Não é totalmente verdade que alguém se possa alimentar apenas de prāna*. Vejamos:
Sustentar-se mais de prāna do que de nutrientes convencionais só será bem conseguido, se é que essa possibilidade existe (apenas de prāna), se houver equilíbrio no viver que vai então impedir que carências tomem lugar. Quando há estabilidade emocional e psíquica resultante da realização espiritual, esta preenche estruturalmente, e o cérebro não precisa tanto de outras recompensas, tal os alimentos; eles podem ser reduzidos, pois o principal alimento não provém da ingestão nutricional, nem tão pouco do prāna mas do equilíbrio mental e espiritual, já que o “alimento” essencial vem da Fonte Divina. Esta dispensa todos os alentos externos.
Nos dias de hoje, levantamo-nos ao toque de um despertador, lavamo-nos e vestimo-nos rapidamente, engolimos um prato de cereais, bebemos um café forte e saímos de casa rumo ao emprego, onde permanecemos até o sol se pôr. Se temos filhos, a rotina é semelhante, até os entregarmos numa escola ou infantário, quantas vezes eles e nós já estafados, no meio de choros, gritos, incompreensões e complexos de culpa. Tudo isto, sem tempo para sentir emoções ou até o próprio corpo, pois comanda-nos uma mente quase mecânica.
Os bons hábitos cultivam-se com atitudes positivas na vivência diária, quer pela alimentação, quer pela acção e pelos pensamentos. Hoje temos muita informação sobre como manter saudável o corpo e a mente, onde cada um pode recriar as suas próprias regras de conduta com hábitos benéficos, aos quais, tanto a mente como o corpo reagem agradecidos. Manter a saúde estável através de bons hábitos, já é uma forma de cura a muitos níveis e que requer atenção sobre a maneira como se vive e, só essa consciência, contribuirá para harmonizar a mente e o corpo. Todo o bem-estar depende em parte de uma atitude mental que favoreça um viver consciente. Actualmente fala-se muito em felicidade, de forma aleatória, sem se perceber que tipo de felicidade as pessoas querem; a felicidade imediata pelos estímulos externos, ou a felicidade duradoira pelos estímulos internos?
Não há outro momento para viver a não ser aqui e agora.
De um modo geral, sejamos mais ou menos crentes no que quer que seja, pensamos que a vida não acontece por acaso. Neste caso, a vida humana. A nossa crença pode ser científica e defendemos acerrimamente a teoria da evolução, de Darwin; a nossa crença pode ser política e esgrimimos a ideia de que, já em embrião, se observavam traços vincados de luta de classes na sociedade neolítica, com o aparecimento de excedentes alimentares. A nossa crença pode ser religiosa e defendemos que Maomé encarnou para ensinar as leis divinas ao povo bárbaro e ignorante, uma das quais é a jihad ou guerra santa. Se a nossa crença for ateísta podemos defender que, tal como se vê, nunca houve nem haverá qualquer deus entre os homens, pois vivemos sem rei nem roque.
Se formos agnósticos, cremos que nem tudo tem que ter uma razão de ser, mas também pode ter, na verdade, tanto faz crer ou não crer.
Existe uma grande rede espiritual e mental que liga os seres humanos uns aos outros. A maior parte do aprendizado quer em crianças, quer em adultos, requer exemplos. Vivemos à base das imitações, seja de acções, seja de pensamentos. Durante anos questionei-me sobre a razão pela qual captava tão facilmente a mente dos outros e, portanto, quais seriam os processos mentais que se operavam nestas ocasiões. Entretanto, fui compreendendo a minha sensibilidade e também a dos outros. Temos que a maioria das pessoas vivem mais à base da dor e desânimo, e não deixam fluir a felicidade interior, tornando-se, assim, difícil para qualquer pessoa, captar os estados mentais alheios.