Fundação Maitreya
 
Apolónio de Tiana

de Lubélia Travassos

em 19 Out 2006

  Apolónio de Tiana, o mais famoso Filósofo Greco-romano, grande Sábio, Profeta e Renovador dos Mistérios, viveu durante o primeiro século da nossa Era e dedicou toda a sua vida a promover o melhor e mais elevado na tradição religiosa de todos os povos, ao adoptar uma atitude universal. Como um verdadeiro ecuménico não só aceitou a religião de todos os povos e grupos espirituais, como também os ajudou a se tornarem melhores dentro da sua própria tradição, parâmetros culturais e religiosos.

Apolónio de Tiana na Índia

Apolónio de Tiana, o mais famoso Filósofo Greco-romano, grande Sábio, Profeta e Renovador dos Mistérios, viveu durante o primeiro século da nossa Era e dedicou toda a sua vida a promover o melhor e mais elevado na tradição religiosa de todos os povos, ao adoptar uma atitude universal. Como um verdadeiro ecuménico não só aceitou a religião de todos os povos e grupos espirituais, como também os ajudou a se tornarem melhores dentro da sua própria tradição, parâmetros culturais e religiosos. Este grande filósofo, além dos seus ensinamentos públicos, teve uma vida secreta, que nem mesmo o seu discípulo favorito teve acesso. Sabe-se que viajou até terras muito distantes e que também desapareceu do mundo por muitos anos. Teve acesso aos santuários dos Templos mais sagrados, assim como aos círculos internos das comunidades mais exclusivas, mas o que fez ou disse nesses lugares permanece um mistério.

Há semelhanças notáveis entre as vidas, ensinamentos e milagres de Apolónio e os de Jesus. Os ensinamentos e a imagem de Apolónio foram, até ao fim do século II, reverenciados por todos os povos que visitou. Através de Filostrato sabemos que Apolónio visitou os mais diversos grupos esotéricos, de todo o tipo de seitas e religiões, nos diversos países onde esteve. Filostrato menciona que ele passou algum tempo na Arábia onde foi instruído. Caso curioso porque, pelo que se sabe Apolónio normalmente visitava comunidades religiosas diferentes, para instruí-las e restaurar os seus rituais. Há uma referência que aponta ter Apolónio passado algum tempo com a comunidade Essénia de Qumran no Mar Morto.

Consta que este Filósofo foi um grande seguidor entusiasta da disciplina Pitagórica. Segundo Filostrato, ele nunca se vestiu com indumentárias que tivessem procedência de qualquer animal, e a sua alimentação era muito pura, abstinha-se de comer alimentos que tivessem tido vida, nem os oferecia em sacrifício, como era hábito na altura. Não achava bem que se manchasse de sangue os altares, pois os deuses aceitariam de boa vontade apenas os bolos de mel, o incenso e os cânticos que elevavam os homens até aos deuses, para aprenderem com eles o conhecimento da natureza. Apolónio costumava orar e meditar três vezes ao dia, isto é, de manhã cedo, ao meio-dia e ao pôr-do-sol. Onde quer que ele estivesse praticava e dedicava, sempre, alguns momentos, à meditação silenciosa. O objecto da sua adoração era o Sol, que ele considerava o Senhor glorioso do nosso mundo e dos mundos irmãos. Os seus ensinamentos tinham um estilo prático, com frases curtas e palavras convincentes, que se ajustavam aos factos. Ele costumava usar, como exemplo, ocorrências de acontecimentos comuns e conseguia que os seus ouvintes prestassem atenção à voz interna da Filosofia.

