Fundação Maitreya
 
O Incondicionado

de Ajahn Sumedho

em 26 Jun 2016

  As convenções religiosas têm as suas formas, as quais são precisamente convenções. Assim por exemplo, questões sobre os budistas não acreditarem em Deus é um dos casos, em que pode confundir-se e misturar convenções. Tal como diferentes linguagens são só convenções. Quanto à palavra “Deus”, o que é que isso quererá significar? O que acontece na generalidade é que a palavra “Deus” é usada como se as pessoas concordassem e pensassem todas da mesma maneira. O que é que se quererá dizer no contexto cristão ou no contexto judaico? “Deus” é a palavra utilizada. Mas no contexto budista por exemplo fala-se em ensinar deuses e homens, não é de ensinar Deus e os homens... deuses neste caso não equivale a Deus no sentido Cristão da palavra. No entanto, tudo isto são palavras que procedem de formas, onde existe uma concórdia de linguagem, principalmente, quando nos reportamos em termos de “desenvolvimento espiritual”, e assim misturamos tudo (religiões, crenças), gerando confusão. Portanto, ao ensinar dentro do contexto budista, deve-se ficar dentro da terminologia budista.

Ora, então já só temos Sexta e Sábado, e Domingo o retiro acaba.

Reflictamos então sobre o resultado do retiro até aqui, não em termos de “bom” ou “mau”, pois por vezes as pessoas dizem: “tive um mau retiro ou um bom retiro”. Mas mau retiro também é bom e se houvesse só bons retiros nunca se aprenderia nada.

Mas este Retiro não é sobre comparação de religiões, mas sobre meditação e de como saber usar a convenção budista.

Quer o Buddha, tenha acreditado ou não em “Deus”, esse nunca foi o tipo de abordagem que assumiu em relação à vida espiritual, mas fê-lo num contexto diferente, quase na direcção oposta, o que deu realce às “Quatro Nobre Verdades”. E estas não são verdades metafísicas, pois não se trata de tentar definir a “realidade última” ou até de usar termos para outros factores que não os negativos como o “Incondicional”, o “Incriado”, “Cessação”, “Nibbāna” (Nirvāna).

As religiões teístas por seu lado, geralmente começam muito mais por doutrinas metafísicas, “eu acredito em Deus”, contudo, no Budismo, pelo menos na Tradição Theravada, a preocupação é: “o sofrimento existe”, “a sua causa existe”, “a sua cessação existe” e “o caminho para a cessação do sofrimento existe”. Ou seja, toma a atitude inversa em oposição à religião teísta. Ora a “Primeira Nobre Verdade” é baseada numa experiência bastante comum e certamente que não é uma verdade metafísica, é uma realidade existencial, não é assim? O sofrimento é uma experiência comum a todos os seres humanos, todos os seres sencientes. E pondo isso dentro do contexto de uma “Nobre Verdade”, que nobreza é que se pode encontrar no sofrimento? A mim parece-me um facto maléfico, em termos da minha mente americana, o que eu quero é fugir disso, como é que nos livramos disso?

Como é que saímos dum determinado sofrimento? Então, esta abordagem do Buddha é, para compreendermos o sofrimento e como nós o criamos. Portanto, ao dar uma palestra, estou constantemente a apontar, a definir as coisas como são; a experiência existencial de sentar, respirar, sentir, de estar nesta forma sensível. Eu tenho estado num corpo humano, eu tenho estado consciente. Assim, não estou a dizer-vos o que deviam pensar sobre isto, mas a indicar e a encorajar para o despertar e a observar para serem mais conscientes. Isto é consciência, acordar para a realidade deste momento, assim tal como é, que inclui felicidade, sofrimento ou o que quer que seja, que estejam a experienciar agora mesmo.

A ênfase que se dá a toda a fenomenologia condicional é impermanente. E o “incondicionado”, o “incriado”, o “não-nascido”, o “não-originado” existe, logo existe também a saída para fora do “condicionado”, do “criado”, do “nascido”, do “originado”.

Ou seja, toda esta forma de ensinar, de indicar, de falar, não é para acreditarem, eu não estou a pedir para acreditarem no que digo, mas sim para observarem as condições - a maneira como é - conscientemente experimentando dentro da vossa forma humana, dentro da maneira como a vossa mente trabalha; das emoções que estão a ter, das energias, das experiências energéticas e, que podem estar a experienciar agora. E não é ajuizar se é bom ou mau, mas ser o que é, deste modo, este ser o que é, assim tal e qual como é.

