O Amor Incondicional
de Ramiro Calle em 05 Mai 2012 Segue-se mais um dos belíssimos contos do "Livro do Amor". As histórias e contos que recolhemos deste livro, muitas delas são milenárias, enquanto outras foram criadas pelo autor e integradas no seu conjunto. São contos que os mestres espirituais foram transmitindo desde a noite dos tempos, como exemplos válidos ou analogias para desenvolver a compreensão não só intelectual, mas também emocional e intuitiva. Ramiro Calle estudou os efeitos terapêuticos das psicologias orientais e explorou as pontes que existem entre a meditação e a psicanálise, a terapia e a neurologia. Pioneiro do ensino do Yoga em Espanha, disciplina que lecciona há mais de 30 anos, é director do Centro de Yoga e orientalismo Shadak, o maior centro de Yoga espanhol. É considerado um dos mais importantes escritores orientalistas de Espanha. As suas mais de setenta viagens à Ásia permitiram-lhe estrevistar os mais relevantes especialistas, mestres e orientalistas, experiências que inclui nos seus livros de orientalismo e auto-ajuda, lidos por milhões de leitores em todo o mundo.
Era um mentor espiritual que falava frequentemente aos seus discípulos sobre o verdadeiro amor, aquele que não conhece exigências nem imposições, que está livre de atitudes egocêntricas, desejo de posse ou apego. Mas não é fácil para ninguém compreender esse elevado tipo de amor, que é mais expansivo, altruísta, incondicional e livre. Também os discípulos não conseguiam entender esse tipo de amor, livre de entraves e contaminações, que tudo abrange e é desinteressado, baseado na benevolência, na tolerância e na compaixão e pode abarcar e impregnar todas as criaturas. Perante a incapacidade de os discípulos entenderem esses ensinamentos, o mestre anunciou-lhes: _ Amanhã vamos fazer uma excursão. Mas antes de me virem buscar, passem por uma florista e tragam uma rosa. Os discípulos assim fizeram e foram buscar o mestre depois de adquirirem a rosa. Empreenderam todos, uma boa caminhada até chegarem a uma zona desértica. O mentor pediu-lhes: _ Fixem a rosa na areia pelo pé. Surpreendidos, os discípulos assim fizeram. Então, o mentor perguntou-lhes: _ Digam-me, meus amigos, a rosa continuará a exalar o seu perfume mesmo que nos retiremos e não haja ninguém para o cheirar? _ Claro que sim, mestre – retorquiram os discípulos em uníssono. _ Outra pergunta: mesmo que não haja ninguém para a contemplar, a rosa continuará a exibir toda a sua formosura? _ Naturalmente, mestre, continuará a fazê-lo. E o preceptor disse: _ Pois é assim o verdadeiro amor, o amor incondicional: Exala-se mesmo que não haja ninguém para o receber, inclusive quando ninguém o quiser receber. O sol expande os seus raios de luz e não se preocupa com quem os queira ou não receber, nem deixa de o fazer, mesmo que não haja ninguém para os captar. A verdadeira atitude amorosa é como um perfume que se expande em todas as direcções e que não está tão condicionada ao ego, nem portanto ao egoísmo ou à selecção caprichosa. É o amor sem condições e que não conhece posse, manipulação, servidão, domínio ou abjecção; é o amor que se abre e flui, isento do feroz egocentrismo que impera em muitas das supostas manifestações amorosas. Esse amor é simplesmente amor, pois como dizia Rumí, quando escrevia a palavra amor partia-se o bico do lápis, simplesmente porque não é possível encerrá-lo numa ideia, num conceito, numa palavra. É tão grande! O Livro do Amor Os melhores Contos Orientais |
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