Fundação Maitreya
 
Curso de Meditação 3ª Lição

de Maria Ferreira da Silva

em 26 Mar 2020

  A Meditação acelera o desenvolvimento evolutivo do próprio cérebro, onde se operam mudanças nas células e por consequência na forma de pensar, actuar e viver, o que leva progressivamente ao alargamento de Consciência. O cérebro é o suporte da Consciência que, por sua vez, é a manifestação do Espírito, mas na realidade, embora todos os cérebros humanos sejam física e aparentemente iguais, a forma como ele é usado difere, devido à consciência de cada um. Assim, há seres cujas áreas do cérebro são mais estimuladas acelerando a evolução de consciência, onde em outros, elas permanecem passivas.

Sādhana - Prática

Sādhana – é a prática. É o meio pelo qual alcançamos aquilo que até agora foi inalcançável.
Sendo a prática da Meditação o meio para o progresso consciente do Caminho espiritual, ela conduz ao auto aperfeiçoamento pela via da transformação, desbloqueando a mente que, ensombrada por Avidyā, “ignorância”, não tem a correcta observação e percepção. É o erro da identificação de Puruṣa, princípio espiritual, com Prakṛtī, o princípio material.
Na realidade, dentro de cada um de nós há algo de muito profundo que não está sujeito a mudança; é o que se chama o Puruṣa, o Espírito ou o princípio da Consciência. Esse é o que “vê” correctamente.

Quando acontece no nosso interior uma compreensão mais profunda, damos conta de que resulta numa grande quietude e contentamento e que se repercute em todo o nosso ser, incluindo, o coração com uma influência positiva determinante.
Este acontecimento, que é na realidade uma experiência do nosso Ser, o Puruṣa, vai contribuir gradualmente para a redução de Avidyā (ignorância). São as próprias realizações espirituais, resultantes da prática da Meditação, que mudam o estado de confusão para o de claridade e, conforme progredimos, haverá mais claridade, menos confusão. A Meditação, “Yoga”, está identificada com o conceito de melhoramento, portanto reconhecer e eliminar Avidyā e seus efeitos são a única escada que podemos subir.

Vidyā - significa, conhecer correctamente. O conhecimento é obviamente o oposto da ignorância, o objectivo da Meditação é diminuir a ignorância.
Avidyā - ignorância, é um estado de falso entendimento. É a acumulação de acções, que leva a um caminho errado, provocando inadequadamente uma falsa compreensão do que somos.

Em Avidyā encontramos quatro estados:
1º Asmitā – O Ego que motiva sempre a uma satisfação de si próprio, como o melhor, o que tem sempre razão. Asmit€, no seu aspecto superior é definido como a identificação do poder da Consciência com o poder de cognição. É o “Eu Sou” – o puro percebimento da auto-consciência. É a tomada de consciência de quem só através do veículo físico que é o corpo faz a sua identificação.
2º Rāga – É a aderência ao desejo. O que foi agradável ontem, queremos repeti-lo hoje, mesmo que não necessitemos.
3º Dveṣa – Tem efeitos contrários a Rāga – ódio. Alguma experiência desagradável, menosprezamos e não queremos que ocorra novamente.
4º Abhiniveśa – A fonte do medo. Apego à vida. De algum modo sentimo-nos inseguros perante a vida, temos medo por algo que a altere, medo da doença, da velhice, da morte.
São portanto quatro estados, que fazem parte de Avidyā, que separados ou combinados tornam difícil a claridade mental. Assim, Avidyā - ignorância, é uma constante fonte de descontentamento, obstrui o discernimento e a perfeita distinção. O Yoga, que inclui Conhecimento e Meditação, contribui para reduzir o efeito de Avidyā com o fim de prevalecer o verdadeiro entendimento.

> Desta forma, requer-se um esforço constante e atenção para continuar numa direcção, ou no sentido do progresso do caminho espiritual e viver-se correctamente. Com a plena atenção, o ser torna-se consciente aqui e agora, contribuindo assim para matar a semente da ignorância “Avidyā”.
Quando se transcende a Avidyā – ignorância, e se permanece em Vidyā (claridade, sabedoria), o pensamento é claro, não há confusão, mas um sentimento profundo de tranquilidade, sereno. Estamos certos em relação à vida, não interessa demonstrar aos outros se temos razão, ela está em nós, certa; coração e mente estão apaziguados.
Ainda dentro do conceito de Avidyā, tudo o que vemos, sentimos, experimentamos é na base do concreto e torna-se real, mas como tudo está num constante estado de flutuação, a sensação estranha de hoje, pode amanhã, ser transformada em sensação de satisfação ou vice-versa. O modo como vemos as coisas muda e a isso se chama Pariṇāma-Vāda.