Ainda que as viagens deste grande Mago sejam correctamente descritas em sentido alegórico através de Damis, o seu discípulo favorito, tudo o que ele descreveu aconteceu realmente. A narrativa de Damis, baseada, completamente, nos signos zodiacais, sob a direcção de Apolónio, e traduzida por Flávio Filostrato, é uma história, na verdade, maravilhosa. Damis foi, de facto, o seu discípulo favorito, pois foi o único que o acompanhou nas suas viagens, no entanto não fazia parte do seu círculo interno, daí não saber os segredos de Apolónio, que permanecem um mistério.
A viagem de Apolónio à Índia simboliza as provas de um neófito, que dá ao mesmo tempo uma ideia da geografia e topografia de determinada região. Lá, teve longas conferências com os Brâmanes, cujos conselhos sábios destes, junto com os diálogos com Menepito de Corinto, proporcionaram, a quem conseguir interpretá-los, um verdadeiro catecismo esotérico.
No solo Indiano, Apolónio de Tiana e o seu discípulo Damis, depois de atravessarem o Kush Hindu, viajaram pelo interior da Índia, para um lugar onde “a observação dos elefantes” costumava estimular muito o interesse e a discussão. O trabalho espiritual na vida de Apolónio consistia na prática da filosofia, assim como no ensino dos que desejavam aprendê-la. Apolónio tinha o hábito de evocar lições de moral, com base na história natural destes maravilhosos animais, de forma moderada. Não pretendia com isso ofender susceptibilidades, nem parecer pregar àqueles cujo carácter não era suficientemente forte, mas sim transmitir a todos a sua sabedoria pura.

Num dos seus ensinamentos, há um episódio em que o Mestre induz o discípulo, Damis, a pensar no prodígio que é um animal, como o elefante, tão poderoso como uma fortaleza viva, ao ser guiado por um rapazinho Indiano... Damis confessa estar tão maravilhado que seria capaz de comprar o rapaz se pudesse, por que se ele conseguia guiar um elefante, conseguiria, com certeza, dirigir uma grande casa de família de forma ainda melhor... Mas, o Mestre declarou-lhe que não era bem assim. O elefante é que era prodigioso, porque possuía uma grande independência, que lhe permitia governar-se a si próprio, por amor ao rapaz. O Mestre continua: «Na verdade, de todas as criaturas o elefante é a mais dócil. E, uma vez acostumado a submeter-se ao homem, é capaz de suportar todas as coisas que provêem dele. Adapta-se ao seu gosto, e adora ser alimentado pela sua mão, tal como um cão de estimação. Quando o zelador aparece gosta de acariciá-lo com a sua tromba, assim como deixá-lo pôr a cabeça dentro da sua boca, que consegue manter aberta o tempo que ele desejar. Verifica-se essa prática entre os Nómadas. No entanto, diz-se que à noite ele costuma lamentar a sua servidão, não com o barulho ensurdecedor, natural noutras alturas, mas com um murmúrio baixo e comovente. Caso alguém o surpreenda nesta situação, ele reprime o seu lamento, como se ficasse envergonhado. Por isso, é o elefante que se governa a si próprio, e é, por conseguinte, a própria natureza dócil que influencia a sua conduta, mais do que o rapaz no seu dorso que parece manejá-lo».

Damis regista esta conversa, e Filostrato publica-a. Certo é que os discursos de Apolónio se encontram tão repletos de lições maravilhosas que é uma pena não haver qualquer indicação que mencione que Damis as tenha visto na prática ou não. Contudo, tal como acontece com os ensinamentos da Escola Indiana de Filosofia, que Pitágoras exercia, não serem desconhecidos, é natural que verifiquemos o impacto, do que possa parecer a muitos, de não passar de um pouco mais que conversa filosófica fiada. Nesta conversa simples sobre elefantes, que Apolónio de Tiana conhecia melhor que o seu discípulo, ainda que ambos os tivessem visto, pela primeira vez, ele procura, nesta viagem, usar uma ilustração exotérica, para descrever as doutrinas de fraternidade universal, que incluem todos os que vivem e respiram, e não são apenas exclusivas ao género humano. Na mesma perspectiva, encontra-se a vida do filósofo, que se submete às leis da natureza por sua livre vontade, e não como um escravo para com o Mestre. Ele cumpre o seu dever na situação presente, até se desenvolver, fora daquelas circunstâncias, em devido tempo, e se torna mais sábio pela experiência. Assim, muitos destes diálogos demonstram o método. A situação é posta, insipidamente, perante o aluno e, se ele for inteligente, a intuição mostrar-lhe-á a prática que deverá seguir ou não conforme lhe agradar. De qualquer forma, o Instrutor nunca o forçará a nada e, por vezes, dissimula propostas de imensa importância sob uma aparência exterior de conversação trivial.

