Fundação Maitreya
 
Dhammapada 15 - O Estado de Aflição

de Acharya Buddharakkhita

em 30 Abr 2017

  O ensinamento do Buddha pode apenas dar-nos uma compreensão inicial do Dhamma, mas não pode fazer com que o Dhamma fique nos nossos corações. E porque não? Porque ainda não praticámos, ainda não ensinámos a nós mesmos. O Dhamma emerge com a prática. Conhecem-no através da prática. Se duvidarem do Dhamma, duvidam da prática. Os ensinamentos dos mestres podem ser verdade, mas somente ouvir o Dhamma não é, por si só, suficiente para sermos capazes de o realizar. O ensinamento apenas indica qual o caminho. Para realizar o Dhamma temos de agarrar no ensinamento e trazê-lo para os nossos corações. A parte que é para o corpo, aplicamos ao corpo, a parte que é para a fala aplicamos à fala e a parte que é para a mente, aplicamos à mente. Isto significa que depois de ouvirmos o ensinamento devemos ensinar a nós mesmos.

Nirayavagga: O Estado de aflição

306. O mentiroso dirige-se para o estado de aflição; como aquele que tendo agido (errado), diz: “Eu não fiz isso”. Ambos, cometeram infracções e ao partir, compartilham o mesmo destino no outro mundo.

307. Há muitas personalidades más e homens sem contenção vestindo o hábito açafrão. Estes homens ímpios nascerão em estados de aflição por causa de suas más obras.

308. Seria melhor engolir uma bola de ferro em brasa, do que como monge imoral e vicioso, comer as esmolas do povo.

309. Quatro infortúnios recaem sobre um homem imprudente que coabita com a mulher de outro: aquisição de demérito, sono perturbado, má reputação e (renascimento em) estados de aflição.

310. Tal homem adquire demérito e um nascimento infeliz no futuro. Breve é o prazer do homem e da mulher assustados, e o rei impõe punição pesada. Portanto, que nenhum homem coabite com a mulher do outro.

311. Tal como a grama kusa se for mal agarrada com a mão, corta - da mesma forma uma vida monástica mal vivida arrasta a pessoa para estados de aflição.

312. Qualquer acto impensado, qualquer observância corrupta, qualquer forma de celibato questionável – nada disto dá grandes frutos.

313. Se é para fazer alguma coisa, que se faça com vigor sustentado. A vida monástica relaxada ainda levanta mais a poeira das paixões.

314. É melhor não fazer uma má acção, pois a seguir tal acto, atormenta quem o faz. Melhor é praticar uma boa acção, fazendo com que uma pessoa não se arrependa depois.

315. Assim como a fronteira de uma cidade é muito bem guardada, tanto por dentro como por fora, da mesma forma, protege-te. Não deixes escapar esta oportunidade (para o crescimento espiritual). Quem a deixou escapar aflige-se na verdade, quando entregue à escuridão.

316. Aqueles que têm vergonha do que não se deviam envergonhar, e não se envergonham do que se deviam envergonhar – vendo as coisas de uma forma errada, dirigem-se para estados de aflição.

317. Aqueles que temem algo quando não há nada a temer, e não vêem nada a temer, onde há algo a temer - vendo as coisas de uma forma errada, dirigem-se para estados de aflição.

318. Aqueles que imaginam o mal onde este não existe, e não vêm o mal onde ele existe - vendo as coisas de uma forma errada, dirigem-se para estados de aflição.

319. Aqueles que discernirem o errado como errado e o certo como certo - vendo as coisas de uma forma correcta, dirigem-se para os reinos da felicidade.

Tradução de Bhikkhu Dhammiko
   


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