Se as coisas vão mal é porque Avidyā tem lugar preponderante, contudo, devido a uma constante mudança, elas alternam e pode ser umas vezes para melhor e outras para pior. Devemos estar atentos, pois nunca sabemos quando elas ocorrem, mas está ao nosso alcance melhorá-las e para isso se propõe a prática da Meditação.
O alcance do estado de Yoga (estado apaziguado da mente) é o resultado da prática da Meditação, que leva à acção correcta e melhora a qualidade da nossa vida.

A prática dá-nos a ocasião de compreender o objectivo do caminho.

A Meditação é algo que vivenciámos desde o interior, com a totalidade do nosso ser.
Tanto o movimento de uma postura corporal, como mental, é Yoga. O objectivo do Yoga (Meditação) é equilibrar e unificar o corpo, a respiração e a mente, para obter-se finalmente o conhecimento profundo da Realidade Suprema.

Os três passos principais do Yoga são:
Dhāraṇa – Concentração
Dhyāna – Meditação
Samādhi – União

Apresentamos duas imagens, que mostram o desenvolvimento da mente através da Meditação até alcançar o seu objectivo.

A primeira é da mente distraída, dispersa em pensamentos que funciona em todas as direcções e constitui um bloqueio à Meditação.
Pela prática da Concentração (Dhāraṇa), começa-se a controlar a mente para uma só direcção, voltada para o “Objecto Eleito”, ou seja, para a Mente Divina. Este processo requer a prática de Dhāraṇa (concentração) por algum tempo, e foram os primeiros passos das lições anteriores.
Depois, a mente devido à prática da concentração entra no processo de Meditação (Dhyāna). A mente, quando absorvida pela Meditação, fica “quase” em estado de Samādhi. Neste passo (o mais importante no Yoga) começa a Comunicação entre a mente e o “Objecto Eleito”, a Mente Divina.

Esta absorção na Meditação resulta de certos processos mecânicos do cérebro, desenvolvidos e educados pela Concentração, e torna-se irreversível; depois de se tocar certos planos espirituais aos quais a Meditação conduziu, começa então verdadeiramente a realização interior e já não é possível voltar atrás.
A Meditação acelera o desenvolvimento evolutivo do próprio cérebro, onde se operam mudanças nas células e por consequência na forma de pensar, actuar e viver, o que leva progressivamente ao alargamento de Consciência.
Têm sido lentos os avanços da ciência sobre o conhecimento dos mecanismos do cérebro e portanto, ainda pouco se sabe sobre o nosso próprio funcionamento cerebral. Infelizmente, enquanto os cientistas continuarem a rejeitar o Espírito, não se adiantarão muito no conhecimento da consciência e do cérebro, nem na descoberta de meios para a cura de muitas doenças.
O cérebro é o suporte da Consciência que, por sua vez, é a manifestação do Espírito, mas na realidade, embora todos os cérebros humanos sejam física e aparentemente iguais, a forma como ele é usado difere, devido à consciência de cada um. Assim, há seres cujas áreas do cérebro são mais estimuladas acelerando a evolução de consciência, onde em outros, elas permanecem passivas. É a evolução espiritual que determina não só a Inteligência-Consciência, como demonstra o aperfeiçoamento do carácter, e consequentemente, a qualidade de viver. É no cérebro que se encontra o mistério da nossa humanidade e divindade.

Seria importante para aqueles que praticam certos métodos espirituais, conhecer os mecanismos do cérebro na sua função física e assim acompanhar melhor as suas próprias transformações internas, assim como a Ciência, deveria conhecer a funcionalidade do cérebro quando se pratica uma modalidade espiritual, especialmente a Meditação; como ela influencia a regeneração do próprio cérebro, e compreender finalmente, a manifestação do Espírito. Este elo é o ponto fundamental para se entender a evolução da própria vida humana. A tentativa de cura de doenças através de aditivos químicos não é a solução equilibrada, pelo contrário, pode vir a contribuir para grandes obstáculos e perturbações mentais, bem como bloquear o próprio caminho evolutivo espiritual, desencadeando assim, processos kármicos dramáticos, não só no presente como em vidas futuras. Por exemplo, conhecer melhor a função da Glândula Pineal onde se produz a “célebre” Melatonina, órgão que tinha sido rejeitado pela ciência como importante, embora Descartes tenha intuído a sua importância, bem como as tradições filosóficas e religiosas da Índia falam da Glândula Pineal, como o ponto de encontro entre a matéria e o Espírito.