Tal como refere Filostrato: “Eles tiveram juntos muitos discursos filosóficos do género, a maior parte dos quais extraídos das ocorrências do dia a dia, conforme merecesse ser comentado.” De acordo com as palavras da Escola Indiana de Filosofia – “A Vida é o Principal Instrutor”.
Madame Blavatsky, no seu Glossário Teosófico, devota quase uma página completa a esta figura histórica, Apolónio de Tiana, que nasceu numa cidade Greco-Romana, agora conhecida pela Turquia moderna. Alguns referem que o seu nascimento data do ano 3 AC.
Como já se disse, Apolónio foi um ardente Pitagórico, que estudou as ciências Fenícias segundo Euthydemus e a filosofia Pitagórica e outros estudos de Euxenus de Heráclia. De acordo com os dogmas desta Escola, permaneceu vegetariano toda a sua longa vida, alimentando-se apenas de frutos e ervas. Não bebia vinho, usava roupas feitas, apenas, por fibras de plantas, que ele chamaria de linho. Caminhava descalço, e deixou crescer o cabelo até ao comprimento máximo, como todos os Iniciados antes e depois dele. Ele foi iniciado pelos sacerdotes do Templo de Asclepias de Aegae, e aprendeu muitos dos ‘milagres’, para curar os doentes, forjados pelo deus da medicina.

Tendo-se preparado para uma iniciação superior através de um silêncio de cinco anos, e fazendo viagens... ele fez o percurso via Babilónia para a Índia. Todos os seus discípulos íntimos o abandonaram, porque temiam ir para a “terra dos encantamentos”. No entanto, Damis, um discípulo casual, que ele encontrou no seu caminho, acompanhou-o sempre nas suas viagens. Na Babilónia, foi iniciado pelos Caldeus e pelos Magos, de acordo com o que diz Damis, narrativa que foi copiada por Filostrato cem anos mais tarde.
Na Doutrina Secreta, Helena P. Blavatsky menciona que o diário de Damis sobreviveu quase por milagre, e perdurou apenas para contar a história.
Depois do seu regresso da Índia, Apolónio tornou-se um verdadeiro Iniciado, profetizando pestilências e terramotos, mortes de reis e outros acontecimentos, que se deram na realidade. Porém, em Lesbos, os sacerdotes de Órfeu, com inveja dele, recusaram iniciá-lo nos seus mistérios peculiares, embora o tenham feito anos mais tarde.

Ele pregou, para o povo de Atenas e de outras cidades, a mais pura e nobre moral, e os fenómenos que produziu foram tão prodigiosos quanto numerosos, assim como foi provada a sua autenticidade. «Como é isso possível», interroga Justin Martyr assustado – «como é possível que os talismãs de Apolónio tenham poder, quando impedem, como podemos ver, a fúria das ondas, a violência dos ventos e os ataques dos animais selvagens? Enquanto os milagres de nosso Senhor são preservados só pela tradição, os de Apolónio conseguem ser mais numerosos e manifestados, na realidade, em factos presentes?» Contudo, a resposta para isso é facilmente encontrada, atendendo ao facto de que depois de atravessar o Kush Indiano [uma cadeia de altas montanhas no norte do Paquistão e Afeganistão], Apolónio foi guiado por um rei ao domicílio dos Sábios... onde foi ensinado a ultrapassar o conhecimento. Os seus diálogos com Menepito de Corinto revelam, na verdade, quando entendidos, muitos dos importantes mistérios da natureza.
Apolónio era o amigo, o correspondente, o convidado de reis e rainhas, e nunca houve poderes maravilhosos ou mágicos melhor testemunhados do que os seus. No fim da sua longa e maravilhosa vida ele abriu uma escola esotérica em Éfeso, e morreu com quase cem anos.
   


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