Fundação Maitreya
 
O Sol, vitamina D, a saúde e a doença

de Miguel Ledro Henriques

em 31 Jan 2021

  A exposição solar tem sido alvo de uma enorme atenção por este mundo fora pela sua dita relação com o cancro da pele (melanoma e carcinoma pavimento-celular), e as confusões relativamente à realidade têm tido como consequência que a população tem agora medo do contacto com o sol, evitando-o ao máximo e utilizando protectores solares quando evitar não é possível. Não é, no entanto, de todo, esta mensagem que a comunidade científica tem tentado passar, ou pelo menos acreditamos que não propositadamente, e a falta de exposição solar tem consequências graves para a saúde. O problema é de tal ordem que os mais recentes estudos indicam que cerca de 75 % da população têm défice de vitamina D, a vitamina produzida por exposição ao sol, sendo que este défice está envolvido no aparecimento de doenças cardiovasculares, doenças oncológicas, doenças metabólicas, neurológicas, auto-imunes e muitas outras patologias crónicas.

Ser humano - Medicina holística e integrativa


O que vai ser dito…

•A exposição solar tem inúmeros efeitos benéficos directos – incluindo, em casos particulares, a fotossíntese humana – e indirectos – através da estimulação da produção de vitamina D3 no organismo, absolutamente essencial para todos os tecidos do organismo;
•Há vários tipos de radiação ultravioleta, e são os UVB os responsáveis pela estimulação da produção de vitamina D3 (não é “apenas” uma vitamina, mas uma verdadeira hormona) pela pele;
•A exposição de alta intensidade prolongada e/ou intermitente parece aumentar o risco de melanoma e outras doenças oncológicas da pele.

•Por outro lado, a exposição continuada ao longo dos dias, de média intensidade e curta ou média duração parece ter efeitos protectores contra quase todos os grupos de doenças, incluindo o melanoma e outras doenças oncológicas da pele;
•Os níveis sanguíneos de (25)vitamina D3 devem ser mantidos entre 60 e 100 ng/mL, dependendo das circunstâncias -- isto diminui o risco de doença oncológica no geral em 85% e em muitos casos controla por si própria a esclerose múltipla, entre muitos outros efeitos comprovados. A melhor forma de o fazer é através de uma exposição solar saudável (⅓ da superfície corporal durante ⅓ do tempo em que provocaria eritema – vermelhidão da pele) mas, se tal não for possível, é recomendada a utilização de uma luz de espectro solar ou suplementação com vitamina D3;
•Durante o Verão, a permanência à sombra de chapéus de sol ou sombras de árvore também estimula o corpo a produzir vitamina D e tem todos os outros benefícios da luz solar;
•Os protectores solares sintéticos podem ter substâncias tóxicas e que por si próprias aumentam o risco de doença, pelo que os que possuem substâncias químicas devem ser evitados. Em caso de necessidade de protecção, devem ser utilizadas substâncias comprovadamente inócuas e naturais;

O problema

A exposição solar tem sido alvo de uma enorme atenção por este mundo fora pela sua dita relação com o cancro da pele (melanoma e carcinoma pavimento-celular), e as confusões relativamente à realidade têm tido como consequência que a população tem agora medo do contacto com o sol, evitando-o ao máximo e utilizando protectores solares quando evitar não é possível. Não é, no entanto, de todo, esta mensagem que a comunidade científica tem tentado passar, ou pelo menos acreditamos que não propositadamente, e a falta de exposição solar tem consequências graves para a saúde. O problema é de tal ordem que os mais recentes estudos indicam que cerca de 75 % da população têm défice de vitamina D, a vitamina produzida por exposição ao sol, sendo que este défice está envolvido no aparecimento de doenças cardiovasculares, doenças oncológicas, doenças metabólicas, neurológicas, auto-imunes e muitas outras patologias crónicas.

