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Folhas de Luz - Antologia
de Maria Ferreira da Silva em 28 Nov 2014 ![]() Amrta O resultado da produção de Amrta é a vivência real da imortalidade, não como ela é conhecida no Ocidente, designando alguém que se notabilizou por algum feito heróico, cultural ou social e ficou conhecido para a posteridade. O verdadeiro significado da imortalidade, não é necessariamente o reconhecimento do mundo, mas reconhecer-se a si próprio pela realização espiritual, como ser imortal que sobrevive para além da morte física como Ser, Espírito, como sendo a sua verdadeira essência. Na realidade somos, não só em essência mas no concreto, real, uma entidade de corpo, porém, em simultâneo, com a substância energética e subtil etérica, numa realidade existencial, em planos que são afins a essa existência em essência. Conhecer esta essência, só por um processo de evolução e realização espiritual, até chegar ao momento de produzir a Amrta; o elixir da imortalidade que existe, potencialmente, dentro de cada ser humano. Esta realização dá um estado de suprema beatitude, não só por períodos, caso da kuṇḍalinī, mas constante e irreversível. O ser sabe que está a viver a nobreza super humana, liberto dos atávicos problemas da vida, ou dos bloqueios existenciais. A Amrta, o “Poder de Vida”, ou a imortalidade realiza-se quando chega a uma expansão de Consciência que permite compreender, mas sobretudo, Realizar, que a vida e a morte são uma e a mesma coisa. Deixar um corpo físico, é descartar a casca, mas a vida não se extingue, sendo esse facto vivido com plena Consciência do Todo. 6º Capítulo O Infinito Estamos no limiar duma nova visão do mundo e de nós mesmos, devido aos rápidos progressos desencadeados pela Ciência na descoberta de enigmáticos e vastos mundos Cósmicos. Assim, no evoluir dos ciclos de vida e da Consciência Humana colectiva, surgem perspectivas e horizontes cada vez mais belos e profundos, onde os seres já são capazes de abarcar e desvendar certos mistérios da vida universal, apesar de a existência humana se dissolver a cada instante em algo irreal, onde milénios se reduzem a momentos e anos em minutos. Aparentemente aos nossos olhos e sob o ponto de vista de uma vida humana, nada muda no Cosmos, porém, ele é regido por forças indomáveis, repleto de surpresas, onde também estranhos objectos iluminam recantos outrora sombrios no Universo. Por exemplo, é difícil encontrar outros planetas noutros sistemas solares, devido a ficarem ofuscados pela luz das estrelas à sua volta. Todavia, é lentamente que vamos conhecendo o Espaço onde vivemos, apesar de ocorrerem constantemente mudanças. Hoje, as informações são rápidas e diversas, alterando os conceitos, sobretudo os religiosos acerca da vida nos céus. Mais do que nunca, o tempo veloz, leva-nos a concluir que nada é durável e verdadeiro, axioma budista da impermanência, em concordância com a própria Ciência, que na sua procura nos encaminha nesse sentido da incerteza. A descoberta do Cosmos apresenta-se tão complexa, que é difícil tirar conclusões ou obter teorias finais e absolutamente certas, pois embora as revelações científicas sejam numerosas, anulam por vezes, certas convicções já formuladas, principalmente, quanto ao misterioso começo da Creação. E em que indício se baseia a Ciência para nos fazer acreditar num Big-Bang? Os cientistas não estarão como os videntes e profetas de todos os tempos, assumindo moderna e disfarçadamente a sua intuição e clarividência acerca dos enigmas do céu? A teoria do Big-Bang dificilmente poderá vir a ser provada, pois não se baseia em dados concretos ou históricos, apenas assenta numa dedução do estudo dos fotões que constituem a luz que chega à Terra, vinda de objectos distantes. Provavelmente, o Universo não emergiu de um ponto, mas toda a matéria do Cosmos, explodiu em toda a sua extensão onde não há centro algum, e espalhando-se em muitas direcções, criou tempos diferentes. Portanto, a medida de tempo, resulta da organização da matéria no Espaço e da sua dimensão, e sendo o tempo incomensurável no Cosmos, torna-se incompreensível para a nossa dimensão de consciência, abarcar esse Eterno Existir que sempre foi, é e será. 4º Capítulo Savanarola Jerónimo Savanarola, frade e citadino de Florença, foi por excelência um mártir cristão. Promotor de uma grande Reforma dos costumes, benfeitor dos pobres, incentivou as Artes e as Letras. Designava-se “Cavaleiro de Cristo”, portador da Sua palavra, e afirmava revolucionariamente: «Toda a autoridade que impedisse a expressão da livre vontade, quando esta é seguramente boa, quando conduz a Deus pela graça e promove o bem, pode e deve ser banida». Jerónimo Savanarola nasceu em Ferrara, a 21 de Setembro de 1452 às 23h30 no dia da festa de S. Mateus. Foi um miúdo precoce e o preferido de um médico famoso de Pádua (seu avô Miguel Savanarola), que admirava nele a profunda diligência e seriedade, preparando-o para que continuasse a tradição médica. Porém, Savanarola teve aspirações bem diferentes, e um dia, silenciosamente saiu de casa, bem cedo para evitar nos seus pais a tristeza da partida, a dor da despedida, percorrendo a pé cinquenta quilómetros de caminho, desde Ferrara a Bolonha. Não tinha ainda vinte e três anos, mas a sua decisão é irrevogável e assim é conduzido por apelo interior, ao encontro do chamamento da Alma para a vida de recolhimento, com fervorosa devoção, «Era tanta a minha dor e paixão que sentia no meu coração, devendo partir dali que se tivesse dito que partia, eu creio sinceramente que me impediriam e seria doloroso ao meu coração». E justifica-se: «A razão pela qual me move entrar para a religião é esta; a miséria no mundo, a iniquidade do homem, o adultério, a ignorância». Em 1475 toma o hábito em São Domingos de Bolonha e em 1479 é enviado à sua terra natal para completar os estudos na Faculdade de Teologia. Três anos depois, em 1482, chega a Florença. Para este jovem frade, Florença constitui uma experiência maravilhosa, já que a considerava “A Cidade de Deus”. Aqui estuda e aprofunda com crescente entusiasmo a Sagrada Escritura e inicia a sua explicação aos noviços do Convento de S. Marcos. Jerónimo Savanarola que tinha ido em busca da paz do claustro para serenar a sua alma inquieta amargurada pelos pecados do mundo, teve a oportunidade de empreender um novo rumo na sua vida de austeridades: redobra os jejuns e as penitências. Usava os hábitos mais gastos e prestava os serviços mais modestos levando ao extremo a sua humildade. Era um jovem muito concentrado e silencioso, e vivia debaixo das secretas e íntimas realizações espirituais que se processavam no seu interior. Os seus superiores cedo descobriram um ser especial, um espírito cultivado, e que havia aprofundado Aristóteles e S. Tomás de Aquino. Era forte e directo na dialéctica escolástica e tinha natural eloquência. Na verdade, haveria mais grato destino para quem queria renunciar ao mundo do que aquele que os claustros de S. Marcos oferecia? ![]() |
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