudo, sem terem contribuído para o construir. Na verdade, esses terroristas nunca foram habituados a fazer nada de útil. A sua vida tem sido passada em campos de refugiados a treinarem, única e exclusivamente para a violência e ódio contra os seus vizinhos, dominados pela ignorância, e não conhecem mais nada a não ser a guerra e o uso constante de uma arma, como objecto de trabalho. Como parte deste cenário, apareceu a criação da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), em 1964, para aumentar o conflito no Médio Oriente, e liderada por Yasser Arafat, que vivia na Tunísia, num dos campos já citados. A OLP iniciou uma acção de guerrilha contra Israel, com o objectivo de fundar um Estado Palestiniano, guerrilha essa que se tem mantido cada vez mais acesa.
Tendo a “Fatah” como a maior facção da OLP, pregando o nacionalismo, esta foi a corrente política fundada por Arafat nos anos 50, e as actividades guerrilhas em 1965. Este grupo de guerrilha foi o primeiro a atacar, com armas, Israel e o primeiro a dar passos em direcção à paz. Além deste grupo de guerrilha, temos, ainda, a “Jihad Islâmica” fundada no Cairo, em 1975, por estudantes palestinos, e organizada na Faixa de Gaza. Este grupo é contra os acordos de paz entre a OLP e Israel, e usa por sistema atacar Israel.

Outro grupo terrorista islâmico é o “Hamas”, criado em 1987. É um dos promotores dos ataques suicidas à bomba em Israel e, como rival da “Fatah”, opôs-se aos acordos de paz assinados por Arafat, com a concessão de território. Outra das principais guerrilhas foi a “Força 17”, fundada em 1974, no Líbano, pela OLP, em resposta à milícia libanesa “Força 16” que combatia a presença palestina no país. Esta força incluía os guarda-costas de Arafat, mas foi quem menos participou no conflito. Mais recentemente apareceu outro grupo radical terrorista, o Daesh, que tem causado muitos problemas de terror no mundo ocidental, e que devem ter-se aliado ao Hamas. Além deste há ainda outros. que adaptaram diversos nomes, mas que acabam por ser os mesmos terroristas, que, da mesma forma, têm como objectivo destruir o desenvolvimento ocidental.

Entretanto, em 1993, foi assinado o acordo de Oslo entre Israel e a OLP onde se estabeleceu uma carta de princípios e a devolução aos palestinos da maior parte da Faixa de Gaza e de parte da Cisjordânia. Essas terras tinham sido conquistadas nas guerras em que os muçulmanos invadiram e perderam. As concessões de terras reivindicadas foram entregues por Israel, no governo do Primeiro-Ministro Barak, que as devolveu em troca da paz na região. Contudo, quanto mais as devolvia, mais aumentava o terrorismo palestino, inclusive contra civis Israelitas. Esta situação insustentável custou o cargo de ministro a Barak, sucedendo-lhe então Ariel Sharon, como novo chefe do governo da extrema-direita, conhecido por ser tão extremista quanto os terroristas. Contudo, afinal foram os Palestinos que o colocaram lá, pois só com um homem violento é que se pode responder à violência. Atendendo às reacções extremistas do seu partido, Sharon foi até muito moderado, embora, em minha opinião, se tenha excedido na agressão.

Não obstante, os Palestinos não reconhecem o Estado de Israel e acusam os Judeus de racistas, quando isso não corresponde à verdade. O Estado de Israel trouxe Judeus de todo o mundo, de países que estavam em conflito, inclusive negros e outras raças, que chegaram a Israel num estado deplorável. Muitos destes negros, Etíopes, não conheciam uma sociedade civilizada, sendo depois educados e ensinados por conta do Estado e, hoje, não só estão adaptados à vida como até ocupam cargos públicos de responsabilidade, sem qualquer discriminação. Inseridos no mesmo contexto, estão os muçulmanos que vivem em Israel, que os Judeus respeitam como qualquer outro cidadão e ninguém é contra a religião muçulmana. O lema principal de todo o Judeu é viver em paz.
Arafat, por sua vez, não foi tão inocente como parecia. Faltou inúmeras vezes ao que foi estabelecido e, em vez de esclarecer o seu povo quanto à verdade, incitou-o ainda mais à violência, contribuindo, desta forma, para aumentar a tragédia. Ele próprio proferiu palavras dúbias e comprometedoras, de que os palestinos estavam dispostos a sacrificar milhões de mártires por Jerusalém.

