Fundação Maitreya
 
Os Esplendores de Tiphéreth

de Omraam Mikhael Aivanhov

em 29 Mai 2016

  Por certo já reparastes, meus caros irmãos e irmãs, que, quando o Sol aparece, a natureza está silenciosa, atenta; ela recolhe-se como se quisesse receber alguma coisa do Sol. Por alguns minutos, a Terra, os animais, os insectos, as árvores... tudo se apazigua e se cala, até as aves… As aves despertam antes do nascer do Sol, estão alegres, voam, cantam, mas, quando o Sol começa a despontar, param por uns instantes… Só os homens continuam a fazer barulho; são os únicos que não compreenderam nada. Toda a natureza se cala, mas eles continuam a bater, a falar, a gritar, como se esse acontecimento, que se repercute em todo o universo, não tivesse qualquer importância. Assim se vê como eles são desrespeitosos e ignorantes, pois não sabem aproveitar todos os benefícios proporcionados por esta presença do Sol… E vós, que vindes todas as manhãs ao Rochedo* para assistir ao nascer do Sol, por que é que vindes? Uns, para fazer como os outros; outros, para ver um belo espectáculo… Mas quantos vêm para fazer um trabalho grandioso e compreender, finalmente, o que é o Sol? Muito poucos. É por isso que eu queria falar-vos do significado e da importância do Sol, das possibilidades e das riquezas que ele nos dá, para que tenhais noções claras que vos ajudarão a fazer um grande trabalho espiritual.



Surya-yoga
O Sol, centro do universo
Tudo o que existe na Terra está contido
em estado etérico no Sol

Actualmente, fala-se muito de yoga. Já vos falei sobre este assunto, apresentando-vos as diferentes espécies de yogas que existem e que vêm sobretudo da Índia e do Tibete, mas também da China, do Japão, do Egipto, da Pérsia… Porque todas as religiões têm o seu yoga, mesmo o cristianismo. Sim, os cristãos sempre praticaram a adoração, a oração, a contemplação, a devoção, o amor pelo Criador; é esse o aspecto predominante da religião cristã, e, na Índia, é chamado Bhakti-yoga, o yoga da devoção, da adoração, do amor espiritual. Simplesmente, este yoga convém a certos temperamentos, mas outros têm qualidades e dons diferentes, e para esses devem dar-se outras possibilidades. São numerosos os caminhos que conduzem ao Criador. Os cristãos limitaram-se a uma única via, que, aliás, é maravilhosa, não devemos criticá-la, mas os hindus… Esses são mais ricos, deram ao mundo muitos outros métodos. Para aqueles que são mais inclinados para o estudo, para a reflexão filosófica, para o trabalho do pensamento, eles deram o

Jnaniyoga,

o yoga do conhecimento, a fim de que eles possam alcançar o Senhor pela via da inteligência. Outros não têm esta inclinação para a ciência e para a filosofia, nem o mais pequeno desejo de ficar ajoelhados, de contemplar, de adorar; têm uma vontade poderosa, energias para consumir, uma grande dedicação. Querem servir os outros, querem trabalhar. O Karma-yoga é adequado para eles; é o yoga das obras, das realizações, dos deveres a cumprir sem esperar pagamento ou recompensa.

O Karma-yoga é o yoga da acção gratuita e desinteressada.
Para aqueles que querem dominar-se, controlar os seus instintos, os seus impulsos e as suas tendências inferiores, existe o Radja-yoga: através da concentração e do autodomínio, também eles conseguem alcançar o Eterno e fundir-se n’Ele. Tornam-se os “reis” (radja significa rei) do seu próprio reino. O Kriya-yoga é o yoga da luz: pensar na luz, conhecê-la, compreendê-la, envolver-se em cores, introduzi-las em si e projectá-las à sua volta. É um trabalho magnífico. É o yoga de Babadji.

O Hatha-yoga é para aqueles que gostam de fazer exercícios físicos, adoptar todo o género de posturas, de āsanas, como lhes chamam: dobrar-se, torcer-se, enrolar-se em bola, esticar-se, pôr-se de barriga para baixo, reerguer-se, fazer passar as pernas por detrás da cabeça, etc… Estes exercícios, que estão baseados no conhecimento preciso dos centros que são activados quando se adopta esta ou aquela postura, exigem muita vontade e muita perseverança. O Hatha-yoga é o yoga mais divulgado no Ocidente, mas os coitados dos ocidentais não têm nem o temperamento, nem a constituição dos orientais, nem as condições de calma e de silêncio para o praticar, e muitos acabam por ficar perturbados, física e psiquicamente. Eu conheci imensas pessoas que me confessaram ter abandonado o Hatha-yoga porque começaram a sentir-se desequilibradas! É preciso ser muito prudente e eu nunca aconselhei aos Ocidentais a prática deste yoga. O Agni-yoga é o yoga do fogo: pensar no fogo, trabalhar com o fogo, despertar o fogo dentro de si. Uma vez que o fogo está na origem de toda a criação, o Agni-yoga é mais um caminho que conduz ao Criador.

O Chabda-yoga, o yoga do Verbo, consiste em pronunciar certas fórmulas – ou mantras – num determinado momento, um determinado número de vezes, com esta ou aquela intensidade… O Verbo é um poder, e aquele que sabe agir com esse poder obtém grandes resultados. Agora, queria falar-vos de um yoga que ultrapassa todos os outros: o yoga do Sol. Ele era conhecido no passado: os Gregos e os Egípcios praticavam-no, assim como os Persas, os Aztecas, os Maias, os Tibetanos… Presentemente, foi abandonado, sobretudo no Ocidente. E como, em sânscrito, “sol” diz-se surya, damos a este yoga o nome de Surya-yoga. É o meu yoga preferido, pois reúne e resume todos os outros. Sim, por que não havemos de reunir todos num só.

