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Antero de Quental

de Pedro Teixeira da Mota

em 18 Mai 2014

  (...anterior) Eis a ânsia da humanidade, há tantos séculos quantos um destino misterioso a faz errar à busca do desconhecido, sobre este duro e convulso chão da existência...
Lírio de amor! Unidade ideal! Sonho milenário de cada idade! Pois um Deus amigo e pio não nos dará que vejamos, uma hora enfim, o sorriso divino dessa fada dos sonhos de cada geração?... Que beijemos um dia a fímbria do véu puríssimo dessa madona da humanidade?
Oh! Existe um Deus justo em alguma parte, que acima destas contendas do mundo, deve ter julgado cumprida esta dolorosa provação! Existe, por certo. A Paz do Amor ver-se-á sobre a terra nas vestes da sua inocência. E a unidade absoluta dos homens, fundindo estes incompletos poderes, abraçando estes irmãos inimigos, temporal e espiritual, razão e sentimento, sobre o seio vastíssimo da grande, da única religião do futuro, reconciliará por uma vez o mundo consigo mesmo - lá quando do seio da humanidade brotar o lírio augusto da Unidade, e a eterna Paz, como perfume do seu cálice, embalsamar o universo inteiro..."
Trava nesse ano e no seguinte a polémica do "Bom-senso e Bom-gosto", título do seu opusculo com António Feliciano de Castilho, o principal mestre literário de então, na qual participam vários escritores, e vence até num duelo Ramalho Ortigão, no jardim da Arca d'Água, no Porto, que se erguera em defesa do patriarca da velha escola romântica Castilho, sendo a de Antero designada como a Escola Coimbrã ou de Coimbra (§)...
Dessa polémica animada de dois anos e em que muitos intervira, relembremos de Antero alguns pensamentos valiosos:

"Bom senso e bom gosto: Isto, resumido em poucas palavras, quer dizer: combatem-se os hereges da escola de Coimbra por causa do negro crime de sua dignidade, do atrevimento de sua rectidão moral, do atentado de sua probidade literária, da impudência e miséria de serem independentes e pensarem por suas cabeças. E combatem-se por faltarem às virtudes de respeito humilde às vaidades omnipotentes, de submissão estúpida, de baixeza e pequenez moral e intelectual."
Movido pelos seus ideais revolucionários anarco-socialistas, e numa linha de autenticidade que sempre o caracterizou, torna-se aprendiz de tipógrafo na Imprensa Nacional, em Lisboa, e parte depois para Paris, para viver a vida dum operário socialista, que contudo não aguenta muito tempo, pelo que regressa, algo desiludido ainda da falta de solidariedade, e após uma segunda estadia, em que se encontrou com Taine e Michelet, inicia em Lisboa uma divulgação dos ideais de Proudhon e do Socialismo, com participação activa nos grupos socialistas e republicanos que se começavam a formar.
Em 1871, pronúncia em Lisboa a célebre conferência sobre "As causas da decadência dos Povos Peninsulares", a qual leva o ministro do Reino, Ávila e Bolama, a proibir o ciclo das conferências, e Antero a dar-lhe uma contundente resposta, em defesa da liberdade, assim iniciada:
"Ex. Sr. Pego a pena, mais pesaroso do que irritado. As misérias morais de qualquer homem contristam-me, porque vejo nelas o abaixamento da alma humana que devia pairar serena e sem mácula. As misérias morais dos homens, que pela posição, pela autoridade, pelos anos, têm missão de dar o exemplo da justiça incorruptível, e ser como apóstolos entre as nações, essas compungem-me dobradamente, porque vejo nelas uma degradação de uma coisa augusta, a lei, e o envilecimento de uma coisa veneranda, os cabelos brancos. Nada disto, porém, exclui a indignação; somente é uma indignação entristecida"...

É nesta fase, que começa em 1871, que Antero se lança numa tarefa que o ultrapassará, designada como o "Programa dos Trabalhos para a Geração Nova” onde pretendia transmitir a visão da Revolução e do Socialismo que estivesse de acordo com a evolução filosófica e científica dos tempos modernos.
  (... continua) 
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