Um Yoga de Luz
de Geoffrey Hodson em 08 Dez 2013 O UNO está no coração do Cosmos. Este UNO tem o Seu santuário e altar no coração de cada ser humano. Em consciência, a primeira grande descoberta do homem é a desta Divina Presença dentro de si, a “do Imortal Governante Interno, localizado nos corações de todos os seres", (Bhagavad Gitā). É baseado nisto que o homem consegue a identidade com o Único, a completa absorção consciente – “tal como água na água, espaço no espaço, luz na luz” (Ātma-Bodha, Shankarachārya ) – sempre no eterno e incriado Todo. Esta é a última meta do homem. A meditação metódica e sabiamente dirigida pode acelerar sua consecução. O primeiro objetivo na meditação e descobrir a nossa própria Seidade Espiritual, diferençada dos veículos pessoais (físico, emocional e mental) e a consciência que atua dentro deles.
VOLUNTARIAMENTE APRISIONADO DENTRO DE VÓS, COMO LUZ, EXISTE UM PODER ONIPOTENTE. LIBERTAI-O! DEIXAI A LUZ BRILHAR! As pessoas dotadas de um certo temperamento – outras há que não conseguem resultado com este método – iniciam, portanto, com um exercício de dissociação por meio do qual procuram tanto compreender a distinção entre o Ego Imortal e os seus veículos mortais e pessoais, como também conhecer o Eu Espiritual. Conhecer o conhecedor pode parecer impossível para a mente analítica. Entretanto, o aparente paradoxo, pode ser esclarecido no nível da inteligência sintetizante e intuitiva do homem – a sua mente profética – para a qual, por meio da meditação, o centro de consciência é deliberadamente conduzido. O segundo objetivo é o de sentir que o Eu Espiritual do homem sempre é uma parte integral do Eu Espiritual do Universo, do Senhor Supremo em tudo imanente, o Logos Solar. O homem é um com Deus e, através DELE, com tudo o que vive. O Espírito Homem e o Espírito Deus são um só Espírito. Conhecer esta verdade das verdades transforma a nossa vida. As duas descobertas, que são a da Divindade dentro de nós e a da sua unidade com a Divindade em tudo, constituem experiências de consciência e o uso positivo da imaginação criadora durante a meditação pode ajudar-nos a adquirir essas experiências. A prática da dissociação é, pois, seguida por afirmações da unidade do homem com Deus. Estas afirmações podem levar o devoto à contemplação silenciosa e a uma sensação mais profunda de unidade com a toda imanente e transcendente Deidade, o inominável e impessoal Ser Único. A realização espiritual por um homem facilita e aproxima a mesma realização por todos os homens. A compreensão deste fato explica parte da finalidade do yoga. O futuro yogue, entrementes, também é insistentemente impulsionado no seu interior e, para ele ou ela, “não existe qualquer outra Senda a trilhar”. (Shvetāshvatara Upanishad, VI, 15). Este folheto é oferecido como um guia preliminar –finalmente cada um encontra o seu próprio caminho – àqueles que se sentem assim inclinados e que procuram um exercício sistemático de consciência baseado num metodo eficiente e seguro. UM MÉTODO DE MEDITAÇÃO PESSOAL E COLETIVO **** A MEDITAÇÃO COLETIVA, COM PAUSAS APROPRIADAS, É DIRIGIDA POR UM LÍDER, COMO SEGUE: PREPARAÇÃO – O CORPO RELAXADO, – AS EMOÇÕES HARMONIZADAS. – A MENTE ATENTA E PLENA DE VONTADE. – O CENTRO DA CONSCIÊNCIA FOCALIZADO NO EU SUPERIOR, A ALMA ESPIRITUAL, O EGO IMORTAL. DISSOCIAÇÃO – Afirme e realize mentalmente: EU NAO SOU O CORPO F1SICO. EU SOU O EU ESPIRITUAL. EU NAO SOU AS EMOÇOES. EU SOU O EU ESPIRITUAL. EU NAO SOU A MENTE. EU SOU O EU ESPIRITUAL. MEDITAÇÃO – EU SOU O EU DIVINO. (pense na mônada), – IMORTAL. – ETERNO. – RADIANTE DE LUZ ESPIRITUAL – EU SOU ESSE EU DE LUZ, ESSE EU SOU EU. – O EU EM MIM, O ĀTMA , É UNO COM O EU EM TUDO, O PARAMĀTMA . – EU SOU ESSE EU EM TUDO; ESSE EU SOU EU. – O ĀTMA