Fundação Maitreya
 
Materialismo e esoterismo

de Maria

em 13 Mai 2012

  A oferta que o mundo mais materialista faz ao comum dos mortais para obter divertimento e felicidade baseia-se nos bens de consumo imediato, no supérfluo, que ora apresenta a face propagandista do barato e bom, ora pelo caro e extravagante. Há o aliciamento para todos os gostos. As campanhas políticas, eleitorais, têm contribuído em muito, para o descalabro do materialismo e da ilusão do viver em qualidade. Apregoam, que todos devem ter os mesmos direitos, não tendo em conta as circunstâncias e o valor pessoal de cada um. Aqueles a quem hoje se chamam, desfavorecidos, são os mais explorados, emocional e sentimentalmente, pelas ditas campanhas que abusam da ingenuidade humana, fazendo-os crer, que o ganho na qualidade de vida passa por obter sempre e mais, aquilo que os outros têm. É o incitamento constante ao ter, alienando pelo engodo da gratificação.

Sem dúvida que ao vivermos integrados numa sociedade consumista e estando bem estruturado o sistema de influenciar as massas pelo poder da vitimização, apanha e envolve o mais prevenido. Convenhamos, que o dinheiro e pela forma como o mundo está programado é um bem necessário. A dificuldade está em saber aplicá-lo, de acordo com as necessidades essenciais e, a margem que fica para o usar de modo justo na satisfação de algum querer; mas tudo depende do que as pessoas entendem o que são prioridades e, o que é a felicidade.

A felicidade depende, sobretudo, da satisfação interna. Aquele em quem a irradiação de amor incondicional brota do seu coração, tem a sabedoria de conduzir a mente a superar-se em meio aos obstáculos, adaptando-se facilmente às circunstâncias no imediato. Neste caso, a felicidade provém duma capacidade de inteligência, dominada pela força espiritual, onde a vitimização não tem lugar.

O equilíbrio entre o material e o espiritual passa por estruturar uma dimensão de conforto mental para o viver condigno. Os extremos são perigosos, pois só a vivência espiritual pode distanciar das necessidades do corpo, e a vida só baseada nos bens materiais, causa “roturas” na Consciência, abrindo fendas ao vazio, à futilidade.

No que toca ao tema deste artigo, “materialismo e esoterismo”, este existe, apenas onde a ignorância oculta a verdade. Num mundo tão aberto à curiosidade, propagando-se aos quatro ventos o que envolve as sociedades que se auto intitulam, secretas, a todo o tipo de espiritualidades que descodificam, de forma natural e simplista, a profundidade religiosa e metafísica e, debaixo de tanta literatura, embora, nem sempre fiável, sobre o assunto, ainda há mistérios esotéricos? Há muitos anos, que oiço as mesmas pessoas a falar do misterioso esoterismo, papagueando a sua ladainha, como se a evolução de Consciência, de facto, não tivesse passado por elas. Fazem-se teses de doutoramento, inventam-se mistérios, tal os de certos sítios de Sintra, consomem-se toneladas de papel na publicação de doutos textos, numa cristalização doentia. Contudo, é-lhes grato insistir na onda do esoterismo, pelo ganho material e pelo prestígio que lhes confere.

Materialismo e esoterismo são ambos enganadores das massas – induzem à ilusão mantendo os encantos da ignorância. A descodificação do esotérico cabe a cada um fazê-lo, através do trabalho espiritual de interiorização, que clarifica a mente e purifica o coração, permitindo, então, desvendar os véus da vida, ou mistérios da existência - que só o são - pela incompreensão ou ignorância de certos assuntos mais ligados com a Consciência e da existência dos mundos espirituais.

O esoterismo oculta o que não pode ser conhecido a quem não está qualificado para o conhecimento espiritual: implica uma busca pessoal. Desta forma, a expectativa dos mistérios, fica solucionada e ultrapassada pela vivência espiritual de uma forma consciente. As nuvens da ignorância devem ser, assim, dissipadas pelo buscador da Verdade.
O materialismo deslumbra o buscador da felicidade pelos bens de consumo, o esoterismo deslumbra o buscador da felicidade pelo assombro do mistério.

Em ambos os casos, falta o elo espiritual; aquela realização que acalma a busca dos prazeres materiais, e descarta pelo saber da experiência inteligente, o deslumbramento pelo esoterismo decadente. Ao materialista falta a compreensão espiritual, como um complemento à vida. Ao esoterista falta a realização espiritual, para descodificar e integrar a vida no seu todo. Sugere-se, assim, o equilíbrio do “caminho do meio”.

Por vezes o esoterismo confunde-se com o materialismo, quando vemos uma boa parte dos nossos governantes pertencerem a sociedades secretas, onde o poder material se mistura com a pretensa espiritual. Como se não bastassem os últimos escândalos, ainda continuam a nomear para funções cruciais da nossa sociedade, políticos, que pertencem e, cada vez mais, a correntes maçónicas: isto sim, um mistério...descarado. Materialismo bem potencializado e manipulado pelo esoterismo…

É dentro das escolas secretas que se encontra o grande aliciamento ao mistério do esotérico, onde há escalas ou graus para a obtenção do dito conhecimento. Antigamente, para além de não haver tanta informação através da literatura, havia condicionamentos, ou mesmo perseguições, obrigando naturalmente, ao secretismo. Contudo, hoje tudo está aberto para todos. Não só a evolução colectiva de consciência sofreu um sério avanço nos últimos vinte anos com os contributos da ciência, como houve muita transformação ao nível pessoal, através da busca espiritual, onde cada um foi desvendando o que antes era mistério ou oculto. Pelos novos conceitos universais; quer religiosos, espirituais e sociais e valores de liberdade, não se justifica ainda escolas secretas de mistérios.
   


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