Fundação Maitreya
 
Ajanta

de Brinda Gill

em 06 Dez 2007

  «Por essa causa, a adoração e o louvor (oferecido a Ele) têm sempre uma recompensa, e produzem uma grande e abundante vantagem; e naquele momento se até uma flor for oferecida, ela torna-se motivo de recompensa, chamada céu e libertação final».

Um exemplo perfeito de Arte Budista

Esta é a inscrição na Gruta 26, em Ajanta no Estado de Maharashtra, e segundo informação histórica, um o monge (Budabadra) tinha ordenado e providenciado a escavação da gruta no final do século V. Havia um mercador, Budabadra, que tinha renunciado ao mundo e tinha-se retirado em Ajanta, provavelmente com muita da sua riqueza.
E a inscrição indica subtilmente o seu objectivo: se uma flor for oferecida por um devoto ele será premiado, depois uma sala de oração maravilhosa, enfeitada com pinturas e esculturas apresenta cenas da vida do Buddha, que irão definitivamente garantir muito mérito ao seu doador.
Reflectindo a filosofia Budista, eles subscreviam para os monarcas e os comerciantes patrocinavam as escavações de santuários cortados na rocha. Dessa forma, uma fila elaborada de grutas budistas decoradas foram cortadas nas montanhas isoladas voltadas para o pedaço do Rio Waghora em Ajanta, Maharashtra, oferecendo um dos capítulos mais interessantes da história de arte antiga.

Com o decorrer dos séculos, depois da morte do Buddha por volta de 486 a.C., foram constituídos comités para discutir interpolações diferentes da sua mensagem e filosofia original. As diferenças de interpretação conduziram inevitavelmente ao aparecimento de diferentes grupos, e no início do século da Era Cristã, o Budismo Mahāyāna surgiu com uma filosofia diferente dos Hīnayānas, os discípulos mais próximos dos ensinamentos do Buddha. Em Bit, os Hīnayānas ortodoxos não apresentavam o Buddha nas imagens, mas sugeriam sua presença em símbolos tais como o cavalo (significando sua renúncia), a árvore Bodhi (sua iluminação), a Roda (seu primeiro sermão no Deer Park em Sarnath) e a stupa (seu local de descanso final). Por outro lado, os Mahayanistas acharam aceitável a escultura e a pintura da imagem do Buddha, abrindo um capítulo glorioso na arte indiana.

Um conceito importante enfatizado pelo Mahāyāna é a crença no Bodhisattva, um ser espiritual que defere sua própria Iluminação, de maneira que ele pode ajudar a humanidade na sua busca pela auto-realização. Acreditam que o Buddha antes de nascer como Siddhārta Gautama, tinha passado por vidas inumeráveis, na forma animal e humana. O Mahāyāna enfatizava o papel de Buddha como um Bodhisattva, durante o qual ele assumiu os sofrimentos dos outros oferecendo-lhes uma orientação e compaixão. Assim, a crença Mahāyāna centraliza-se na organização monástica que conduziu para a transição de retiros em pequenas celas cortadas na rocha, para enormes salas de oração e mosteiros cortados na rocha.

Mais adiante, a crença Mahāyāna de que o mérito poderia ser transferido de uma pessoa para a outra por meio de um acto devoto, conduziu os comerciantes ricos a dar oferendas generosas ao Sangha Budista, um acto que também os ajudou a adquirir mérito. As doações também adquiriram a forma de escavações de chaityas ou salas de oração viharas ou mosteiros. Como os Mahayanistas acreditavam que os Bodhisattvas e o Buddha poderiam ser representados por imagens, esses santuários foram agraciados com pinturas e esculturas. E, dessa forma, surgiram as lindas chaityas e viharas em Ajanta, agora um local do Património Mundial na lista da UNESCO.
Das 1.100 grutas cortadas na rocha nas regiões de Orissa, Bihar, Gujarat, Karnataka, Andhra Pradesh e Maharashtra cerca de 900 estão localizadas no Decano no qual a maioria é budista, e entre elas Ajanta é uma expressão artística singular.
A Gruta número 10, a mais antiga chaitya é possivelmente a escavação mais antiga de Ajanta, tem pinturas com data de meados do século II a.C., e incorpora símbolos do Buddha tais como a Árvore de Bodhi e a Stupa. Mas as pinturas posteriores (com data de cerca do século V e VI) e a escultura na Gruta 10, bem como nas outras grutas de Ajanta, apresentam o Bodhisattava e os eventos da vida do Buddha.