E O PARAMĀTMA SÃO UM: – EU SOU ELE. ELE É EU. ENCERRAMENTO – TOME SEU CENTRO DE PERCEPÇÃO. – A MENTE FORMAL, ILUMINADA E RESPONSIVA À INTUIÇÃO. – AS EMOÇÕES, RADIANTES DE LUZ ESPIRITUAL. – O CORPO, FORTALECIDO PELA VONTADE ESPIRITUAL. INTERNAMENTE VITALIZADO, E AUTOCONCENTRADO DURANTE O DIA NA LEMBRANÇA DA DIVINA PRESENÇA EM SEU CORAÇÃO, DO IMORTAL GOVERNANTE INTERNO LOCALIZADO NO CORAÇÃO DE TODOS OS SERES, – RELAXE A MENTE E PERMITA QUE O EFEITO REVIGORANTE DA MEDITAÇÃO SE ESTENDA A TODAS AS OUTRAS ATIVIDADES DO DIA. **** O mesmo processo se deve seguir na meditação privada, pessoal. COMENTÁRIO SOBRE A MEDITAÇÃO Visam-se dois objetivos na meditação: I -. A consciência Egóica. II - A realização de unidade com o Senhor Supremo e Vida do Universo. Este empreendimento é regido por certas leis fixas, as quais devem ser obedecidas, caso se busque um sucesso integral. A- Fisicamente elas são: (1) Isolamento e segurança contra intrusões estranhas. (2) Relaxamento complete do corpo, sem o que a consciência não pode libertar-se inteiramente de enredar-se no cérebro físico e no corpo. Assim, deliberadamente, como exercício regular e habilidade ao mesmo tempo, cada nervo e cada músculo deverão ser completamente relaxados e o corpo deverá estar em posição confortável e cômoda. O relaxamento é para a meditação o que engranzamento dos primeiros dentes de um ‘zíper’ é para seu fechamento. Engranzados os dois primeiros dentes, o fecho correrá. Se não se entrosarem o zíper nunca fechará. Similarmente, o relaxamento físico é essencial para o voo da Alma. (3) A respiração deverá ser diminuída a cerca de uma terça parte ou da metade do normal. Geralmente isto se torna automático com o prosseguimento da meditação. (4) A postura durante a meditação deverá permitir que um fluxo adicional de kundalini e prana possa fluir do sacro, através da medula espinal até o cérebro. Portanto, a espinha deverá ser conservada ereta e, exceto nas posturas orientais de yoga, as pernas e os braços não deverão ser cruzados. A posição egípcia é muito conveniente aos ocidentais. QUALQUER DOR DE CABEÇA, DEVERÁ SER INTERPRETADA COMO ALGUM ERRO DE TÉCNICA, QUE DEVERÁ SER CORRIGIDO ANTES DE PROSSEGUIR. B- A natureza astral necessita ser harmoniosa e calma. Atritos, tensões e emoções discordantes também podem impedir o voo da Alma e inibir a liberdade da consciência, C- A mente deve estar alerta, e a vontade deve ser positiva; do contrario uma espécie de imaginação sonhadora pede ser confundida com a experiência espiritual, da qual é a antítese. Por estes meios a tríplice natureza pessoal é trazida a uma condição em que o aprisionamento da consciência e reduzido ao mínimo. A prática da preparação dos corpos se segue, pois, à da dissociação das mesmas. Esta se faz como segue: Mas isto não basta; a consciência deve libertar-se deliberadamente. ‘O CENTRO DE PERCEPÇÃO DEVE ESTAR ESTABELECIDO NO EU SUPERIOR, A ALMA ESPIRITUAL, O EGO IMORTAL’. AFIRME E REALIZE MENTALMENTE: "EU NÃO SOU O CORPO FÍSICO. EU SOU O EU ESPIRITUAL’. ‘EU NÃO SOU AS EMOÇÕES: EU SOU O EU ESPIRITUAL’. 'EU NÃO SOU A MENTE: EU SOU O EU ESPIRITUAL’. Neste ponto, na imaginação criadora, o centro de observação. de percepção e de egotismo, é retirado do cérebro físico e focado no Ego (1) . Similarmente, também a consciência é retirada dos corpos emocional e mental e centrada no Corpo Causal . Mais tarde este processo pode tornar-se desnecessário. A prática regular com plena ciência e determinação, permitindo a imaginação positiva ter completa atuação transferirá toda a concentração da percepção e da existência do homem mortal para o imortal, para o Ego no Corpo Causal. Segue-se, então, uma tentativa de ascensão para a Mônada, aspirando alcançar a consciência Átmica. O LÍDER