Por outro lado, as palavras de ordem, usadas pelos Palestinos, denotavam pura ignorância e contra-senso, cujo teor não tem lugar para a paz e entendimento entre aqueles dois povos. Ora vejamos algumas: «Abaixo o “Plano de Paz”! Pela constituição de um Estado Palestiniano, laico, democrático e não racista!»; «Só haverá paz com a derrota dos agressores sionistas»; «A vitória dos palestinos será uma vitória de todos os povos do mundo, no caminho da sua libertação nacional e social»; «Fora com as tropas de Israel dos territórios Palestinianos! Viva a nova Intifada!», «Não pode haver paz enquanto existir o Estado de Israel».

Certo é que os confrontos entre Árabes e Israelitas provêm desde o tempo dos seus ancestrais, que disputaram os territórios milhares e milhares de anos, contudo, só depois da criação do Estado de Israel é que os conflitos tomaram uma proporção mais alarmante. Além disso, os agora denominados Palestinos, que reivindicam, igualmente, serem o povo da Palestina e que anseiam por uma pátria, são descendentes de Árabes nómadas, errantes, que se encontram espalhados por todo o mundo Árabe, mais concretamente, pela na Síria e Jordânia.

O verdadeiro povo Palestino, aquele que anseia e tem direito à terra, deveria pensar muito seriamente na situação em que se encontra. Têm-se deixado manipular e oprimir pelos seus próprios líderes, que não são mais do que terroristas fanáticos, que se infiltraram no seu seio, e dirigem o seu povo de uma forma bastante caótica, conduzindo-os, cada vez mais, à ignorância, à miséria e à tragédia. Afinal, o que estes terroristas pretendem é incutir e alimentar o ódio por Israel, a fim de desviarem a atenção dos problemas criados por eles próprios. Por meio da violência nunca será possível criar nem um Estado Palestino, nem resolver a situação dos Palestinos.

Cenário religioso – Jerusalém, o berço das Religiões

A região de Jerusalém ou Sião, com mais de 3.000 anos de antiguidade, sofreu, em tempos remotos, o domínio de vários povos, entre eles os Romanos e os Israelitas. Considerada a cidade Santa, berço de três religiões e destino de peregrinações e orações, tem sido o ponto fulcral do conflito tanto do Estado Israelita como do Palestino. O coração de Jerusalém situa-se no sector oriental, onde se encontram os lugares sagrados do Cristianismo (Santo Sepulcro), do Judaísmo (Muro das Lamentações) e o lugar santo do Islão (Esplanada das Mesquitas). Pergunta-se: Como se poderá, então, resolver o problema do conflito entre duas religiões quando existe uma terceira? De facto, este tem sido um dos pontos mais difíceis de resolver nas negociações entre judeus e muçulmanos. Ambos os povos reivindicam o direito ancestral de dirigir a cidade sagrada que foi construída pelos reis Judeus, onde Cristo viveu, e onde se refugiou Maomé depois de ter sido expulso de Meca pelo seu próprio povo. Tendo a cidade um carácter sagrado tanto para Judeus, como para Muçulmanos e Cristãos, esteve durante 19 anos (1948 e 1967) dividida entre Israel e o reino da Jordânia. Embora tivesse sido proclamada capital do Estado de Israel, em 1948, a sua divisão resultou da primeira guerra, entre os israelitas e os árabes, que separava os dois sectores ocidental (Judeu) e o oriental (Árabe). Após a guerra dos Seis Dias a parte oriental da cidade foi anexada. Nesta parte vivem duzentos mil palestinos, com um visto de residência permanente, mas sem cidadania Israelita. Jerusalém, com seiscentos mil habitantes, tem hoje o triplo da superfície ocupada em 1967, devido à construção de vários bairros judeus na periferia da cidade árabe.

