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A Perspectiva da Floresta

de Ajahn Amaro

em 17 Dez 2011

  (...anterior) Os ensinamentos Dzogchen transmitem o mesmo: “Não existe sequer uma ponta de fio de cabelo de envolvimento dos objectos mentais na plena consciência, na natureza da mente em si.” É por isso que a plena consciência é um refúgio; a plena consciência é o próprio centro da nossa natureza.
Alguém viu os meus olhos?

Outro paralelo entre os ensinamentos do Dzogchen e de Ajahn Chah vem sob a forma de um aviso: não procurem o incondicionado, ou rigpa, com a mente condicionada. Nos versos do Terceiro Patriarca do Zen (§) pode-se ler: “Procurar a Mente com a mente discriminatória é o maior de todos os erros.” Ajahn Chah expressava a futilidade e o absurdo dessa tendência dando como exemplo andar a cavalo e procurar o cavalo ao mesmo tempo. Estamos a montar o cavalo e a perguntar, “Alguém viu o meu cavalo? Alguém sabe do meu cavalo?” Todos olhariam para nós como se estivéssemos loucos. Então, cavalgamos até à próxima aldeia e perguntamos a mesma coisa: “Alguém viu meu cavalo?”
Ajahn Sumedho emprega um exemplo semelhante. Ao invés de procurar um cavalo, ele usa a imagem de procurar os próprios olhos. O próprio órgão com o qual vemos está a realizar a procura, no entanto prosseguimos na busca exterior: “Alguém viu os meus olhos? Não consigo ver os meus olhos em nenhum lugar. Eles devem estar por aqui algures mas não consigo encontrá-los.”
Não podemos ver os nossos olhos, mas conseguimos ver. Isso significa que a consciência não pode ser um objecto. Mas pode haver consciência! Ajahn Chah e outros mestres da Tradição da Floresta empregavam a expressão, “ser o saber.” É como ser rigpa. Nesse estado, a mente conhece a sua própria natureza, o Dhamma é ciente da sua própria natureza. E é tudo. Assim que tentamos fazer disso um objecto, cria-se uma estrutura dualista, um sujeito aqui olhando para um objecto ali. E só existe solução quando abrimos mão dessa dualidade e abandonamos essa “busca”. Então o coração permanece somente no saber. Mas o hábito é pensar, “Não estou a procurar o suficiente. Ainda não os encontrei. Os meus olhos devem estar aqui em algum lugar. Afinal de contas consigo ver. Tenho de esforçar-me mais para os encontrar.”

Já alguma vez estiveram numa entrevista num retiro, na qual depois de descreverem a vossa prática de meditação o professor olha para vocês e diz, “É necessário mais esforço!”? Vocês pensam, “Mas estou a esforçar-me o mais possível!” Necessitamos de esforçarmo-nos, mas precisamos de o fazer de forma inteligente. O tipo de esforço que precisamos desenvolver é aquele que envolve ser mais claro mas ‘forçar’ menos. Esta qualidade de saber descontrair é vista como crucial, não somente nos ensinamentos Dzogchen, mas também na prática monástica Theravada.

É irónico que essa descontracção seja justamente construída sobre uma ampla gama de práticas preparatórias. No treino ngondro Tibetano o praticante realiza 100.000 prostrações, 100.000 visualizações, 100.000 mantras, seguindo-se anos de estudos, mantendo as virtudes (sīla), e assim por diante. Na tradição Theravada também temos sīla: as práticas de virtude para os leigos e para as comunidades monásticas, bem como o refinamento do treino na disciplina do Vinaya. Realizamos muitas práticas devocionais e cânticos, e uma quantidade enorme de treino nas técnicas de meditação, como a atenção plena na respiração, a consciência focada no corpo e assim por diante. Temos também a prática de viver em comunidade. (Um dos monges seniores do meu Sangha certa vez referiu-se ao treino comunitário monástico como sendo a prática das 100.000 frustrações – nós não somos qualificados até que tenhamos alcançado a centésima milésima!) Portanto, há um trabalho preparatório enorme, que é necessário realizar para que esse descontrair seja efectivo.
Gosto de pensar nessa descontracção como usar uma mudança acima. Usamos a ‘quinta’ mantendo a mesma velocidade, mas com menos rota (§)ções.
  (... continua) 
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