CONTINUA: “EU SOU O EU DIVINO, (Manas) IMORTAL, (Buddhi) ETERNO”. (Ātma) Aqui o objetivo é a realização do Eu como pura Vontade Espiritual (Ātma).r /> "RADIANTE DE LUZ ESPIRITUAL" Será útil imaginar-se um centro de luz branca e pura, irradiando por todo o universo. Identificando-se em consciência com esta luz o devoto afirma : “EU SOU O SER DE LUZ. ESSE SER SOU EU”. A prática regular por este método capacitará finalmente conseguir-se a transferência da consciência dos níveis físicos, emocional e mental para os mais elevados estados de percepção, mental, intuicional e puramente espiritual. Realiza-se então o Eu como um ‘radiante centro de Luz’ Espiritual, universal, concentrada num ponto de ardente intensidade, tal como aos raios solares pode ser focada uma lente num ponto de luz brilhante. Segue-se, depois, o movimento da consciência para o segundo objetivo da meditação. Isto culmina na realização da unidade do Eu Espiritual como Luz com a Luz Única, o Supremo e Onipotente Espírito do Universo. A concentração e meditação no Eu Átmico imerge em absorta contemplação da união com o Paramātma, o Transcendente e Imanente Eu Átmico de Tudo. O LÍDER, PORTANTO, CONTINUA: “O EU EM MIM, O ‘ĀTMA’, É UM COM O EU EM TUDO, O PARAMĀTMA”. Aqui, conforme o temperamento, a consciência é dirigida para a realização da identidade do Ātma, o ‘Eu Espírito’ no homem, com o Paramātma, o ‘Eu Espírito’ em toda .a Natureza. Pode-se também visualizar o coração espiritual do Sol e sentir-se uno com ele. As palavras “O ĀTMA E O PARAMĀTMA SÃO UM” constituem uma frase algo mântrica a despeito de ser um misto de português e sânscrito. É uma sentença de poder que define o auge do alcance humano em consciência, e que é a completa realização de unidade e identidade com o Ser Uno em Tudo. Consequentemente, a afirmação final é: "EU SOU AQUILO. AQUILO EU SOU". O senso de separada personalidade finalmente desaparece. Como término restará somente um prolongado e liberto pensamento de identidade com Deus. Depois dos estágios preliminares do yoga, a mente formal é aquietada e dai em diante mantida ‘naquela fixidez mental dentro da qual nenhuma brisa pode soprar um pensamento mundano’. O pensamento cessa. A imobilidade penetra em toda a natureza, que pode ficar saturada de paz, mesmo que nos mais elevados e mais espirituais níveis da percepção humana se sintam uma imensa expansão e um poder dinâmico. Então, durante o tempo de que se puder dispor, deve-se permanecer na espontânea contemplação mental da unidade com Deus e, por meio DELE ou DAQUILO, com o Eu Espírito em tudo o que vive. O RETORNO A PERCEPÇÃO FÍSICA: Quando, finalmente, se tiver de cessar a meditação, é importante voltar à consciência cerebral pelo mesmo caminho seguido na jornada ascensional. Uma das razões é que os canais entre o eu inferior e o Eu Superior estão sendo abertos pelo esforço concentrado e devem ser usados tanto na ascensão como no retorno da consciência, Desta maneira são dilatados e ao mesmo tempo mantidos abertos. Outra razão para retornar através dos corpos mental e emocional é por ser grandemente desejável inocular nos veículos pessoais todos os frutos da experiência espiritual, e com isto iluminando-os, purificando-os e acelerado a sua evolução. Este é o terceiro objetivo da meditação, ou seja, acelerar a evolução dos corpos mental, emocional e físico, por meio de uma poderosa ‘descida’ de força e experiência espirituais. O CENTRO DE PERCEPÇÃO: É importante descobrir-se o centro de percepção e o nível em que ele opera, como também tornar-se capaz de colocá-lo à vontade em qualquer um dos veículos. Se determinado trabalho requer operação desde o nível mental, deve-se estar capacitado para funcionar aí. Se houver necessidade de estar-se presente no plano