Entre as três religiões praticadas em Jerusalém, salienta-se um factor de extremismo na prática de qualquer uma delas, mais acentuado no que toca à religião islâmica. O Judeu normal não é racista, embora seja apelidado disso pelos palestinos, e respeita a religião de qualquer povo, deixando-o praticá-la em paz tanto na cidade Santa, como por todo o Israel, sem qualquer problema ou entrave.

O depoimento de um responsável pela Igreja Ortodoxa na Terra Santa e Jordânia, que foi a primeira igreja cristã no mundo, edificada em Jerusalém e anterior à Igreja Católica Romana, é peremptório quanto afirma que a Igreja Cristã de Jerusalém não tem qualquer problema com os Judeus, mas o mesmo não se pode dizer no que se refere ao Sionismo, que desconsidera o Cristianismo e o Islamismo. De facto os Judeus ortodoxos têm sido, em parte, os responsáveis pelo conflito existente entre os dois Estados. Continuam a viver num passado de fanatismo, atrasado e absurdo, que, aliás, é o que acontece com os fanáticos de qualquer religião. Infelizmente, o extremismo e o fanatismo, na prática de uma religião podem levar à cegueira para a verdade.
Ao descrever-se a Religião do Islão, poderá afirmar-se que não há crença tão formal e que seja seguida tão apaixonadamente pelos seus prosélitos como o Islamismo. O muçulmano não se envergonha de ajoelhar para orar, se bem que sinta à sua volta pessoas fraudulentas e inimigos do seu Profeta. A sua Fé é de tal modo poderosa, que faz os seus discípulos venceram o temor da morte, encarando-a até de uma maneira tranquila e heróica, tudo por amor ao seu Profeta e à Fé Islâmica. Além disso, o aspecto místico daquela Religião, o Sufismo, reúne uma tal beleza, ao afirmar que, “tudo procede de Deus e que não há nada fora D’Ele”. Ensina, também, a maneira como trilhar o caminho e meditações muito profundas. Na verdade, seria bom que o misticismo do Islão pudesse ser de novo reintegrado, hoje, visto já não se praticar nada disso. Na altura em que o Islão se reconstituir misticamente, ficará, então, em condições de entrelaçar-se com amor fraternal às outras religiões, para que a união espiritual entre todas as religiões leve os povos a viverem em paz e harmonia.

Infelizmente esta Fé, que tem assegurado o futuro do mundo, deveria enaltecer mais do que acontece actualmente, visto a mensagem do Profeta não estar a ser seguida na íntegra pelos seus adeptos, segundo o que ordenou: «para se manterem unidos, amar o seu próximo e de se honrarem e protegerem mutuamente, a fim de se exortarem na Fé e na constância da crença e praticarem acções piedosas, porque só com elas os homens poderão prosperar, e o contrário levá-los-á à destruição». Para agravar a prática desta crença, já por si mal seguida pela maior parte dos seus adeptos, esta mesma Fé tem sido deturpada, da maneira mais repugnante, pela ignorância de muitos fanáticos fundamentalistas, que espalhados mundialmente, têm usado o terrorismo e a violência no nome de Deus (“Alá”) e do seu Profeta, quando o mesmo sempre defendeu o amor e a unidade com Deus, amor ao próximo, a compaixão e a constante passividade. Muitos deturpadores do Islamismo, não só não compreendem o significado da palavra “Islam” (Islão), que significa “submeter-se à vontade de Deus”, como também se desviam por completo do seu significado, ao servirem um deus do mal, em nome da submissão a Deus (Alá) e das suas guerras denominadas santas. Como se fosse possível uma guerra ser alguma vez santa!

