Por Annie Sneed
Yoga ajuda a curar pacientes tratadas do cancro da mama
Mulheres reduziram sinais de inflamação e fadiga decorrentes da doença praticando hata-yoga oriental
Exercícios físicos já são bastante difíceis para pessoas saudáveis, mas eles são ainda mais extenuantes para pacientes com cancro da mama depois da cirurgia e de incontáveis rodadas de terapias esgotantes.
Estudos mostraram que actividades físicas podem melhorar a saúde de pacientes com cancro, mas a intensa fadiga e dor pós-tratamento podem impedir pacientes de sair para dar uma corrida ou um passeio de bicicleta.
Agora, um novo estudo, publicado na edição de Janeiro do Journal of Clinical Oncology, mostra que o yoga pode ser uma alternativa viável para as pacientes com cancro da mama se exercitarem e alcançarem benefícios de saúde compatíveis (e talvez até superiores) com outros tipos de actividades físicas.
Para seu estudo de investigação dos efeitos do yoga, pesquisadores da The Ohio State University reuniram pacientes em tratamento para cancro da mama de todas as idades duas vezes por semana durante três meses para a prática de hata-yoga (hatha yoga). A pesquisadora Janice Kiecolt-Glaser e sua equipa monitorizaram especificamente dois factores importantes para uma saúde debilitada: fadiga e inflamação.
Para uma em cada três sobreviventes de câncer de mama a fadiga resultante dos tratamentos é um empecilho para exercer actividades diárias; além disso, as sobreviventes menos activas fisicamente correm riscos maiores de saúde e morte precoce. A inflamação também é uma importante medida do bem-estar, porque ela estimula a fadiga e está ligada a muitos problemas, inclusive cancro, diabete, doenças cardíacas e mal de Alzheimer. O estudo de Kiecolt-Glaser é o maior até agora para avaliar como o yoga afecta a inflamação em sobreviventes de cancro.
Quando os pesquisadores avaliaram as participantes após seis semanas de yoga, eles constataram que as mulheres que praticavam os exercícios tinham menos inflamações e relatavam menos fadiga que o grupo de controlo que não praticou yoga. A equipa reavaliou as voluntárias vários meses após o fim do estudo e descobriu que as praticantes de yoga tinham obtido benefícios de longo prazo ainda maiores, com reduções de até 20% das inflamações e 75% menos fadiga que o grupo controle.
Kiecolt-Glaser tem várias ideias sobre o porquê a yoga pode restabelecer a saúde.
As pacientes em tratamento para cancro da mama frequentemente sofrem de distúrbios do sono, o que estimula a fadiga e a inflamação, e as mulheres que praticaram yoga dormiam significativamente melhor. Os aspectos meditativos e a respiração profunda do yoga podem reduzir o stress, o que também reduz a inflamação e a fadiga.
Além disso, uma actividade em grupo como o yoga dá às sobreviventes um apoio social adicional capaz de impulsionar o processo de cura, embora o estudo não tenha observado nenhuma diferença notável no humor ou na sensação de solidão entre as praticantes e não-praticantes dos exercícios.
A pesquisa mostrou que muitas formas de exercícios proporcionam benefícios similares, mas o yoga pode ser um meio mais prático para mulheres reconstruírem sua saúde.
Com yoga, as sobreviventes de cancro da mama podem adaptar a prática ao seu nível de condicionamento físico e adoptar posturas para acomodar suas limitações físicas. Talvez o yoga ainda ofereça mais uma vantagem sobre outros exercícios.
Muitos estudos concluíram que as pessoas precisam perder peso além de se exercitar para reduzir a inflamação confiavelmente, mas isso pode não se aplicar ao yoga. “Quando percebi isso, pensei comigo ‘Ó céus, estamos fritos!’, porque não tínhamos um grupo de pesos-pluma e as mulheres em nosso estudo não perderam peso”, confessa Kiecolt-Glaser. “Ainda assim, observamos mudanças nas inflamações. Isso sugere que pode haver algo particularmente benéfico no yoga”.
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Scientifc American