Contando a história de Ajanta, o Dr. A.P. Jamkhedhkar, ex-Director de Arqueologia e Museus, Maharashtra, diz que «Ajanta oferece uma história sem interrupção do desenvolvimento de arquitectura religiosa do Budismo, durante um período de 700 anos embora houvesse uma calmaria de cerca de quatro séculos no meio de duas fases de actividade».
A segunda fase de actividade religiosa e artística no local conduz a arte de Ajanta para um nível sublime. «Em Ajanta, os Vakatakas, que eram parentes pelo casamento dos legendários governantes Guptas do norte a Índia (no início do século V), comissionaram a escavação de grutas cortadas nas rochas. Eles acenderam a ultima chama da arte clássica da Índia neste local que continua acesa até hoje, pois Ajanta, um local sem igual na escultura, arquitectura e pintura, com uma elevada beleza técnica. Os murais feitos nas paredes, tetos e pilares, transmitem a todo o mundo: os reis, o Buddh e o povo em narrativas que tornam reais e transmitem histórias e sua moralidade aos visitantes como um exercício subtil de auto-realização».

«Assim, através da arte de Ajanta nós podemos aprender sobre as várias facetas da vida antiga –desde o traje do povo, trabalho artístico dos artesãos e crenças religiosas daquela época até à posição política e económica dos governantes».
Enquanto os Guptas – seu governo é lembrado como “A Era Dourada” – encontravam-se sob o ataque dos Huns do Oeste, o Dr. Jamkhedkar disse, os Vakatakas não foram afectados pela invasão Hun e ofereceram ao país uma herança na forma de Ajanta. O governante Harishena (462-483) e seus feudatários, bem como comerciantes ricos, financiavam as escavações das cavernas com a intenção de acumular mérito e, provavelmente a considerarem-se como Bodhisattvas. «Com Harishena, (cujo reinado ia de Ujjain a Karnataka, de Andhra Pradesh a Gujarat e até à Costa de Konkan) parecia que toda a corte trabalhava para Ajanta, pois havia naquele local uma intensa actividade: as grutas eram escavadas, pintadas e enfeitadas com esculturas».

O Dr. Jamkhedkar faz menção ao Dr. Walker Spink, que ficou tão apaixonado por Ajanta, pois achou que Ajanta tinha sido comissionada pelo maior rei do mundo, e Ajanta é o maior monumento desse grande governante. A expressão artística de Ajanta viajou para outras terras, por terra e pelas rotas marítimas comerciais, e acredita-se que as pinturas budistas nas salas de oração e mosteiros de Sri Lanka, Afeganistão, Nepal, Tibete, Mongólia, China e Japão foram inspirados por aquelas que se encontram em Ajanta.

No século XVII, o Budismo começou a desaparecer, e Ajanta lentamente se perdeu no mato. As grutas foram descobertas em 1819 depois de vários séculos. Não por um monge ou mercador, mas por um oficial da East Índia Company que andava à caça de um tigre.
Intrigado pelo visual de uma formação fora do comum, na face da rocha, no vale abaixo – um local que agora se chama Ponto de Vista de Ajanta – seu grupo aventurou-se a ir mais abaixo para descobrir a herança perdida. Desde então tem havido muitos esforços de restauração para conservar as grutas especialmente as pinturas.

Hoje, as grutas de Ajanta são um dos destinos turísticos principais da Índia e a melhor época é depois das monções, quando o campo fica coberto de verde e a água do rio corrente. A paisagem da natureza é perfeita, e também a beleza de Ajanta.
Ela permanece na memória durante muito tempo.
Cortesia da Revista Índia Perspectives.

Cortesia da Revista, India Perpectives
   


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