Fundação Maitreya
 
Graça e Coragem

de Ken Wilber

em 15 Jan 2007

  Em Graça e Coragem, as reflexões do filósofo Ken Wilber entrelaçam-se com o diário de sua mulher, Treya, dando lugar a um relato profundamente humano, que transmite o impacto que esta experiência tem na vida do casal e que os leva ao questionamento das suas convicções espirituais, perante a realidade da enfermidade e da morte.


“Um olhar profundo e sofrido sobre a vida, o amor, a morte e a ressurreição”.

Ken Wilber é um dos mais influentes pensadores do nosso tempo. Escreveu até agora 25 livros muitos dos quais foram publicados em mais de 30 idiomas, sendo o escritor académico mais traduzido dos EUA. Sendo um dos pioneiros da Psicologia Transpessoal foi um dos primeiros psicólogos ocidentais a realizar um mapa de consciência e a ter uma visão global da mesma.
Wilber integra e valoriza as diferenças nas várias abordagens – Freud, Jung, Maslow May e outros, assim como as de grandes líderes espirituais como Buddha ou Krishnamurti – numa verdadeira síntese entre ocidente e o oriente, entre o nosso hemisfério direito (racional-analítico) e o hemisfério esquerdo (intuitivo sintético).
Por fim, consegue integrar todas as áreas do conhecimento numa poderosa e revolucionária metateoria denominada Modelo Integral ou Sistema Operacional Integral.
Fundou em 1998, o Integral Institute, actualmente com um corpo de mais de 400 pensadores que desenvolvem, sob o enfoque integral, teorias e metodologias práticas na área da Psicologia, Negócios, Política, Medicina, Educação, Direito, Arte, Ecologia e Espiritualidade.

Segue a síntese de um texto de Kin Wilber de grande interesse nesta obra, sobre os níveis de Consciência, feita por Zelinda Gonçalves.

Estruturas Básicas da Consciência

Níveis de Desenvolvimento Pessoal
A ideia que preside ao diagrama é a seguinte:
«O crescimento e o desenvolvimento da consciência ocorrem através duma série de estádios ou níveis, desde o menos desenvolvido e menos integrado até ao mais desenvolvido e mais integrado»
«Provavelmente existem dúzias de níveis diferentes e de tipos de níveis de crescimento; eu seleccionei nove de entre os mais importantes. São estes que se encontram listados na primeira coluna, “estruturas básicas da consciência"».
«À medida que o eu se desenvolve em cada estádio as coisas podem passar-se de uma forma relativamente boa ou de uma forma relativamente deficiente. Se as coisas correrem bem, o eu desenvolve-se normalmente e desloca-se para o estádio seguinte (…) Mas se as coisas correrem persistentemente mal num determinado estádio então podem se desenvolver várias patologias, o tipo de patologia, o tipo de neurose, depende precisamente do estádio ou nível em que ocorre o problema. Por outras palavras, em cada estádio ou nível de desenvolvimento, o eu enfrenta determinadas tarefas».
Para evoluir o eu tem que se desidentificar do estádio inferior, criando assim espaço para o novo estádio mais elevado. Tem que se diferenciar do estádio inferior, identificar-se com o estádio superior, e depois integrar o superior com o inferior
A tarefa de diferenciação e depois de integração é designada por "fulcro” – que é o ponto de viragem determinante, ou um passo essencial no desenvolvimento.
Se algo corre persistentemente mal num determinado fulcro surge uma patologia específica e característica.
As nove patologias principais estão listadas na terceira coluna.
Na quarta coluna encontram-se as “modalidades de tratamento” que o autor considera mais adequadas

Em ordem ascendente os nove níveis são:
1 – Níveis sensório-físicos Incluem as componentes
- material do corpo
- sensação
- percepção
Piaget chamava “inteligência sensório-motora”
Aurobindo chamava “físico-sensorial”
O Vedānta chama – Annamāya-Koṣa