O Buddha depois da sua Iluminação sempre se referiu a Si próprio como o “Tathāgata”, “Tathāta”, esta palavra “tathā” em Pāli significa “a integridade do que é” ou “aquilo tal qual é”, o “como é”. Ele não se referiu a Si, dizendo: “Eu costumava ser o Príncipe Siddhārtta e o meu Pai era um Rei, a minha Mãe era uma Rainha. Frequentei as melhores escolas, casei, tive um filho e depois deixei-os, quando optei por ser asceta por seis anos, onde me vi na futilidade de me maltratar e, quando me sentei debaixo de uma árvore tornei-me iluminado”. Aquilo que é o agora, “tathāta”, “tathāgata” é “assim se torna Um que é o agora”, é como uma referência, aquilo que é presente. Não é o Príncipe Siddhārta, não é o asceta Gautama, nem é sequer o Buddha, no sentido de dizer “eu sou o Buddha” num acto de proclamar-se Ele próprio a esse nível. Ora tomemos aqui atenção à erudição da palavra, “Tathāgata” tornou-se frequentemente, em várias tradições budistas, uma espécie de título superlativo, quando na realidade significa “aquilo que é precisamente agora”. Então este “tathāta”, “tathā” e “tathāgata” ou qualquer coisa com esse prefixo, é traduzido como “a qualidade tal d’aquilo que é agora”, não é uma pessoa, não é alguém com uma história, um passado, com uma auto-biografia, credenciais, status, sucesso ou seja o que for, mas que é aquilo, que é “agora”.

E eu sempre achei esta perspectiva bastante interessante, porque implica aprender o verdadeiro significado da linguagem. Vivi na Tailândia durante os meus estágios iniciais de meditação e, portanto, eu tive que aprender meditação através dos termos da Língua Tai, de traduções Tai-Inglês e de Pāli, e então, é claro que a Língua tailandesa desenvolveu-se culturalmente sob a influência e o contacto com o Budismo, incluindo bastantes palavras do Pāli, à semelhança do Latim com o Inglês o qual inclui bastantes palavras. E, então aprender noutra Língua, achei um grande desafio, porque na nossa própria Língua pode-se pensar e tomar como certo que percebemos tudo. O Inglês é a minha Língua natal, é Inglês Americano, mas é um hábito-língua que se aprende facilmente, sendo do género de se ir absorvendo, como quando se ouve na infância a nossa Mãe falar ou qualquer outra pessoa.

Então aprender meditação noutra Língua como a tailandesa, achei uma grande revelação, mas com certa dificuldade em perceber, pois não era a minha Língua natal. Tive que considerar o sentido e o significado das palavras. A Língua tailandesa é uma Língua de características psíquicas, onde há todo um leque de termos, por exemplo sobre “Citta” (mente-coração) e “Jay” (vencer-conquistar); contém diferentes níveis de felicidade e miséria, enlevo ou depressão, intermináveis tipos de combinações para descrever sentimentos emocionais e estados mentais. Portanto, traduzir isso para o inglês e aprender como usar a Língua inglesa dentro do contexto tailandês e entender como realmente funciona, não só em termos de expressão gramática ou de estrutura da Língua, mas também psiquicamente. Compreender, como de facto, as palavras têm efeito, afectando a consciência, na medida em que a consciência é o alicerce do Ser. Isto é consciência, a Língua, as palavras, os conceitos, os eus.

Como por exemplo dizer “Eu”...só este pronome pessoal “Eu”...e então nós temos “eu” e “meu”. É evidente que “Eu” não implica necessariamente egoísmo quando aponta à realidade do Ser. Porém, quando entro em pontos de vista e opiniões fortes, egoísmo e obsessão, quando fico obcecado com o “eu”, obcecado comigo, com o meu ser, com o que é meu...então estas palavras “eu” e “meu” são extremamente poderosas para se reflectir sobre elas; podem conduzir a este sentido de importância pessoal, do que eu penso, de que estes são os meus pensamentos, esta é a minha vida, os meus direitos...esta é a era dos direitos, exigindo os meus direitos.

E, depois, este “Eu” pode facilmente conduzir a este sentimento de “individualidade pessoal”. Mas, “Eu” também pode querer dizer “não-pessoal” - não um, “eu” pessoal separado, em termos de alguém com uma história, um corpo ou coisa do género - mas mais para indicar a realidade do estar presente. “Eu sou” é uma afirmação honesta, e quando nos exprimirmos com palavras sobre nós, é sempre com, “Eu sou”.

Eu refiro-me a isto na Lenda do Buddha, a seguir à Iluminação, quando Ele se dirige para Varanasi e encontra o asceta que Lhe pergunta, «Vós pareceis particularmente resplandecente e radiante, o que foi que acabastes de descobrir?». E Buddha responde simplesmente: «Eu Sou O perfeitamente iluminado». Eu costumava interrogar-me sobre isto e dizia «se Ele estava iluminado, como poderia dizer uma coisa dessas?». Sinceramente acho que é algo perfeitamente estúpido de dizer se me perguntassem. Imaginem, alguém vos pergunta e vocês respondem «Eu Sou o/a perfeitamente iluminado/a», pois quem quer que dissesse isso eu não confiaria. Eu já cheguei a conhecer pessoas aqui em Amarāvati, uma entre as quais se proclamou Deus. Mas, na verdade, o Buddha disse o que disse, pelo menos na escritura, não sei até que ponto a história é fidedigna, mas é uma boa história e o asceta foi-se embora e não acreditou. Então, será que o Buddha estava a dizer uma mentira, ou foi só presunção? Ou foi o “Eu” não pessoal? Portanto, isto é só uma reflexão sobre o uso deste pronome. Será que “Eu” sempre se refere a mim como uma pessoa? Ou é antes um testemunho da realidade? “Eu sou o iluminado”, “Eu sou o caminho”, “Eu Sou...”... e claro, para muitos de nós parece-se como sendo o ego, porque geralmente é assim que se usa a palavra, o pronome “eu”. E é óbvio, se alguém sente o seu ego envolvido, então vai interpretar como uma espécie de objectivo pessoal a ser alcançado, tornando-se personalidade... ou não será?

