Fundação Maitreya
 
Tesouros artísticos e espiritualidade

de Benoy K. Behl

em 24 Ago 2014

  Mesmo que eles tenham sido criados no século III ou séculos seguintes, tanto os lugares como a arte budista na Índia continuam a inspirar. Até ao século II a.C., os lugares criados deram uma sublime mensagem de amor e autodisciplina. Já o Budismo nasceu de uma visão filosófica da vida. Podemos ver a arte que foi criada para esta fé, uma arte preenchida com a dignidade dos seres humanos e outros seres envolvidos na conduta correcta. É também uma arte que reconhece a alegria e a abundância fértil da natureza. O Budismo lida com o mundo material que nos rodeia, sendo Māyā, uma ilusão. O grande objectivo da vida é levantar os véus da ilusão para ajudar-nos a ver mais além.A magia de Māyā é poderosa e difícil de superar. Ficamos presos a este mundo ilusório, cheio de desejos. O poder de Māyā é plenamente reconhecido nesta arte que mostra a ordem ilusória natural à nossa volta. De facto, a primeira divindade budista e arte indiana é Māyā, vista sob a forma de yakshas e yakshis. Conforme yakshi toca a árvore acima dela, irrompe em flor e fruto: essa é a magia de Māyā.

Profundamente filosófica e entre as melhores do mundo, aqui estão algumas jóias raras da herança budista de todo o país.

Além da ilusão

Esta arte provavelmente está entre as melhores obras do mundo. Stupas lembram Arupa, o eterno ser sem forma. Portais impressionantes se posicionam diante de stupas. E grandes grutas talhadas na pedra viva trazem diante de nós a majestade do espírito que existe dentro de nós.

Alegria estética

Por meados do século V, beleza e graça encontraram lugar na arte budista para elevar-nos através da alegria da experiência estética. Seres aperfeiçoados, cheios de sublime compaixão, foram pintados e esculpidos. E eles, olhando internamente, nos guiaram a uma viagem interior. A mensagem do Buddha foi de autodisciplina. Ele chamou a atenção para o facto de haver dor nas nossas vidas por causa dos nossos desejos. Para escapar da dor, devemos acabar com os nossos desejos, deixar para trás as ilusões do mundo material e atingir o Buddhahood.
No primeiro milénio a.C., em vários lugares budista no leste da Índia e em Caxemira, muitos intelectuais trabalharam sobre a orientação de um caminho lógico que os levaria para a obtenção do conhecimento. Os estilos de arte que nasceram em grandes universidades como em Nalanda e em Caxemira são muito diferentes da simples e compassiva arte do Budismo dos tempos antigos. Aqui, o foco mudou para a inteligência dinâmica que analisa proposições filosóficas, a fim de criar um caminho para a verdade irrefutável.

Paz interior

Por volta do século IV, nos centros budistas de Caxemira, desenvolveu-se a escola de pensamento Yogachara. Diz-se que a forma mais eficaz de alcançar a verdade, é através da meditação ou do yoga. Mandalas também foram concebidas na prática budista e vistas a partir do século V. O caminho para a iluminação foi visto como um movimento através de vários níveis de crescimento espiritual para o Buddhahood. No século X, Abhinavagupta em Caxemira levou a filosofia Indiana da estética a um raro nível de desenvolvimento muito alto. A beleza do mundo que nos cerca foi considerada um reflexo da glória divina. Nos vastos e ermos desertos do Tibete e da Índia trans-Himalaya, templos budistas são como oásis coloridos.

A arquitectura, a escultura e a pintura fazem parte de um todo num plano unificado e sagrado. Seu objectivo é transportar-nos das preocupações do mundo material, para a paz interior. A dança Cham dos Lamas significa a vitória do saber sobre a ignorância. As máscaras são importantes. Em solo sagrado, os Lamas têm de esquecer-se de si mesmos como indivíduos para se tornarem a divindade que irá dançar. As máscaras apresentam as qualidades da deidade dentro deles – pacífica ou irada. Ambas as expressões simbolizam o vazio da natureza definitiva de todas as aparências.

Cortesia da Revista India Perspectives.
   


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