Funções

A luz solar é tão necessária à vida como o oxigénio que respiramos, tendo um impacto enorme na saúde e na doença:
•Proporciona directamente energia ás plantas, sem as quais não sobreviveríamos (produzem oxigénio e são alimento essencial);
•“Diz” ao relógio do nosso corpo que altura do dia é, o que tem impacto em todos os nossos mecanismos hormonais e neurotransmissores – eles funcionam de forma e intensidade diferente ao longo do dia, por sua vez controlando a multiplicação, regeneração e função celulares;
•Estimula a produção de melanina (o pigmento protector das células da pele, com efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios), regulando assim a quantidade de protecção que precisamos conforme a própria quantidade e intensidade do sol;
•Sabe-se hoje que regula directamente a expressão de mais de 3000 genes;
•Sabe-se hoje que os humanos também fazem fotossíntese! A luz solar aumenta a energia celular directamente através da estruturação da água no nosso organismo em H3O2, que ao reformar H2O fornece a energia previamente guardada nas suas ligações ao meio celular e extracelular (o 4º estado da água, como estudado pelo Dr. Gerald Pollack). Para além disto, se tivermos clorofila em circulação (obtida em boa quantidade a partir de vegetais de folhas verdes), esta absorve luz solar na forma de fotões adquirindo um estado energético superior que lhe permite posteriormente transmitir electrões directamente às mitocôndrias, as fábricas de energia das nossas células, sem necessidade de outros intermediários como o açúcar (glicose), fonte energética normalmente utilizada;

•Estimula a nossa pele a produzir vitamina D3 (cujas fontes alimentares são muito pobres e não permitem atingir níveis suficientes no sangue), vitamina esta que está envolvida:
Na protecção da pele dos raios UV;
Na absorção de cálcio e fósforo da dieta, e do seu metabolismo no corpo;
No estrutura e metabolismo ósseo;
No normal desenvolvimento e funcionamento das células da pele;
Na normal desenvolvimento e funcionamento de células do nosso sistema imunitário;
Na estimulação da produção de células que regulam o sistema imunitário (os denominados linfócitos Treguladores), sendo anti-inflamatórias e fundamentais na prevenção de doenças auto-imunes, entre outras;
Na manutenção da pressão arterial normal (a vitamina D3 estimula a produção de óxido nítrico [NOS], que é dilatador dos vasos sanguíneos);
No normal desenvolvimento do sistema nervoso, central e periférico. Isto inclui o nosso humor, raciocínio e sensações;
Na produção de neurotransmissores, os sinais químicos que são uma das vias de comunicação do sistema nervoso;
Na protecção do sistema nervoso (síntese de antioxidantes);
Regulação da expressão genética em quase todos os tecidos do organismo;

Como funciona

Existem vários tipos de raios UV :
•UVA (320-400 nm de comprimento de onda), constituem a maioria dos raios que tingem a superfície da terra. Atingem a derme (a camada mais profunda da pele), estimulando a produção de melanina, o pigmento protector da pele. São capazes de atravessar vidro;
•UVB (280-320 nm), atingem apenas a epiderme (camada mais superficial da pele) e são eles que induzem a formação de provitamina D3/colecalciferol. Também são os principais responsáveis pelo aparecimento do eritema (vermelhidão) solar, servindo este como aviso de exposição prolongada. Não são capazes de atravessar vidro, pelo que através deste não há produção de vitamina D3;
•UVC, não atingem a superfície da terra, sendo amparados pela camada de ozono e atmosfera;

Se a exposição solar fosse tão perigosa como alguns nos querem fazer acreditar, a espécie humana, que durante largos milhares de anos não tinha mais para dela se defender do que uma tanga e a sombra das árvores, já estaria extinta há muito.
A pro-vitamina D3 é produzida na epiderme a partir do colesterol sob acção da luz solar. Esta depois é convertida a 25-hidroxivitamina D3 no fígado, e posteriormente a 1,25-hidroxivitamina D3 nos rins (em maior quantidade) mas também em quase todos os tecidos do corpo, onde é necessária para inúmeras funções celulares;