Por exemplo, no Advaita (Vedānta), eles usam o “Eu Sou” como “quem sou eu” ou usam a reflexão no “Eu Sou” de uma forma sábia. E então os budistas dizem «oh, no Advaita eles têm o “Eu” superior e o “Eu” inferior e o “Ātman” e é tudo uma porcaria, nós os budistas é que estamos certos...». Mas, será que realmente sabemos o que estamos a dizer? Será que compreendemos verdadeiramente a nossa própria convenção? Porque temos preconceitos e juízos tendenciosos a respeito de outras religiões, a respeito de outras convenções das quais não nos inteiramos nem compreendemos, nem as praticamos para as perceber, simplesmente as julgamos do ponto de vista da nossa própria convenção. É como a presunção de ser inglês não é? O Império Colonial Britânico, com certa presunção, ensinava as pessoas a serem civilizadas, porque a nossa civilização tinha muito mais brio do que qualquer outra, quando na realidade não compreendiam ninguém, e isto é ser o “eu” e o “meu”, que são convencidos, onde existe preconceito tendencioso e prejudicial que vem da ignorância.

E, então, apontando para a consciência, qualquer que seja a nossa raça, religião, classe ou o quer que seja, na realidade nós somos seres de consciência, isto é consciência. E a linguagem é algo que aprendemos e usamos em consciência. E neste Retiro aquilo para o qual aponto, não é para a convenção como algo que tenham que dominar, mas sim para o modo como devem usar a convenção do Budismo Theravada. Assim, não é para criar ou acrescentar mais presunção à que já possa haver. É usar isso, exactamente para ver e penetrar através da presunção, através da ignorância, preconceito ou apego que possa existir, é ir mais além, para ver o sofrimento que experimentamos ou que eu experimento quando estou agarrado a ideias, opiniões, posições e sentimentos de auto-importância. Deste modo, qualquer conceito, pensamentos ou atitudes que eu possa ter, ou nem ainda estar consciente, acaba quando começo a observar e reflectir no que realmente estou a pensar e a sentir. Eu costumava ser convencido de que não era convencido, porque eu não suporto gente convencida. Foi quando alguém falou em presunção dizendo que determinada pessoa era muito convencida, que eu comecei a reparar na forma como eu costumava julgar as outras pessoas como convencidas; reparei como estava a ser bem convencido, chegando a dizer: «eu não sou assim».

Portanto, o “Eu Sou”, como já indiquei anteriormente, se o ponho ao nível pessoal «Eu sou Ajahn Sumedho», deixa então de ser universal e torna-se pessoal, «Eu sou Americano-Britânico», se o puser em termos universais pode-se dizer «Eu sou... Amor». O que será isso? Agora aqui entramos no uso da palavra inglesa “Love” (Amor) e é claro que como bem sabem, esta palavra é usada quase para tudo e mais alguma coisa hoje em dia, mas é uma palavra bem poderosa da Língua inglesa, e fez o seu caminho para quase todas as línguas no planeta por esta altura. Não pode, de facto, ser posta de lado. Mas quando falamos sobre “Amor” ou amor romântico, ou amor pessoal, amor incondicional, amor Cristão... o que é que queremos dizer com esta palavra? Então os budistas usam “Metta” e fica logo tudo resolvido, não é verdade? Escrevem-se letras em que não se diz “Love” (Amor) mas diz-se “Metta”. Pois, na verdade “Love” (Amor) pode soar incrivelmente pessoal, como por exemplo em “being in love” (estar enamorado/apaixonado) com uma certa afectividade e intimidade pessoal. Ou pode significar “Metta” (Loving/Kindness –

Amabilidade/Gentileza), ou então usamos o termo “Amor incondicional” ou será apenas só mais outro tipo de ideia ou grande ideal? «Não seria tão bom haver amor incondicional? «Ai o meu amor é incondicional». Soa bonito e é inspirador, mas “amor” muitas vezes na forma como é usado, significa apenas gostar. Portanto gostar e desgostar, o que muitas vezes se quer dizer é, “eu amo este sítio ou esta pessoa”, porém, quando essa pessoa não faz o que nós queremos já não gostamos dela. Depois ficamos muito confusos porque queremos amar alguém incondicionalmente, mas logo, não gostamos do que essa pessoa está a fazer, porque quando se pensa que essa pessoa está a fazer alguma coisa da qual não gostamos, deixamos de gostar dela. Assim, a memória ou a percepção é “ele falhou” ou “traiu-me” ou “desiludiu-me”, ou seja, isto é o sentimento de “eu”, de “gostar” ou de “desgostar”.