Lamentavelmente, o terrorismo, a que muitos fanáticos se propõem, chega a atingir proporções que ultrapassam a realidade, pela barbárie e falta de sensibilidade, para com os seus pretensos inimigos e da sua Fé, quando afinal o mal se encontra dentro deles próprios que, por uma questão de cegueira e ignorância, não lhes permite ver e seguir, em paz e harmonia, a Verdade legada pelo seu Profeta. Neste actual complexo cenário mundial de guerra e violência, temos assistido, em especial, em Israel, a situações dramáticas, manifestantes de total ignorância e fanatismo, que demonstram até que ponto o mau conhecimento, e o obscurantismo de uma religião, podem levar os homens. É o exemplo do povo da Palestina, que luta pela libertação da mesma. Este povo, se actuasse de outra forma, e não se deixasse influenciar por terroristas fanáticos infiltrados no seu interior, que agem, também, como se fossem vítimas, provavelmente conseguiria o que pretende.

A tragédia do derrame de sangue e violência que se tem abatido sobre ele poderia ter sido evitada, se agissem, de uma forma inteligente, menos radical e provocatória em relação aos seus vizinhos Israelitas. É triste observar-se que haja jovens suicidas e bombistas, que se auto sacrificam, usando o terror contra os seus vizinhos, pretensos inimigos e infiéis, em nome da libertação da Palestina, e sentirem orgulho em serem mártires, pois foi-lhes incutido que alcançariam o Paraíso.
Que lastimosa ignorância, esta noção de Paraíso! Não há qualquer Paraíso a alcançar através da violência e do suicídio! Isso só vem acentuar o radicalismo dos ensinamentos erróneos que lhes têm sido dados e aceites e, que nem sequer são contestados pelos mais letrados, que os seguem na mesma perspectiva, como se tivessem sido submetidos a uma lavagem ao cérebro, não conseguindo libertar-se do obscurantismo e ignorância legada pelos integralistas da sua religião. Afinal continuam a cometer os mesmos erros do passado, não se notando, nos nossos tempos, qualquer evolução espiritual.

Para concluir, devo dizer que não há qualquer intenção, através do precedente, de se condenar o povo Palestino, nem de se pôr do lado dos Israelitas, cuja autoridade política no poder tem usado meios demasiado cruéis, radicais e sangrentos. Só que não é possível aprovar qualquer forma de guerra ou violência, nem de um lado, nem de outro. O meu lema, e acredito que seja o mesmo de muita gente, é o de “haver paz e harmonia” entre todos os povos. A terra é de todos! Os homens terão de aprender a habitá-la e a partilhá-la, assim como de praticarem e seguirem uma Religião de Amor e Compaixão por todos os Seres, unificada, que seria bom partilhassem uns com os outros, pois, embora os seus Mestres fundadores tenham tido diversos nomes, o Deus que as preside é comum a todas.

Pobres de espírito e infelizes os que se deixam dominar a tais extremos, por que desconhecem, em absoluto, que neste mundo, embora muito imperfeito, queiramos ou não, somos todos irmãos. Não sabem que a guerra e a violência geram cada vez mais guerra e violência, e quanto mais houver de ambas, mais contribuirá para o aumento delas, tornando-se, então, num ciclo vicioso, sem retorno. Infelizmente, não é com a guerra ou com a violência que se poderá combater as mesmas, mas sim com o amor. Esta sim é a Religião que deveria ser aprendida e seguida por todos os homens, a “Religião do Amor e Compaixão por todos os Seres”, que vê os homens todos iguais e como irmãos. O homem deveria procurar na religião o remédio para os seus males, objectivando a purificação da sua alma, e não o veneno para o exterminar.

Todos sabemos, que sempre houve e haverá extremistas e fanáticos em todas as Religiões, pessoas que se julgam as únicas possuidoras da verdade e pensam ser os melhores praticantes da sua crença, assim como as principais protectoras dos ensinamentos dos seus Mestres ou Profetas. Infelizmente não fazem mais do que se deixar dominar pela vaidade, orgulho e ignorância, que os cega e impede de acolher os sinais e as mensagens de Amor, ensinados pelos Mestres, em relação a todos os seres viventes, que deveriam mover o homem para a Verdade, uni-lo e aproximá-lo cada vez mais do seu semelhante em vez de o afastar...
   


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Impresso em 4/10/2024 às 5:27

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