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Os Padres no Tibete

de Estevão Cacela

em 08 Jun 2023

  (...anterior) nós quem sabia muito bem o Indostão, parseo e cocho, contudo só achamos aqui um Lama de Tsaparang muito querido do Rei, que entendia alguma coisa, mas muito pouco, do Indostão; por este falávamos como podíamos com assaz trabalho e pena nossa e do Rei que desejava muito nos pudéssemos declarar bem para as largas práticas que cada dia connosco tinha; mas sabendo de nós como vínhamos aqui mandados para lhe pregar a fé de Cristo nosso Senhor por termos sabido que antigamente a tiveram e depois com a mudança dos tempos, e falta de mestres foi esquecendo, tendo ainda dela algumas coisas, mostrou estimar nossa vinda, e disse que aprendêssemos bem a língua para nós lhe pudermos falar, e que não poderia deixar de aceitar o que lhe ensinássemos, pois deviam ser coisas muito boas, pelas quais vínhamos de tão longe a buscá-lo e assim mandou logo aquele Lama de Tsaparang continuasse cada dia, em ensinar-nos e ele para isso o desocupou muito.

E este Rei que se chama Droma Raja, «Dharmarāja» de idade de 33 anos, el Rei e juntamente Lama - maior deste Reino de Cambirasi primeiro do Potente «Tibete» por esta parte, que é muito grande e povoado; preza-se muito da mansidão que tem, «um preceito fundamental no ensinamento do Buddha (§) é a não-violência» pela qual é muito estimado, mas menos temido, e actualmente tem em sua casa um Lama parente seu, que lhe fez um notável agravo trata o bem e disse-nos que o soltaria logo, e que não tinha coragem para lhe dar outro castigo, posto que soubesse que em saindo da prisão se havia de levantar contra ele, como costumava. E também muito celebrado pela abstinência «vegetariano» que faz não comendo nunca arroz, nem carne, nem peixe, sustentando-se de leite e frutas, e também pelo recolhimento «asceta» que guardou os três anos passados antes de aqui chegarmos, metendo-se em uma casinha que fez muito pequena no meio da serra sobre grande penedia, não vendo nem se deixando ver de pessoa alguma e o comer lhe punha em duas cordas que da sua casinha desciam a outras que lhe ficavam abaixo, e ele o recolhia sem falar em todo este tempo com ninguém; ocupava-se como ele nos disse em orar e no tempo que lhe ficava fez algumas peças que tem e nos mostrou uma delas por melhor que era, uma imagem de vulto de Deus em sândalo branco, «imagem do Buddha» pequena, mas excelentemente feita, e é esta arte a de que ele muito se preza, como também de pintor, que é bom, e nos mostrou algumas pinturas suas, e vendo um Anjo (§) S. Rafael que trazíamos em um painel, quis fazer outro por ele e logo o começou, e foi continuando muito bem, posto que por muitas ocupações o não tenha ainda acabado.

Tem também este Rei grande nome de letrado e como a tal o reverenciam todos os outros Lamas maiores e os Reis lhe mandam presentes e é buscado de todas estas partes, tendo consigo Lamas de Reinos bem distantes. A causa de o acharmos alojado em tendas nesta terra; é porque costuma a gente das povoações chamá-lo cada uma para sua, e assim se vai pôr em alguma paragem donde possa ir a muitas, dando-lhe então largos presentes de cavalos, gado, arroz, panos e outras coisas, que a sua principal renda e os que por ficarem longe o não convidam, o vêm buscar também com suas ofertas. Por este respeito estava nesta serra com a escola dos seus Lamas, porque não casam, e não comem mais que uma vez antes do meio-dia, depois do qual não podem comer arroz, nem carne, nem peixe, nem bebem vinho nunca, e nisto se distinguem de outros Lamas, que não são tão apertados «austeros»; estão todo o dia recolhidos na escola, na qual comem, e dormem, saindo todos juntos duas vezes no dia, uma pela manhã, outra à tarde, e recolhendo-se logo todos em ordem uns após outros com muita composição e modéstia, tão bem ensinados e acostumados, e faz magna grande vê-los por outra parte tão ocupados nos erros que lhe ensinam, «notória falta de conhecimento do Padre Cacela acerca da doutrina budista» que grande parte do dia gastam em suas rezas, e de noite se levantam todos a um sinal que lhe dão, e rezam como por espaço de meia hora e outra vez de madrugada, cantando «os sūtras» a modo dos clérigos em coro.
  (... continua) 
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