Quando eu uso o termo “amor incondicional”, qual será a realidade do amor incondicional neste preciso momento? E, então, a mente pára, não é verdade?.. “o que é amor incondicional neste preciso momento? É real ou será só uma ideia superior? Estarei eu a sentir amor incondicional agora mesmo ou não? O que será agora? Se é incondicional, é intemporal, não depende de condições, não depende de empatia, de ser simpático ou amável, de concórdia, ou aprovação ou de qualquer outra coisa. Num nível pessoal eu gosto mais de certas coisas do que de outras e não gosto de outras tantas, aprovo certas facções, desaprovo outras. São preferências, opiniões e diferentes pontos de vista de acordo com a forma como eu estou condicionado a pensar, da forma que eu espero e exijo da vida para comigo próprio.

De alguma forma, na minha própria experiência ao usar a palavra “Amor”, faço por não o definir ou ficar a pensar demasiado nas infinitas descrições sobre “Amor incondicional”, mas reconhecer a realidade que é. Tive uma experiência sobre isto, que já contei a alguns dos presentes anteriormente, e que se passou já há alguns anos, sobre ter estado muito irritado com alguém, muito magoado, enraivecido, muito perturbado. Assim, sempre que esta pessoa surgia na minha consciência, eu sentia esta raiva, esta aversão, e então, comecei a observar isto que chegou a tornar-se extremamente terrível e sufocante, quando eu na realidade não queria sentir isso, porém era o que estava a ocorrer. E, então, resolvi escrever a minha aversão. Lembro-me de estar ali sentado uma tarde inteira a escrever tudo o que me vinha à cabeça, como nunca antes; afirmações do pior, que nem tentei ser amável ou politicamente correcto, ou decente, ou qualquer outra coisa, eu simplesmente escrevia todo o ódio, sem precedente. E finalmente ao acabar, (enchi três páginas), queimei e enfiei isso pela retrete abaixo.

Mas o significado deste discurso crítico de raiva em três páginas, foi que eu trouxe à superfície a memória desta pessoa e, depois disso nada permaneceu. Até na minha mais vívida imaginação, já não havia mais nada para pensar de sórdido ou horrível sobre aquela pessoa. Desta forma, a mente ficou vazia. Depois trouxe novamente a imagem desta pessoa à memória e perguntei, o que é que este vazio queria dizer? E o vazio disse “Eu amo-te” a essa pessoa, à memória dessa pessoa. Isto para mim foi uma revelação muito importante porque, na realidade, o que jaz sob esta raiva e cólera, é o Amor. Contudo, não sabemos isto, quando estamos envolvidos nos detalhes e dentro da própria raiva. Na verdade, se tentarmos parar esse envolvimento raivoso, pois o que queremos é ser amáveis com amor e simpatia, podemos, então ser sensatos e entender as outras pessoas. Posso até pôr-me no lugar delas e compreender porque dizem coisas terríveis, mas, nem mesmo assim, estou a ser correcto ao nível da razão, mas ao nível emocional. No entanto, ou me deixo envolver nisso por pensar, vaguear ou odiar e fico preso na emoção ou então, paro e não me deixo envolver.

Ao reflectir desta forma e tendo até expressado por escrito a minha tensão mental, trouxe-a à superfície e encarei esta fúria e raiva. Ao escrever, consegui pelo menos trazer a emoção a um nível superior de evidência, numa exposição crítica que me permitiu conhecer e aceitar o que eu estava a sentir e a pensar, de modo a descrever a fúria, a raiva e a mágoa que eu estava a experimentar. Na verdade chegou a um fim. Passado tempo, não havia mais nada para dizer e, então houve uma compreensão, “amor incondicional subjaz a tudo”. Não nos apercebemos desta realidade, porque estamos perdidos nos nossos apegos, nos nossos hábitos, pontos de vista e opiniões, nas nossas ilusões, nas nossas personalidades.

Se não conhecerem o que é a vossa personalidade ou, se não souberem verdadeiramente o que são as emoções, vão ajuizar de um nível racional, “raiva é má e o amor, é bom e eu gosto”, depois também se acredita nos gostos; “este é um bom monge, aquele é um mau monge”. Assim, surgem e desaparecem várias preferências, e entretanto, alguém de quem gostamos hoje, amanhã podemos já não gostar. O gostar é mesmo algo em que não podemos confiar. E, então, tomei consciência de que há sempre condições para se gostar. Quando por exemplo, vemos mães com crianças e as crianças estão a ser mesmo teimosas, difíceis, abomináveis e impossíveis, verifica-se que a criança está a ser completamente insuportável nesse momento, no entanto, as mães não dizem “eu odeio a criança” - pelo menos a maioria - e por debaixo da frustração, do não gostar e da saturação, está este Amor Incondicional. Digamos que para mim, não foi um amor romântico, não foi sentimental.

