Poemas
de José Carlos Rodrigues em 06 Fev 2008 "Poesia é a Alma em movimento voando entre as flores da vida. Pela Poesia se extravasa a alegria da liberdade nas asas do Pensamento rumo ao Divino, em amorosa expansão. A poesia é a forma sintetizada da palavra, que ressoará tanto mais cristalina, quanto mais transcendente se torna.
Ela tornou-se no ressoar do próprio ser interior, do homem em Silêncio. Quando do homem Ecoa o Seu Som, acontece a poesia Silenciosa". (A Expansão Cósmica da Luz). Maria Ânsia de Liberdade Às vezes sinto uma grande vontade De saltar, sair e correr, Por vales e montanhas, Praias, rochas e mar, Encontrando nesse refúgio Um modo livre de estar, Sensação curta, que apenas dura O tempo de escapar. Sensação de liberdade impermanente! Porque no exterior, No andar, no saltar e no correr, A actividade permanece E a liberdade parece Que se vai estabelecer. No entanto no regresso, Apesar da euforia, E de toda a beleza, Sinto alguma tristeza, E não sinto a alegria! Porque essa ânsia de liberdade Bateu tão levemente, Foi exterior, foi ilusão, Foi impermanente, E não deixou o sentir Da alegria profunda Que sinto quando medito Com calma e sem porvir. Afinal essa ânsia Não passa de um instante, De euforia, de actividade, Mas que escorrega sem notarmos, Ficando apenas a memória, Por agradável que seja, Que não nos deu liberdade! A liberdade, essa sim, É encontrada dentro de mim. Quando o silêncio se instala, E me deixa em quietude, Aí, o mundo pode girar, Que nada me retira a paz E a alegria que não fala Mas sentida em plenitude! Essa sim é a liberdade, De viver sem ânsia, sem fobia Da actividade experimentada E que nos deixa melancolia; Ao contrário: escutamos alegremente O silêncio, como um pensamento! E num momento, No nosso Ser, A paz instalada É transmutada Em alegria Num suave e doce contentamento. Fogueira de Palavras Tive uma visão Que me serviu De clarificação: Uma fogueira de palavras! Umas rodavam, Pululavam, Dançavam, Tal como labaredas, Com cores e brilho Luminosidade, Que pareciam trazer Vaidade. Outras aconchegadas, Muito juntas em silêncio, Condensadas, Que o vento não deixava Ficarem aquietadas. Eram como o carvão Ou pedaços de madeira Densas, juntinhas A quererem ficar em paz. Mas Paz É coisa que não se faz, Quando há dança por cima delas, Tal era a algazarra, Que as puxava, Para se manifestarem, Na roda com fanfarra! Afinal o silêncio Em que se queriam manter, Não tinha possibilidade De permanecer. O calor pressentido Da actividade à volta delas, Fazia-as distrair, E o silêncio quebrava, Quando o vento soprava; As palavras tão juntinhas Deixavam de ter querer, Eram convidadas a sair. A dança das palavras Ora juntas, ora quebradas, Todas elas com sentido Vinham muito energizadas. Porque “visão” tem “ver” no seio, “Clarificação” tem “tornar claro” No seu meio. As danças e os jogos, São apenas alegria Manifestação de quem não quer Perder nada da folia. Com tanta actividade Tanto ao calor como ao vento, Junta-se sempre o som. Que felicidade! Que bom! Eram as próprias no arraial Que emitiam o som afinal. Nesta visão percebi, Que as palavras são compostas, Pela intenção que as forma, Pela energia que as transforma, A frequência que as rodeia, E o som que as permeia. Muito forte, danifica, De mansinho são quentinhas, Mas no silêncio, As que o vento quer deixar, São ricas de verdade, Milionárias de energia Vão ficar! Sussurradas são confidência, Que transmitem confiança, Em tom calmo têm a frequência E dão toda a luz à esperança! De rompante são como facas Que dilaceram o coração! Cantadas elas se elevam Tal como uma oração. As melhores são as palavras, Guardadas como carvão e madeira, Pois ressoam em nós em silêncio, Energia interior para a fogueira. Inflamam a alma Como chama ardente, Que sobe desmesuradamente, Pelo coração, até à mente! Conchas em Janeiro No Algarve, em Janeiro Vêm ter à beira-mar Conchas lindas de encantar Para quem as apanhar primeiro. Têm cores lindas de olhar Branco, castanho e amarelo, Com um brilho que é tão belo Coloridas, a raiar! . Só apetece exclamar: Oh! A passear à beira-mar, E depois pôr-me a cantar Ré, mi, fá, sol, lá, si, dó. São tão belas de pasmar, Que existe outra razão, Para nos impor a confusão Quando nos quedamos a olhar. . Como caudas de pavão Coloridas a partir dum centro, Sentimos que vem de dentro, Imaginação a irradiar E que nos leva a voar. E porque não pensar, Que as deixou ali uma fada? Asas de anjo parecem Uma realidade manifestada. Olhando para elas, que bel! Bem de lado, como são, Percebemos de antemão, Que são asas de Miguel, Rafael e Gabriel! Que engraçado pensar Que as conchas coloridas no mar São uma manifestação, Não da imaginação, Mas dos anjos da criação E do elemento ar. Observando com atenção, Que alegria olhar as cores! Vemos na nossa mão O negro, o verde e o vermelhão. Apercebemo-nos que em tempo ido, Um derrame de alcatrão, Petróleo, ou outro então, Deve ter acontecido! As conchas afinal, Não repudiaram o mal, Antes pelo contrário, Integraram-no Em colorido raio, Como sendo ideal. O que parece maldição, Pode bem ser a lição Para o homem aprender Que a natureza tem o poder De lixo transformar em integração. Estas conchas, Brilhantes e coloridas, Ao analisar São também divertidas. Levei-as para casa, Para as observar. Ao faze-lo, que pena, Percebi uma cena Que não era de alegrar. Desapareceu o brilho que o mar Lhes dá ao molhar. As cores ficaram pálidas, Deixando de ser cálidas. E cheguei á conclusão, Depois de as observar, E de soltar a imaginação, Que mais vale deixá-las Onde estão. Ali os anjos e as fadas Fazem coisas de encantar, Para quem desprevenido As apanha com o olhar, Ficando abençoadas Pela areia, mar e ar. |
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