A Melatonina fabrica-se no escuro e no silêncio, e tal como a prática da Meditação engloba o silêncio e a quietude de pensamento. A Melatonina, de forma geral, produz-se mais durante a noite quando se dorme, porque é a forma sábia da própria natureza fazer parar a acção do ser humano e obrigar à regeneração do organismo. De facto, quem tem uma vida agitada gasta mais a sua própria energia, que o mesmo é dizer a sua Melatonina. Pode-se, porém, produzir mais Melatonina durante o dia apenas sentando, parando a mente, entrando no Silêncio. (Mais informações no livro “O Silêncio” de Maria)

Prosseguindo no nosso esquema, compreendemos que o alinhamento dos nossos corpos, físico, mental e espiritual é na realidade o mais importante. A partir desta consciência, que resulta desse alinhamento e equilíbrio, a Meditação será uma prática tão fundamental como respirar e comer.
O quarto e último passo, é o resultado da aspiração ao Divino, trabalhado e realizado pela prática persistente da Meditação, que leva ao Samādhi: a União com Deus (Objecto Eleito).
A mente em Samādhi funde-se com a Mente Divina.

Convém explicar, que o estado de Samādhi, é um estado de beatitude consciente, de ligação com o Divino, e não deve confundir-se com estados de transe, termo usado na maior parte dos casos por gente ignorante, acerca dos estados mais elevados, dos que se encontram em adiantada evolução espiritual. Os transes são formas primárias de mediunidade, portanto estados inconscientes. Actualmente está em moda fomentar-se estados alterados de consciência, que pouco têm de elevação espiritual, através de drogas em círculos xamânicos.
No Samādhi predomina sobretudo a comunicação, a união de forma inteligente, lúcida, à Mente Divina. O êxtase ou o Samādhi é a união com Deus e engloba uma grande expansão de Consciência através do coração e da mente.

Tempo de Meditação

Vamos agora para a 3ª experiência da prática da Concentração e Meditação.

Os meios que demos anteriormente foi a prática da concentração e verificaram que a mente sendo instável, pula de pensamento para pensamento, como o mostrado no esquema, mas acreditando que conseguiu passar a 1º fase, a de educar a mente, seguirá adiante com uma certa determinação mental e vai começar a direccionar a mente para os planos elevados da Mente Divina, ou o “Objecto Eleito”.

Prepare-se e cuide previamente do ambiente.

Para limpar astralmente o seu lugar de Meditação, ponha uma música suave que ajuda a captar boas energias e a afastar as inconvenientes.

Desligue os telefones.

Acenda um incenso…

De pé, faça uns exercícios de limpeza corporal e psíquica com as mãos ao longo de corpo, para retirar energias mais densas que possam estar na aura e mentalmente peça protecção às forças superiores.

Prepare a forma como vai sentar-se. Na posição de Yoga (siddhāsana), sentado numa almofada suficientemente alta para apoiar a coluna, mas, com as pernas fora da almofada, assentes no chão. Só o cóccix deve assentar.

Agora que já foram evocadas as energias benéficas, desligue a música.

Dê Graças pela oportunidade e silencie todo o seu Ser…

Primeiro, faça a Concentração, Dhāraṇa; retirando os pensamentos e ao fim de algum tempo entrará em Dhyāna, Meditação.

Aqui lhe deixamos este passo para praticar e através deste esquema compreender os mecanismos da mente. Ele ajuda a prosseguir no processo de Concentração, até sentir a mente inclinada numa só direcção, que é o “Objecto Eleito”.

Assim, quando sentir a mente segura e tranquila dirija-a conscientemente com determinação à Mente Divina. O resultado é aquilo que constitui a realização pessoal e que torna único cada Ser…
Só com persistência haverá resultados. Pratique com determinação!
   


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Impresso em 28/3/2024 às 8:43

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