Neste sentido, o Amor Incondicional aceita tudo, percebe, sem condições. Não é como “eu amo-te só quando te portares bem, ou se te comportares decentemente e não humilhares nem envergonhares a família”, “mas quando fizeres coisas de que eu não gosto eu já não te amo mais”. Mas é possível pensar desta maneira, “eu já não amo mais quem fala mal de mim, quem espalha rumores, quem me calunia, quem me maltrata...” e então “eu já não te amo mais.” Ou, outras condições para não se gostar, são por exemplo situações em que me insultam ou que abusam de mim, já não consigo gostar dessas pessoas nesse momento. Mas se eu reconhecer e estiver ciente de que mesmo por debaixo dos meus gostos e antipatias que surgem e esmorecem conforme as condições, está este Amor Incondicional, pode-se cultivar a prática de Metta (amabilidade -gentileza) ou Amor Incondicional.

Quando se pratica Metta connosco e depois inter-agimos com os outros, podemos ficar demasiado sentimentais ou mimados e, eu admito, que algumas formas de comportamento podem-se tornar insatisfatórias para mim, mas, e se for apenas um tipo de simpatia verbal e pretensiosismo sentimental? Portanto, é aqui que se pergunta, afinal de contas o que é na realidade, Metta? Quando realmente investigamos o uso de Metta, estamos a aceitar todas as condições, tudo assim tal como é, sem o gostar ou deixar de gostar, não tendo a ver com aprovar ou desaprovar. Assim nós emitimos Amor para o Senhor da Morte, para os Demónios, assim como para os Anjos, os bons e os maus. Não é uma questão de mais Amor para o Anjos e só um bocadinho para os Demónios, ou uma questão de percentagem ou de quem merece. Quem será que merece o meu Amor? É claro que vou ser decente com os Demónios e talvez lhes dê 1%”. Mas isso não é incondicional, ou será que é? Ou é ser naturalmente sentimental e pensar mais uma vez naquele modo, “tu mereces mais que aquela pessoa” e então entra-se em maneiras de ver pessoais, opiniões, gostos, preferências e por aí fora. Amor incondicional, é esta habilidade para aceitar e isso deve ser feito durante a própria meditação, no agora, quando estiverem conscientes e a experienciar emoções desagradáveis.

Tentarem cultivar esta habilidade para aceitar a sensação, este sentimento, esta raiva ou ressentimento, ou ciúme, ou medo, o quer que seja, sem condições. Nem sequer é uma questão de aceitar ou livrarmo-nos de, mas é admitir qualquer condição que seja, de ser o que é e, simplesmente, apliquem isso a vós próprios, à vossa própria experiência enquanto estão aqui sentados. Quando tiverem que lidar com negatividade, como raiva e outros sentimentos que possam surgir, experienciados interiormente, é possível que não gostem.

Deste modo, em meditação, e num Retiro como estes, é que todos temos esta oportunidade de permitir o medo, pois o medo é muitas vezes uma emoção que normalmente rejeitamos ou resistimos. Por isso, às vezes experimentamos medo num sítio como este, que na realidade até é bastante seguro. Não há aqui nada que cause medo, no entanto, há terror, medo, ressentimentos e todos os tipos de estados estranhos, negativos que podemos deixar entrar na consciência. De facto, podemos cultivar esta atitude do Amor incondicional, ou Metta, ou Consciência (Sati – Mindfulness). Consciência (Sati - Mindfulness) é permitir seja o que for, que seja o que é ou a qualidade que é. Se é estúpido ou sem sentido nenhum, sujo, ou perverso, ou seja lá o que for. Poderão querer descrever isso, mas se o fizerem estão a tornar a situação mais complicada do que é na realidade, porque estão a julgar de determinada forma. É o que é, a condição começa e acaba. E isto não é desprezar ou ignorar a qualidade, mas também não é abusar do julgamento dessa qualidade. A “Presença Consciente” (Awareness) permite o discernimento para receber algo. Mas a tendência para julgar a qualidade, vem mais uma vez da mente crítica, “isto é mau, isto é bom, isto está certo, aquilo está errado”.

Então, eu acho que este modo de reflectir, na realidade, é uma purificação. Quando se consegue fazer isto, mesmo que o que vem à consciência possa parecer contaminado e impuro, vai permitir a liberação, a permissão para partir. Estão a libertar-se estes estados miseráveis. E, através da consciência, o que é que eles fazem? Sim, eles param, eles vão-se embora. Se isto não for feito, então pode-se suprimi-los outra vez, e resiste-se, constantemente não permitindo esta purificação, esta pureza natural, ao tentar controlar e rejeitar o que não se gosta e, o que não se quer ver, o que não se quer saber, do que se tem medo, continuando a reprimir.