O sol, protectores solares e a doença

O défice de vitamina D3 tem sido ligado a inúmeras doenças do foro cardiovascular, osteoarticular, oncológico, neurológico e auto-imune.
Alguns estudos concluíram uma ligação entre a exposição solar e o melanoma/ carcinoma pavimentocelular (dois tipos de cancro da pele). No entanto, essa associação retirou-se principalmente de estudos em ratinhos (cuja pele é bem diferente da nossa) e em estudos em que as pessoas se sujeitavam a grandes exposições de alta intensidade (escaldões) sucessivas intervaladas com grandes períodos sem sol. Um enorme estudo com mais de 29.000 mulheres suecas durante mais de 20 anos concluiu que, quanto maiores os hábitos de exposição solar dessas mulheres ao longo da vida, menor a probabilidade de morte por qualquer causa, especialmente doenças cardiovasculares e oncológicas! Outros estudos em doentes com cancro da pele mostraram que aqueles com exposição solar de intensidade média e prolongada a sobreviviam mais e mais tempo do que aqueles sem exposição solar.
Há alguma heterogeneidade nos resultados dos estudos efectuados sobre este tema, já que tudo depende da latitude, de outros hábitos e indicadores de saúde, etc. No entanto, parece ser que a exposição intermitente e intensa intervalada com períodos longos sem sol é mais nociva, enquanto que quando maior for a exposição média e prolongada continua maiores os efeitos positivos e protectores.

Estudos demonstraram que, durante os dias de Verão, a permanência na sombra de árvores ou chapéus-de-sol permite ao corpo produzir entre 50 e 55% da quantidade de vitamina D que produziria com exposição total ao sol, produzindo ainda todos os restantes benefícios já discutidos em quantidades variáveis e de forma muito mais suave para o organismo. Esta parece ser, portanto, a melhor alternativa sobretudo para aqueles que ainda não têm a pele morena o suficiente para lhes conferir uma alta protecção, ou para aqueles que terão uma exposição mais prolongada.
A maior parte dos protectores solares têm na sua constituição químicos sintéticos, muitos deles considerados cancerígenos ou disruptores hormonais por vários estudos (oxibenzona, retinil palmitato, parabenos, ftalatos, etc). Alguns estudos concluíram inclusive que os protectores solares aumentam o risco de melanoma por causa dos químicos que contêm! Muitos protectores protegem apenas contra os raios UVB (os que estimulam a produção de vitamina D3 e o eritema), deixando passar os UVA e permitindo uma exposição de risco quase sem sintomas para nos avisar do excesso e sem muitos dos efeitos benéficos.

Através do vidro não há exposição a raios UVB, e portanto não há produção de vitamina D3.
Curiosamente, é entre as 12h00 e as 15h00 que os raios solares apresentam o rácio UVA/UVB melhor para a saúde. No entanto, tal intensidade em corpos pouco morenos durante mais do que 10 a 15 minutos pode ter mais efeitos nocivos do que benéficos.
Quando o comprimento da nossa sombra é maior do que a altura do corpo, parece já não haver exposição suficiente para haver produção suficiente de vitamina D3.

O que fazer…

O nível de vitamina D3 no sangue (as análises medem normalmente os níveis de 25-hidroxivitamina D3, que está durante mais tempo em circulação, pelo que é mais fiável) deve estar entre 60 e 100 ng/mL, dependo das necessidades e condição de saúde do indivíduo.
Expor ⅓ da superfície corporal ao sol durante ⅓ do tempo que demora a aparecer o eritema solar produz cerca de 1000 UI (unidades internacionais) de vitamina D3 (na nossa latitude) com o dobro da duração do que a vitamina em suplemento. O melhor até é mesmo a permanência à sombra de uma árvore ou de um chapéu-de-sol, o que permite uma exposição mais suave e durante muito mais tempo;
Muitas substâncias dos vegetais, frutos, fruta e ervas aromáticas, nomeadamente os do grupo dos carotenóides (conferem cores vivas ao alimentos onde existem, como é o caso dos pimentos) e os polifenóis, têm efeitos fotoprotectores e antioxidantes na pele. Uma dieta rica nestes alimentos e pobre em açúcares e gorduras animais e/ou saturadas permite aos mecanismos normais de protecção da pele executar as suas funções na perfeição.
Se não é possível fazer uma exposição continuada de média ou curta duração ao sol, pode-se adquirir uma luz de espectro solar para utilização em casa ou no trabalho, luz esta que tem muitos dos efeitos benéficos da luz solar. Caso tal também não seja possível, suplementar 1000 UI de vitamina D3 por dia pode subir o nível sanguíneo até 10 ng/mL. Neste caso, os níveis devem ser avaliados várias vezes para chegar à dose de suplemento correcta.
A exposição de alta intensidade prolongada e/ou intermitente deve ser evitada. Se tal não for possível, existem protectores solares naturais e sem substâncias prejudiciais que podem ser utilizados;

Não esquecer: Usar a cabeça e o coração!!!