O discípulo da Fraternidade Branca Universal não pode ser tacanho, limitado, pois representa o homem da nova vida, que deve desenvolver-se em todos os domínios. Ele deve agir com um desinteresse absoluto: eis o Karma-yoga. Deve procurar Deus, amá-l’O e adorá-l’O: eis o Bhakti-yoga. Deve meditar, concentrar-se para conseguir dominar-se, governar o povo que as suas células constituem: eis o Radja-yoga. Quando fica sentado em meditação sobre o Rochedo, ou faz os nossos exercícios de ginástica de manhã, ou a paneurritmia, isso é, se quisermos, Hatha-yoga!... Ele projecta luz e cores, envolvendo-se numa aura luminosa: eis o Kriya-yoga. Ele concentra-se no fogo e dá-lhe a possibilidade de queimar todas as impurezas que em si existem: é o Agni-yoga. Ele procura continuamente controlar o que diz, para não pronunciar palavras que separem os seres, que introduzam neles a dúvida ou o desânimo; pelo contrário, esforça-se por se tornar um criador da nova vida: eis o Chabda-yoga.

Por fim, o discípulo concentra-se no Sol, ama-o e procura-o, considerando-o como uma porta que se abre para o Céu, como a manifestação do Cristo, o representante de Deus: é o Surya-yoga. O discípulo que o pratica não rejeita nenhum dos outros yogas, pelo contrário, torna-se um ser completo, vive na plenitude. Eu aponto-vos o novo ideal, o novo modelo de humanidade que se cria na Fraternidade Branca Universal: seres cujo ideal é desenvolver todas as qualidades e virtudes. Porque no Surya-yoga estão compreendidos a adoração, a sabedoria, o poder, a pureza, a actividade, a dedicação, a luz, assim como o fogo sagrado do amor divino. Por isso, nos próximos dias eu procurarei explicar-vos o que é este yoga do Sol, para que saibais que benefícios recebeis ao vir todas as manhãs assistir ao nascer do Sol.

Com os outros yogas, desenvolveis apenas uma parte de vós próprios, ao passo que com o Surya-yoga pondes em movimento todos os vossos centros, porque vos ligais ao poder que tudo dirige e que anima todos os planetas do nosso universo – o Sol – e, desse modo, tereis obrigatoriamente resultados. Por isso, posso dizer-vos que todos estes yogas, que no passado eram considerados magníficos, e que ainda o são, cederão lugar ao Surya-yoga, que os ultrapassa a todos, porque, por intermédio do Sol, trabalhamos com o próprio Deus. Certos seres que o experimentaram foram bem- -sucedidos, e vós não podeis imaginar aquilo que eles ganharam, em que luz, em que limpidez, em que deslumbramento eles vivem!

Dir-vos-ei até que aquilo que ninguém me pôde ensinar foi o Sol que mo revelou, pois nenhum livro pode dar-vos aquilo que o Sol vos dará se aprenderdes a relacionar-vos correctamente com ele. É muito fácil de compreender, e eu vou dar-vos um exemplo muito simples. Imaginai que estais a ler um livro, o melhor dos livros – a Bíblia, ou os Vedas, ou o Zend-Avesta – mas, como é Inverno e não tendes aquecimento, começais a sentir frio e precisais de vos meter na cama. Sim, nem o melhor livro poderá aquecer--vos! Imaginai também que anoitece: a luz diminui e em breve já não conseguireis ler; também nesse caso o melhor livro não pode iluminar-vos! E, se ficardes com anemia por terdes lido ou trabalhado em excesso, o livro não poderá devolver-vos a vitalidade.

Mas o Sol dá-vos o calor, a luz e a vida; por conseguinte, ele é o livro mais vantajoso.
Ainda ninguém se deu conta da importância do Sol. É certo que a ciência se ocupa dele, mas para o utilizar, para o engarrafar, para o vender. As pessoas vêem sempre apenas o aspecto material, financeiro. Quanto ao aspecto espiritual, elas estão longe, tão longe!...
Mesmo os religiosos estão longe, sobretudo os religiosos. Ora, é precisamente o aspecto espiritual que eu quero mostrar-vos: o que o Sol representa, o que são os seus raios… Como podemos desenvolver-nos espiritualmente pelo conhecimento do Sol, pela prática do Sol, sabendo como olhá-lo, como contemplá-lo e, até, como entrar nele…

O Sol é a origem e o pai de todas as coisas, é a Causa primeira; a Terra e os outros planetas saíram dele, foi ele que os engendrou. É por essa razão que a Terra contém os mesmos elementos que o Sol, mas no estado sólido, condensado. Os minerais, os metais, as pedras preciosas, as plantas, os gases, os corpos subtis ou densos que se encontram no sol, na água, no ar e no plano etérico, saíram do Sol. Portanto, os produtos farmacêuticos, que são fabricados a partir de substâncias minerais ou vegetais, têm origem no Sol… Sim, todos os medicamentos, todas as quinta-essências que os químicos conseguiram extrair e preparar, vêm do Sol. Já ireis ver qual é o caminho que agora se abre para o discípulo, como, ao concentrar-se no Sol, ele pode apropriar-se, pode captar, na sua pureza original, os elementos necessários ao seu equilíbrio e à sua saúde.

* No Bonfin, desde o primeiro dia da Primavera até ao final do Verão, os membros da Fraternidade Branca Universal reúnem-se sobre uma proeminência rochosa para meditar, enquanto assistem ao nascer do Sol. (Nota do editor original).

Excerto do 1º Capítulo.

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