Portanto, é aqui que se encontram as referências ao Buddha, Dhamma, Sangha. Porque é que eu valorizo isso, porque é que tomo refúgio no Buddha, Dhamma, Sangha? Porque isto é uma forma e uma convenção, mas para mim, porque o desenvolvi, isto é uma referência, uma recordação. Estas três frases: Buddham Saragnam Gachami (eu tomo refúgio no Buddha); Dhammam Saragnam Gachami (eu tomo refúgio no Dhamma); Sangham Saragnam Gachami (eu tomo refúgio no Sangha), que me lembram, até daquilo que eu possa experimentar, de horrível, de maligno ou de assustador, de louco, de demente, seja qual for a qualidade que possa sentir, mas o meu refúgio, é ver isso em termos daquilo que é saõkhārā (formação mental), a surgir e a desaparecer. Ver a cessação disso, não é rejeitar, mas permitir que o seja e de seguida realizar a cessação. Porque essa “Presença Consciente”, então de facto está a observar; já não se é mais a pessoa a possuir a condição, é-se Buddho, o Buddha a observar e a conhecer o Dhamma, tudo o que está sujeito a surgir e tudo o que está sujeito a findar.

Ora, quando algo acaba, o que realmente acontece é largar algo, não é rejeitar esse algo. Rejeição implica sempre aversão, “eu não quero isto” e aí está aversão e, nunca nos libertamos através da rejeição de alguma coisa, apenas suprimimos e quanto mais o fizermos, mais essas raivas e esses medos nos fulminam por dentro, cortam, corroem-nos completamente, comendo o fígado e o baço. Então é como guardar estes demónios dentro de nós e depois perguntar porque somos miseráveis. O que se tem que fazer é abrir a porta amplamente, porque eles também não querem ficar cá dentro, deixem-nos sair, libertem-nos, dêem a amnistia a todos os prisioneiros, um grande gesto, é um gesto de Amor, de Amor Incondicional não é? Depois o que sai fora é do género, eu comparo-o com um clister e o que sai é nojento, mas uma vez terminado, sentimo-nos muito melhor. Depois, isto também nos transmite um sentimento da beleza da vida. Apesar de toda a negatividade, maldade e egoísmo, da violência que se ouve interminavelmente nos média, acerca do egoísmo e da corrupção da humanidade, se provarmos isto a nós próprios, realiza-se que o que jaz por debaixo de tudo é Amor... Amor Incondicional.

Eu não espero que acreditem em mim, mas isto é só uma sugestão, uma forma de olhar, não tem nada a ver com gostar. É uma realidade incondicional. É real, não é só um momento inspirado na minha vida, em que de repente amo toda a gente. Não é isso.

Reconheçamos o Incondicionado, como na “Terceira Nobre Verdade” - a cessação do sofrimento - realizar essa realidade. O que começa acaba. Permitir que as coisas acabem. A morte é o fim de uma condição, da cessação, da morte. E nós temos medo da morte. Portanto, muitos de vós vêm dizendo que uma sensação de medo aparece na vossa prática à medida que se aproximam do vazio. Experimentar o vazio e o “não eu”, revela-se bastante assustador. Porque não estamos preparados para isso emocionalmente. Vivemos emocionalmente condicionados pelos extremos e, então queremos alegria e tememos o sofrimento, queremos o sucesso, e a euforia e tememos o falhanço e por vezes dizemos; “não presto para nada, a vida não vale nada, não tem sentido nenhum”, e por aí adiante.

Realmente, os hábitos emocionalmente extremistas e as emoções, estão relacionados com este dualismo dos oito Dhammas mundiais. Não obstante, emocionalmente, não nos sabemos relacionar, não estamos aprimorados. As nossas emoções, porque se enquadram no desconhecido e no incerto, fazem-nos perder o sentido. Se nos definirmos como isto ou como aquilo, ficamos com uma certa noção do que se é, mas se de repente alguém nos tira as nossas identidades, não sabemos quem somos e isso é muito assustador. Mesmo que nos assumamos bastante negativamente, tal como “Eu sou um falhanço absoluto sem esperança alguma”, ao menos definimo-nos, ao menos sabemos quem somos. Contudo, se nos convencermos, “eu sou uma forma superior da humanidade”, neste caso, tanto nos podemos engrandecer como menosprezar, mas quando não há “eu” as coisas mudam.

