Fundação Maitreya
 
Contra-Aniquilação

de Bhikkhu Dhammiko

em 06 Mai 2012

  Eu sou da 'Realidade Imortal' e venho a este Universo como se a uma cozinha. De repente vejo-me com um corpo, com sensações físicas, com percepção, com formações mentais, com cognição (consciência sensorial)... com uma mente que não é minha. Eu respiro vida para dentro do corpo, eu sustento as minhas unhas, no entanto eu não sou as unhas. Eu faço um bolo, começo com amor, entusiasmo, energia, misturo os ingredientes, farinha, ovos, açúcar, água, mexo tudo, ponho a cozer no forno; qual é a minha relação com o bolo? Eu sou o bolo? Não. Serei eu as unhas, as mãos, braços e todos os constituintes do corpo? Não. Eu criei-os, formei-os como ao bolo, assim bem como as sensações físicas, percepções, formações mentais, cognição (consciência sensorial) vivendo neste mundo e Universo, pelo sustento da energia que dou a quaisquer aspectos que sejam, como o bolo. Será o bolo perene, permanente? Não, está já a ser desintegrado no meu estômago, assim como tudo no Universo eventualmente se desintegrará, desvanecerá, desaparecerá... e no entanto, eu sou na 'Realidade Imortal'... porque existe um 'Não Nascido, Increado, Imanifestado, Incodicionado', para onde é possível 'fugir' (escapar), aqui e agora.

...O corpo não é o que eu sou na 'Realidade Imortal'... a sensação física não é o que eu sou na 'Realidade Imortal'...
a percepção não é o que eu sou na 'Realidade Imortal'... as formações mentais não são o que eu sou na 'Realidade Imortal'...
a cognição (consciência sensorial) não é o que eu sou na 'Realidade Imortal'.

Eu sou da 'Realidade Imortal' e venho a este Universo como se a uma cozinha. De repente vejo-me com um corpo, com sensações físicas, com percepção, com formações mentais, com cognição (consciência sensorial)... com uma mente que não é minha. Eu respiro vida para dentro do corpo, eu sustento as minhas unhas, no entanto eu não sou as unhas. Eu faço um bolo, começo com amor, entusiasmo, energia, misturo os ingredientes, farinha, ovos, açúcar, água, mexo tudo, ponho a cozer no forno; qual é a minha relação com o bolo? Eu sou o bolo? Não.

Serei eu as unhas, as mãos, braços e todos os constituintes do corpo? Não. Eu criei-os, formei-os como ao bolo, assim bem como as sensações físicas, percepções, formações mentais, cognição (consciência sensorial) vivendo neste mundo e Universo, pelo sustento da energia que dou a quaisquer aspectos que sejam, como o bolo. Será o bolo perene, permanente? Não, está já a ser desintegrado no meu estômago, assim como tudo no Universo eventualmente se desintegrará, desvanecerá, desaparecerá... e no entanto, eu sou na 'Realidade Imortal'... porque existe um 'Não Nascido, Increado, Imanifestado, Incodicionado', para onde é possível 'fugir' (escapar), aqui e agora.

Não existe separação, não existe tempo, tão só o projectado nas composições manifestadas, que acabam na ilusão do Samsara. E se isto aqui não é nada, e uma parte do que eu sou pode escapar-se para a 'Realidade Imortal', então eu já lá estou, somente não tenho é total consciência disso, a qual realizada, deixando tudo para trás pela ponte cheia de alegria para a 'Realidade Imortal'... É o Nirvana... e no entanto eu sou.

Se eu não estou aqui (anatta) e posso 'ir' para lá (escapar) para o Nirvana, então eu já lá estou, sendo isto aqui uma ilusão projectada necessária de realizar, para se retirar para a nascente... a fonte.

Essa realização plenamente consciente, é crucial para caminhar na direcção certa, de outro modo podemos acabar por agarrar o caminho de um modo completamente errado, criando mais Karma para nós e para os outros, e magoarmo-nos no niilismo."

Portanto, ou concluindo, a única coisa que existe aqui é a minha
projecção que não sou eu... é a minha projecção, mas a minha projecção não sou eu, e eu não sou a minha projecção. Tal como o bolo que eu projectei, tal como os pensamentos, as sensações, o corpo, as ideias, a cognição que eu projecto...

Da mesma forma, na física quântica, ou sem ser quântica, dê-se lhe o nome que se quiser... O electrão no átomo, é só a parte, ou antes, o pólo projectado manifestado da verdadeira Força que o projecta do pólo oposto imanifestado... ou seja, o que causa a manifestação do electrão não se vê... está imanifestado, mas joga com o pólo manifestado e complementa-se no seu comportamento elíptico, que o faz, o electrão manifestado, mover-se em hélice.

Se pensarmos que todo o Cosmos manifestado é constituído por átomos e partículas ainda mais ínfimas, resultado manifestado da projecção de uma Força imanifestada... e se nós temos fé, acreditamos e podemos saber e entrar autenticamente, por nós próprios/as, num 'Incriado, Não Nascido, Não formado, Incondicionado', Imanifestado... Força, Luz, Bênção, Porto Seguro, A Maior Graça, Esplendorosa, Arrebatadora Realidade, Amor... para onde podemos escapar... muito melhor que tudo isto impermanente e ilusório que aqui vivemos, do que é que estamos à espera? Estamos à espera de que o véu da ignorância se levante, para podermos ver aquilo que agora não vemos, que no Incondicionado tudo é mais verdadeiro, doce, extático, tranquilo, pacífico e realmente vivo, do que na excitação desta ilusão que aqui vivemos, este vale de trevas como muitos mestres chamaram.

Mas como é que o véu da ignorância se pode levantar, se nós ainda somos tão convencidos e orgulhosos, renitentes em ultrapassar, superar, largar e deixar para trás (a Renúncia) os nossos pontos de vista, hábitos, apegos, receios, medos, ideias e opiniões na matéria?

Por isso é que se diz que só alcança o Nirvana e vai para o
Incondicionado, quem verdadeiramente 'QUER' e mais do que 'QUERER', 'CAMINHA' para lá, que são raríssimos, pois a maior parte da humanidade não consegue nem quer isso, perante o privilégio igualmente tão raro de superar este tipo de existência, e ingressar no Abençoado Incondicionado, oportunidade única esta que oferece o nascer-se humano.

Algures li que 'se a tartaruga tivesse intelecto, não seria tão sábia'... acho que foi Ptahotep quem o disse. O intelecto, que se bem utilizado, pode ser uma excelente ferramenta na óptica de um karma positivo, mas se mal utilizado, torna-se um feitiço para a humanidade, prova disso é a actualidade que vivemos, em que o intelecto está mais ao serviço da ganância, do ódio e da ilusão, do que do altruísmo, compreensão, compaixão, amizade, equanimidade, entre-ajuda, generosidade e que mais.

"Somos os donos do nosso karma, herdeiros do nosso karma, nascidos do nosso karma, relacionados com o nosso karma, continuamente suportados pelo nosso karma, qualquer karma que façamos para o bem ou para o mal, disso seremos os herdeiros." - O Buddha
   


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