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  Mudança climática   18 Mai 2013

Mudança climática alterou localização dos polos da Terra

Por Richard A. Lovett e revista Nature

Da revista Nature

De acordo com um novo estudo publicado em Geophysical Research Letters, o aquecimento global está mudando a localização dos polos geográficos da Terra.

Pesquisadores da University of Texas, Austin, relatam que o derretimento acentuado da camada de gelo da Groenlândia – e em um grau menor, a perda de gelo em outras partes do globo – ajudaram a mover o Polo Norte vários centímetros todos os anos desde 2005.

“Houve uma grande mudança”, declara Jianli Chen, geofísico e principal autor do estudo.

De 1982 até 2005, o polo derivou para sudeste na direção de Labrador, no Canadá, a uma taxa de aproximadamente 2 miliarcosegundos – ou cerca de 6 centímetros – por ano. Mas em 2005 o polo mudou de curso e começou a galopar para leste na direção da Groenlândia a uma taxa de mais de 7 miliarcosegundos por ano.

Há muito tempo cientistas sabem que as localizações dos polos geográficos da Terra não são fixas. No curso de um ano, eles mudam sazonalmente conforme mudam as distribuições de neve, chuva e humidade da Terra. “Normalmente a mudança é circular, com uma oscilação”, explica Chen.

Mas subjacente ao movimento sazonal está um movimento anual que se acredita ser conduzido pela deriva continental. Foi a mudança nesse movimento que chamou a atenção de Chen e seus colegas, que usaram dados coletados pelo GRACE (Experimento de Clima e Recuperação de Gravidade, em tradução aproximada), da Nasa, para determinar se a perda de gelo tinha mudado e acelerado a deriva polar anual.

As sondas gêmeas do GRACE mediram mudanças no campo gravitacional da Terra, que podem ser usadas para acompanhar mudanças na distribuição de água e gelo. A equipe de Chen usou dados do GRACE para modelar como o derretimento de camadas de gelo afetam a distribuição de massa da Terra. Eles descobriram que a perda de gelo recém-acelerada e associada ao aumento do nível do mar foi responsável por mais de 90% da mudança polar pós-2005.

Os resultados sugerem que o acompanhamento de mudanças polares pode servir como sistema de verificação das estimativas recentes de perda de gelo, observa Erik Ivins, geofísico do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa em Pasadena, Califórnia. Quando há perda de massa em uma parte de uma esfera em rotação, seu eixo de giro será alterado diretamente na direção da posição da perda, explica ele – exatamente como a equipe de Chen observou para a Groenlândia. “Esse é um indicador único do local onde a massa é perdida”, conclui Ivins.

Cientistas podem localizar os polos norte e sul com uma precisão de 0,03 miliarcosegundos usando medidas do Sistema de Posicionamento Global para determinar o ângulo de rotação da Terra. De acordo com Chen, conhecer o movimento dos polos limita as estimativas de perda de gelo feitas por outros métodos.

E isso poderia ajudar cientistas que observam o gelo da Terra a preencher uma lacuna de dados entre o GRACE e seu substituto, o GRACE II, com lançamento agendado pela Nasa para 2020. Pesquisadores também podem ser capazes de usar registros antigos de deriva polar para melhorar estimativas de perda e crescimento de gelo antes do advento do monitoramento por satélite.

Chen estima que dados sobre movimentos polares têm pelo menos um século, bem antes do advento de satélites de monitoramento terrestre. “Nós não temos um registro longo de medidas das camadas de gelo”, observa ele. “Mas em se tratando do movimento dos polos, o registro é bem longo”.

Este artigo foi reproduzido com permissão da revista Nature. O artigo foi publicado pela primeira vez em 14 de maio de 2013.

Sciam16maio2013



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