Lembro-me de há já alguns anos, em Wat Pah Pong, quando ainda estava com Ajahn Chah, atravessei um período, em que senti que estava a morrer ali - como uma voz interna - senti que estava a morrer naquele mosteiro... e tinha este tipo incrível de grito cá dentro, a agudizar “eu quero viver”, esta voz interna “eu estou a morrer, eu quero viver” e de repente indaguei-me e comecei a olhar à volta; “ isto é um sítio de morte, este mosteiro, o Budismo fala só de morte e aniquilação”, e logo surgiram todos os tipos de suspeitas e medos, “talvez seja mesmo uma religião diabólica ou exterminadora”. E, então este “eu quero viver”, era como um grito dentro de mim, mas apesar de todo este tremor, eu consegui ter suficiente visão interior para na realidade não acreditar nisso, para não vacilar, mas foi muito avassalador, muito forte. Ou seja, quanto mais desenvolvo esta “consciência presente” (awareness), maior se torna a sua força e, o sentimento de mim próprio como ego, começa a entrar em pânico, “quem sou eu então? Eu vou morrer, eu tenho medo da morte”. E então muitas vezes usamos as palavras “vida” e “morte” como um par dualista e dizemos “vida” ou “morte”. Mas, na forma de encarar as coisas no sentido budista, é antes “nascimento” e “morte”, nascimento e morte sim, vão juntos. A palavra “vida” então, quererá significar o quê? Será vida eterna? Poderia ser.

No entanto, nessa minha experiência, não se trata de condições eternas, condições que duram para sempre, mas subitamente, toda a noção de morrer, de mim a morrer, morrer sozinho e a morte estando morta, não existe mais morrer então, isto é o que Ajahn Chah costumava sempre dizer, «morre antes de morrer» que em Tai diz-se “dtai gon dtai”, e Ajahn Chah estava constantemente a dizer isto, “morre antes de morrer”. E então esta morte do ego, este poderoso sentimento da minha distinção de “eu” e “meu”, à medida que confio nesta “Presença Consciente”, este poderoso sentimento de “eu” em manter o “eu”, a minha distinção, a minha singularidade, de repente morreu. Eu podia então deixar-me morrer se realizasse e visse isso, uma vez que eu estava a morrer e a sofrer a todo o tempo, pois era algo que não podia continuar.

Ora, o que acontece na realidade é que assumimos e actuamos como se fossemos este ego o tempo inteiro; este ego sou eu mesmo e está comigo o tempo todo e mesmo quando estou a dormir, ainda assim, sou Ajahn Sumedho. E depois há a forma como as pessoas falam carregadas da mais variada terminologia, em que assumem todas aquelas tendências latentes, como raiva reprimida, contorcendo-se das profundezas e, talvez existam até todo o tipo de energias negras cá dentro à espera de sair com medos e tudo à volta. Como então acabar com isto? Na abordagem budista, o Buddha encarou este problema através do reconhecer que condições dão origem a outras condições – “geração dependente”. Ou seja, maneiras de reconhecer a sua origem, como quando há condições para a raiva e a raiva surge, sendo algo que está latente, algo que subjaz internamente, a não ser que se assuma e identifique, com a realidade, do que está a acontecer. E então eu acho que compreender “geração dependente”, é um modo muito mais proveitoso de olhar para a experiência, porque, por exemplo, quando o Sol brilha, quando chove, quando somos elogiados, insultados, quando se sente com saúde ou doente, as emoções estão sempre de acordo com as condições.

A plena consciência da condição, não é a condição. Não é uma condição a olhar para outra condição. Então esta “Consciência presente”, está também consciente da personalidade ou do momento em que as condições para se ser uma pessoa ou uma personalidade surgem e eu sou assim; sou pessoa feliz, pessoa infeliz, pessoa irritada, pessoa enlevada, pessoa deprimida, pessoa ofendida, pessoa aborrecida, pessoa assustada. Mas com a “Presença Consciente”, à medida que se reconhece o que é “Presença Consciente”, chega-se à simplicidade última. Como o espaço, não há nada de complicado a seu respeito. Não é nada que dependa de outras condições para ser consciente. Ou seja, até no meio do inferno se pode ser consciente. Então na Escola Mahāyāna, eles têm assim; “Um Lótus que floresce por entre o Inferno é indestrutível”, e depois há uma pintura desta Flor de Lótus extremamente delicada e tudo em seu redor a arder tremendamente. Esse é o meu Ícone, ser este Lótus é um símbolo de pureza na religião oriental. “Um Lótus que floresce por entre o Inferno é indestrutível”, Lótus indestrutível, “Presença Consciente”. E o inferno contínua à volta, mas esta “Presença Consciente” é indestrutível, por isso é que aqui se trata de reconhecê-la, realizá-la, não de tentar possuí-la ou criá-la.

É aqui, exactamente, que as palavras nos podem desviar ou conduzir no mau sentido, porque concebemos e definimos a “consciência” à nossa maneira. Queremos encontrar o que é, definir e falar sobre isso. Mas nada mais é do que isto. Na realidade, nada é, com excepção de que é apenas consciência no presente. Não se trata de seleccionar, não é concentrarmo-nos ou ter preferência por umas coisas sobre as outras e tentar controlar o que quer que seja, mas sim de reconhecer esta situação pela qual nós estamos condicionados, como voltar a nascer, a morrer, a ter medo, a gostar e a não gostar. Isto é o nosso condicionamento cultural e as nossas personalidades que estão construídas sobre estas ilusões e, toda esta linguagem que usamos, reforça esta ilusão.