e corpo astrais, deve-se, então, ser capaz de se focalizar neles. Este último geralmente o fazemos inconscientemente. Os interesses do entendimento colocam o centro de percepção na mente e no cérebro. As ocupações culturais, artísticas e recreativas focalizam-no automaticamente nas emoções e no coração. O êxito na meditação requer bom controle desta movimentação do nosso centro de vida e consciência. Portanto, este processo deve ser praticado deliberadamente e faz parte deste método de meditação. Ao concluir-se a prática do yoga, a percepção está fortemente centrada no corpo mental, em cujo interior se projeta poderosamente e a mente se abre para a intuição, Isto é possível porque os pensamentos são coisas. Aceleramos poderosamente a evolução dos nossos veículos pessoais para esta infusão e interpenetração deles com o Espírito Força oriunda dos níveis aos quais procuramos ascender. O LIDER, PORTANTO DIZ: ‘INTRODUZA O CENTRO DE PERCEPÇÃO NA MENTE FORMAL, ILUMINADA E RECEPTIVA À INTUIÇÃO’. Depois de uma pausa conveniente, a instrução continua: ‘NAS EMOÇÕES, IRRADIADAS PELA LUZ ESPIRITUAL’ Por um forte esforço de vontade um raio de puro e branco fogo átmico é atraído para trespassar o corpo astral como uma lança. Tal espiritualização do corpo astral faz que suas partículas mais grosseiras e os estados emocionais indesejáveis sejam eliminados pelas forcas espirituais, mais poderosas. Isto é parte do significado de alegorias tais como a de São Jorge matando o Dragão com a sua lança e Shri Krishna vencendo Kāliya, a serpente negra, e depois dançando sobre a sua cabeça, como, também, de todas as outras vitórias conquistadas pelos Salvadores e heróis sobre reptis, conforme consta em outras Escrituras do mundo. Estas histórias representam parcialmente fases de yoga, dramatizadas e simbolicamente descritas. Depois, finalmente, a percepção é focalizada no corpo físico. Isto deverá ser feito bastante deliberadamente, colocando o centro de consciência no meio da cabeça, onde normalmente reside. Os poderes do tríplice EU são então introduzidos no corpo, dizendo o Líder: ‘NO CORPO, FORTALECIDO PELA VONTADE ESPIRITUAL’. O fogo de Ātma é assim estabelecido no corpo como uma irresistível Vontade Força, exequível na consciência de vigília. ‘INTERNAMENTE VITALIZADO’. Nestas palavras, a Vida Búdica, a Vida Una, o Prāna espiritual, é visualizada como inundando e enchendo todo o corpo físico, que então pode ser imaginado Como carregado com a sua vida e 1uz douradas, palpitantemente vivo, frequentemente com grande benefício para a saúde. A Mente Superior então controla a mente inferior, as emoções e o corpo. Estes devem estar: ‘AUTORRECOLHIDOS DURANTE O DIA’, isto é : calmos, equilibrados, atentos, radicados no Eterno. Para conseguir isto, as palavras e o pensamento finais serão: : ‘RECORDANDO A DIVINA PRESENÇA NO CORAÇÃO, O IMORTAL GOVERNANTE INTERNO ENTRONIZADO NO CORAÇÃO DE TODOS OS SERES’. Esta presença é a Mônada Ego, o Eu Espírito, presente não só em nosso coração, mas também nos de todos os seres, Em si, este exercício de autorrecolhimento é calmante e produz paz; conserva a consciência centralizada na realidade interior e nunca completamente absorvida no mundo externo e transitório. Não se deve interromper a meditação ou dela emergir de modo brusco; do contrario pede sobrevir um choque no sistema nervoso, e um rápido alijamento e perda parcial da experiência interna. Isto deverá ser sempre evitado, convindo retrair-se gradualmente do estado meditativo antes de assumir as obrigações diárias. No desempenho dessas obrigações, a vida diária deverá pautar-se tanto quanto possível aos ideais espirituais aceitos. Traduzido por Mario A. Costa São paulo - 1963 |
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