O que se disse…

•A exposição solar tem inúmeros efeitos benéficos directos – incluindo, em casos particulares, a fotossíntese humana – e indirectos – através da estimulação da produção de vitamina D3 no organismo, absolutamente essencial para todos os tecidos do organismo;
• Há vários tipos de radiação ultravioleta, e são os UVB os responsáveis pela estimulação da produção de vitamina D3 (não é “apenas” uma vitamina, mas uma verdadeira hormona) pela pele;
•A exposição de alta intensidade prolongada e/ou intermitente parece aumentar o risco de melanoma e outras doenças oncológicas da pele.
•Por outro lado, a exposição continuada ao longo dos dias, de média intensidade e curta ou média duração parece ter efeitos protectores contra quase todos os grupos de doenças, incluindo o melanoma e outras doenças oncológicas da pele;
•Os níveis sanguíneos de (25)vitamina D3 devem ser mantidos entre 60 e 100 ng/mL, dependendo das circunstâncias -- isto diminui o risco de doença oncológica no geral em 85% e em muitos casos controla por si própria a esclerose múltipla, entre muitos outros efeitos comprovados. A melhor forma de o fazer é através de uma exposição solar saudável (⅓ da superfície corporal durante ⅓ do tempo em que provocaria eritema – vermelhidão da pele) mas, se tal não for possível, é recomendada a utilização de uma luz de espectro solar ou suplementação com vitamina D3;
•Durante o Verão, a permanência à sombra de chapéus-de-sol ou sombras de árvore também estimula o corpo a produzir vitamina D e tem todos os outros benefícios da luz solar;
•Os protectores solares sintéticos podem ter substâncias tóxicas e que por si próprias aumentam o risco de doença, pelo que os que possuem substâncias químicas devem ser evitados. Em caso de necessidade de protecção, devem ser utilizadas substâncias comprovadamente inócuas e naturais;


Miguel Ledro Henriques
Médico - Mestrado em Medicina |NOVA Medical School
Auto-regulação emocional, meditação, raja yoga - Swami Center
Especialista em desenvolvimento transpessoal - Escola Transpessoal
Instrutor de coerência cardíaca - Heartmath Institute

Bibliografia

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•Garcion E, Wion-Barbot N, Montero-Menei CN, Berger F, Wion D; New clues about vitamin D functions in the nervous system; Trends Endocrinol Metab. 2002 Apr;13(3):100-5.
•Grant WB, Holick MF; Altern Med Rev. Benefits and requirements of vitamin D for optimal health: a review; 2005 Jun;10(2):94-111.
•Basit S; Vitamin D in health and disease: a literature review; Br J Biomed Sci. 2013;70(4):161-72.
•http://www.humanphotosynthesis.com/
•Lindqvist PG, Epstein E, Landin-Olsson M, Ingvar C, Nielsen K, Stenbeck M, Olsson H; Avoidance of sun exposure is a risk factor for all-cause mortality: results from the Melanoma in Southern Sweden cohort; J Intern Med. 2014 Jul;276(1):77-86.
•http://articles.mercola.com/sites/articles/archive/2014/06/04/ewg-sunscreen-guide.aspx
•D.J. Turnbull, A.V. Parisi, M.G. Kimlin; Vitamin D effective ultraviolet wavelengths due to scattering in shade; The Journal of Steroidal Biochemistry and Molecular Biology 96 (2005) 431–436;
•T. A. Kalajian, A. Aldoukhi, A. J. Veronikis, K. Persons, M. F. Holick; Ultraviolet B Light Emitting Diodes (LEDs) Are More Efficient and Effective in Producing Vitamin D3 in Human Skin Compared to Natural Sunlight; Scientific Reports 7, Article number: 11489 (2017)
•http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ijc.2910610602/full
•https://www.youtube.com/watch?v=i-T7tCMUDXU

   


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