Portanto, estas são as três amarras que nos cegam o caminho da “Quarta Nobre Verdade”, que se baseia em Sammā-ditthi (compreensão correcta). Estas três amarras são então o ego (sakkāya-ditthi), do ponto de vista da personalidade que é um ponto de vista criado; o processo cultural condicionador, e a dúvida que é o resultado do pensamento. Se pensamos demasiado, duvidamos demasiado. Se pensar demasiado, constantemente, um monge não pára de questionar, inquieto. Na Universidade encontra-se muita gente a duvidar, porque pensa. Em Berkeley, havia tantas pessoas cépticas, cínicas. Reparem, quando se pensa muito, quando se pensa sobre nós próprios, sobre a nossa prática, sobre o Budismo, sobre outra coisa qualquer, começa-se a duvidar sobre isso e, então, este pensar cria esta dúvida (vicikichchā). É por isso que este realizar, reconhecer a “Presença Consciente” (Awareness), é o alvo da “Quarta Nobre Verdade”. É um meio inteligente de usar algo tão vulgar como o sofrimento, reconhecer as causas do apego, do desejo, largar (abrir mão) e então realizar a cessação, porque o que surge tem um fim. Fica-se então desperto, a “Presença Consciente” liga-nos à ausência, à cessação de algo. E quando há cessação na consciência, não é morte, eu ainda respiro, ainda me sinto vivo, mas o sofrimento acaba e então quando se diz, que toda a fenomenologia condicional é Dukkha (insatisfação - sofrimento), não se trata de desvalorizar a beleza, nem a bondade, nem a graciosidade do mundo condicionado, mas trata-se antes de realçar a sua natureza condicional, para que não haja apego a qualquer condição e manter-se fora da ignorância.

Parte de nós falta, não estamos completos, há uma falha, falta qualquer coisa e enquanto a nossa identidade estiver nesse nível de fenomenologia condicional, não importa o que façamos, vamos sentir que há algo que falha na nossa vida. E então podemos ir à procura de alguém, ou ir à procura de poder ou colocação profissional, mas não importa o quanto procuremos lá fora, haverá sempre um sentimento de falta, de imperfeição... de falha. Porque a falha consiste em não sermos totalmente conscientes. Cria-se esta divisão, separação e até a outra pessoa pode fazer-nos sentir completos, mas quando se vai embora, ficamos novamente incompletos. Portanto é só uma completude ilusória.

O Buddha apontou para a Realidade Imortal em vez de nos agarrarmos só às condições boas, ao que se torna bom, ou a viver a vida ignorando a parte má e tomando só atenção à boa. Mas aprendemos de ambas, ambas têm valor idêntico, o bom e o mau, o certo e o errado. Porque todas as condições terão um fim. E então a cessação é paz, libertação. E isso é Amor.

O Amor subjaz a tudo neste planeta, neste Universo em que vivemos. Seremos só máquinas gulosas?.. não, nós amamos, sentimos Amor, sentimos algo mais profundo do que somente preferências pessoais. Para lá desse tipo de egoísmo e cegueira do ser humano, existe também um sentir para a Realidade Imortal, pelo espiritual, pela verdade última. E disso que a religião trata. Todas as religiões existentes no mundo têm diferentes tipos de reconhecimento e formas de o proclamarem, mesmo usando símbolos diferentes, mas é para onde todas as religiões apontam, porque isto é algo que se encontra na condição humana. Então, em termos de prática de “Metta” apercebemo-nos de que, quanto mais entramos em contacto com este Amor incondicional, mais serenamos e confiamos. Esta é uma das verdadeiras formas com que podemos ajudar todos os seres sencientes neste preciso momento. A um nível pessoal podem pensar, «como é que eu vou ajudar? Toda aquela gente a morrer no Iraque e todo o tipo de violência que vai por aí fora?». Porém, quanto mais os seres humanos reconhecerem, acordarem para a verdade última, então isto será para o benefício de todos, porque está tudo interligado; não é uma questão de ser só eu a sentir-me liberto do sofrimento e “que o resto das pessoas vá para o inferno”, porque já não sou eu. Já não sou eu como uma entidade isolada, com esta forma humana. Então, compaixão, Karunā-Muditā-Upekkhā, os Brahma-vihāras, vêm daí. Estas são as respostas ao sofrimento e à beleza que experimentamos através da consciência, como entidades independentes do condicionamento pessoal que nos cega para a verdade última.

... ora então ofereço isto como reflexão...

Texto extraído do Livro "Folhas da Árvore Bodhi".

Tradução de Ajahn Dhammiko

   


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Impresso em 25/4/2024 às 15:38

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