2 – Nível emocional fantasmal
- trata-se do nível emocional-sexual
- nível do impulso da líbido, do elan vital, da bio-energia, do prāṇa, acrescido do nível das imagens, as primeiras formas mentais.
- as imagens começam a emergir na criança por volta dos 7 meses de idade
- Arieti designa como “nível fantasmático”

3 – Níveis da mente representacional ou abreviando “mente-rep”
- aquilo que Piaget chamava “pensamento pré-operacional”
- consiste em símbolos que emergem entre os 4 e 7 anos

4 – Nível da mente regra-papel
- desenvolve-se entre os 7 e 11 anos
- é o que Piaget chamava “pensamento operacional concreto”
- os budistas chamam-lhe “manovijñāna”
- é a mente que opera concretamente segundo a experiência sensorial
- eu (Ken Wilber) chamo-lhe “regra-papel” porque é a primeira estrutura que pode executar um pensamento dominado por regras
- é a primeira estrutura que pode desempenhar o papel de outra, ou assumir verdadeiramente uma perspectiva distinta da sua.
- é uma estrutura que pensa que os mitos são concretamente verdadeiros, literalmente verdadeiros

5 –Nível reflexivo-formal
- é a primeira estrutura que é capaz de não só pensar mas também pensar sobre o pensamento.
- é por isso altamente introspectiva e capaz de realizar um raciocínio hipotético.
- aquilo a que Piaget chamou “pensamento operacional” pelo idealismo
desregrado e pela auto-centração florescente
- Aurobindo refere-se a este estádio como “a mente que raciocina”
- o Vedānta chama-lhe “manomāya-koṣa.

6 – Nível existencial ou visão lógica
- é uma lógica integradora, inclusa, entrelaçadora – que liga diferentes partes entre si.
- Aurobindo chama-lhe “mente mais elevada”
- no Budismo é o “manas”
- é uma estrutura muito integrativa
- é capaz de integrar a mente e o corpo, numa união de ordem superior a que eu (Ken Wilber) chamo de centauro para simbolizar a união mente-corpo.

7 – Estrutura ou nível psíquico
- não significa capacidades psíquicas “per si” embora estas possam começar a desenvolver-se aqui.
- basicamente significa apenas os primeiros estádios do desenvolvimento transpessoal, espiritual ou contemplativo.
- Aurobindo chamou de “mente iluminada”

8 – Nível subtil ou estádio intermédio do desenvolvimento espiritual
- sede de várias formas luminosas, “formas divinas” ou “formas de divindade”
- no Budismo é designado por “yidam”
- no Hinduismo por “īśtaveda” (não confundir com as formas míticas dos níveis 3 e 4)
- é a sede do Deus pessoal- sede dos verdadeiros arquétipos transpessoais e formas supra-individuais
- Aurobindo chama de “mente intuitiva”
- o Vedānta de “vijñānamāya-koṣa
- o Budismo de “ālaya-vigñāna”
9 – Nível causal ou fonte pura não manifesta de todos os outros níveis inferiores
- a sede não de um Deus pessoal, mas de uma Divindade ou Abismo informe
- Aurobindo chama-lhe “sobre-mente”
- o Vedānta chama de “ānandamāya-koṣa, o”corpo da beatitude”

Finalmente, o papel onde todo o Diagrama está desenhado representa a realidade verdadeira ou espírito absoluto, que não é um nível a par com os outros mas o fundamento ou Realidade de todos os níveis.
- é a “super-mente” de Aurobindo
- o “ālaya” puro do Budismo
- o “turīya” no Vedānta

Nível 1 = matéria
Nível 2 = corpo
Níveis 3, 4 e 5 = mente
Nível 6 = integração de mente e corpo (“o centauro”)
Níveis 7 e 8 = alma
Nível 9 + o “papel” = espírito

Editora Estrela Polar
Cortesia da Fnac Cascaishopping
   


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