Fundação Maitreya
 
O Ganges

de India Perspectives

em 24 Fev 2012

  Esta região é considerada como o berço da civilização e da cultura hindu, pois foi nas margens do Ganges onde surgiram as cidades antigas que constituíram os reinos arianos. Os habitantes desta região eram considerados como os mais cultos dos arianos. É um lugar santo da tradição hindu, pois era habitado pelos deuses e heróis das épocas descritas no Ramayana e no Mahabharata. Varanasi é o berço da música classe do norte da Índia, como Thumri, Kajri… os mestres Pandit Ravishankar, Ustad Bismillah Khan, Girija Devi procedem desta região, assim como a famosa dança “Kathak”.

Fonte eternal de alimento terrestre e espiritual

É ao Ganges, rio sagrado cujas águas fluem pelas imensas planícies, a quem se deve a veneração e a pureza da profunda devoção dos crentes.

Esta região que abrange três estados é o berço da cultura, da filosofia e da civilização indiana.
Junto ao Madhya Pradesh encontra-se o magnífico estado de Chattisgarh, famoso pela sua beleza natural e a sua cultura tribal, que permanece inalterada. Os estados de Bihar e de Jharkhand também merecem uma visita. Foi em Bodhgaya, em Bihar, que o Buddha deu o seu primeiro sermão. Jharkhand é um estado com rápido progresso. A nascente do Ganges, no estado de Uttarakhand, é muito conhecida devido às suas procissões religiosas e às suas vistas panorâmicas.

Varanasi é o mais antigo centro de peregrinação de toda a Índia. Os Puranas dizem que esta cidade foi fundada em 1200 a. C. Tem o sobrenome de “Cidade que é uma prece”. Respira-se por todas as partes o profundo e místico Hinduísmo. Possivelmente nenhuma cidade do mundo pode rivalizar com Varanasi, no que se refere à história e antiguidade.
Mais um dia, a aurora desponta em Varanasi, animada por uma multidão de banhistas que se aglutinam em torno de numerosos “ghats” da margem do Ganges, para oferecer as suas humildes preces matinais. Com este acto simples de fé absoluta, a cidade reafirma a sua tenacidade e a sua força.
A cidade eterna de Varanasi é completamente diferente: uma teia de aranha de ruelas estreitas e tortuosas e de avenidas pitorescas, percorridas por peregrinos e sadhus errantes (homens santos), sacerdotes hindus (Brahmanes) que dedicam oferendas aos deuses, espectáculos e hinos védicos; tudo envolto pelos aromas de incenso que emanam dos templos hindus.

Desde a alvorada, os peregrinos praticam as suas devotas cerimónias nos degraus que descem até ao rio. As mulheres, discretamente vestidas com os seus saris de cores resplandecentes, banham-se. Ao seu lado, não menos resplandecentes, grupos de crianças de sorrisos deslumbrantes e olhos brilhantes brincam alegremente.
O desejo mais íntimo de um hindu tradicional consiste em passar os últimos dias num ashram, entoando cânticos religiosos e arrependendo-se dos seus pecados.
O outro nome desta cidade, é Kashi – luminosa, ou a Cidade da Luz. É considerada pelos hindus como a capital permanente do deus Shiva, o maior da terra; é o microcosmos de todo o universo, de tudo o que é santo e sagrado.
O raio de luz das flechas (templos) trespassam o azul do céu, o murmurinho das preces é atenuado pelo som dos sinos de santuários anónimos.

Todo o “ghat” encontra-se coberto de guarda-sóis vermelhos sob os quais estão sentados os Brhamins, que garantem o consolo às almas do purgatório.
De noite, o lugar adquire uma estranha beleza.
Varanasi, cidade das mil auroras e coração espiritual da Índia.
Uma visita a Varanasi sem ver os “ghats” nas primeiras horas da alvorada ficaria incompleta. A imobilidade da noite vê-se compensada pelo surdo som dos sinos dos templos e os cantos de milhares de devotos que se dirigem às águas sagradas do Ganges para se banharem e lavarem os pecados acumulados durante a vida.

Um passeio de barco pelo rio é a forma mais interessante de contemplar os palácios e os “ghats”, incluindo os dois “ghats” de cremação onde os fogos funerários funcionam 24 horas ao dia. Com os primeiros raios de sol, que aparentam acender o Ganges com mil fogos, milhares de devotos tomam o banho cerimonial e os “ghats” animam-se com pessoas de todos os meios sociais, cada um a fazer os seus rituais da mesma forma, como já se faziam há muitos séculos. Existem mais de 80 “ghats nas margens do rio, sendo os mais importantes Dashaswamedha ghat, Manmandir ghat, Harish Chandra ghat, Manikarnika ghat, Tulsi ghat, Assi ghat e Panchganga ghat. Pode obter-se uma melhor perspectiva dos “ghats” a partir de um barco, navegando pelo meio do rio ou a partir da ponte de Malviya.

Varanasi, Kashi ou Bénares (três nomes para uma só cidade) figura entre as cidades mais antigas do mundo e representa o coração espiritual da Índia.
Tomar banho no Ganges em certos lugares purifica a alma. Existem vários lugares santos assentes nas suas margens. Varanasi, Allahabad, Rishjkesh e Hardwar são só alguns exemplos célebres.
E outra agradável experiência da fascinante e misteriosa Índia: misturar-se com os peregrinos… Experimenta-se uma elevação espiritual ao constatar que uma das mais antigas religiões do mundo está ainda viva e pratica-se de forma apaixonada.
Outras cidades sagradas em torno de Varanasi. Sarnath, Patna, Gaya.

Sarnath - É o sítio mítico onde Buddha pregou o seu primeiro sermão. Um dos lugares mais ricos em termos de antiguidades budistas do período de Ashoka, até ao século XII.

Patna. - A cidade denominada antigamente Pataliputra, a cidade do célebre imperador Ashoka. Também era denominada por Kusumpur e Pushpapura, duas formas de dizer “Cidade das flores”. É uma cidade rica em culturas e religiões centenárias. Pode-se ver o passado nas ruínas de Kumrahar, no palácio do imperador Ashoka, na biblioteca oriental Khudabaksh, em Harmandir.

Gaya - Esta cidade é uma etapa importante no percurso que leva os peregrinos de Varanasi e Allhabad a Bihar. É aqui, nas margens do Ganges, onde os devotos vêm celebrar os seus rituais funerários em honra dos seus antepassados. Segundo as suas crenças, este ritual liberta as almas do ciclo hindu dos renascimentos.
O templo de Vishnupad: adora-se aqui as pegadas dos pés do deus Vishnu. O rio Niranjana, em cujas águas o Buddha tomou banho quando acabou a sua penitência. Discorre tranquilo ao longo desta aldeola sossegada. Ao pé da árvore Bodhi, Gautama alcançou o Nirvana e converteu-se no iluminado. O templo piramidal de Mahaddhi, único no seu género no estilo de arquitectura budista, alberga uma estátua dourada gigantesca de Buddha e um átrio ricamente adornado. Ao sul, o lago de lótus onde Buddha tomou banho.
   


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