Fundação Maitreya
 
Joias do Oeste

de Kankana Basu

em 15 Fev 2013

  Uma das formas mais bonita de pisar solo indiano é tomar a rota marítima e desembarcar em Kochi, Kerala. Num minuto o navio está navegando debaixo de infinitos céus azuis, com nada a não ser o azul do oceano, tão longe quanto o olho pode ver; logo o mar se estreita numa enseada que corta uma grande parte da cidade, folhagem verde brota em ambas as margens, plantações – principalmente de banana, e o navio desliza passando por moradias graciosas e clubes de campo com paredes brancas e telhados vermelhos. Os exuberantes gramados que se alastram adjacentes a estes bangalôs em estilo colonial são tão verdes como as plantações de banana. Quase antes de terminar a competição desenfreada entre todas as tonalidades possíveis de verde, o visitante alcança as famosas redes de pesca chinesa – gigantescas redes amarradas em postos altos que mergulham no mar engenhosamente e saem com uma abundância de frutos do mar.

Nitidamente contrastante é a chegada a Goa pelo mar. Montes de cor minério vermelho-ferrugem e uma paisagem poeirenta recebem o visitante. Ao sair do barco, o visitante logo se defronta com uma frota de veículos de duas rodas e carros de aluguer na maioria dos casos guiados por motoristas tagarelas que servem também como guias. Podemos visitar a igreja de São Francisco, os mercados públicos, algumas praias populares e muito mais num único dia. Cabanas à beira mar oferecem óptimas iguarias regionais. De volta ao barco, pode ver-se a costa salpicada de luzes cintilantes como pequenas estrelas na distância.

O porto de Mumbai só pode ser descrito como incrivelmente espectacular. A vista da grandiosa cidade a partir do mar é majestosa. Ao anoitecer, arranha-céus e edifícios históricos não são mais do que silhuetas contra o céu que escurece rapidamente. Não por muito tempo, logo aparecem luzes de néon e o brilho das lâmpadas de milhares de janelas deixa a noite em chamas, uma visão que se tem que ver para crer. Há uma ironia suave no balançar solitário das ondas e na vitalidade da cidade apenas a alguns quilómetros de distância

Muitos marinheiros moradores em Mumbai já sentiram uma pontada de nostalgia, um puxão no coração, quando viram a cidade recuando na distância, após partirem.

A chegada a Kandla, em Gujarat, é radicalmente diferente. Quilómetros e quilómetros de terra árida pontilhada de arbustos ficam às margens da enseada, e inesperadamente mudam de azul-verde ao ocre diante dos olhos. O efeito hipnótico da miragem deixa o espectador estranhamente encantado com o terreno inóspito.

Há um encanto inexplicável de ver lugares a partir da costa, uma sensação fugaz de ter capturado a alma de um lugar, mesmo que o corpo possa ter-lhe escapado.
Revista India Perspectives
   


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