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Os Padres no Tibete

de Estevão Cacela

em 08 Jun 2023

  (...anterior) nesta, algumas novas particulares da terra em si e do clima dela; é ele muito sadio, e depois que entramos nestas serras sempre tivemos muito boa saúde, e eu a não tive nunca na Índia tão boa; e é isto geral em todos, porque raramente encontramos aqui algum doente, e são muitos os que sendo muito velhos tem saúde e vigor; alguns moços que trouxemos vindo assaz indispostos, e sendo dantes doentes, aqui têm cobrado perfeita saúde: já temos destas serras passando de sete meses, em todos eles foi sempre o tempo muito temperado sem frio, nem calma de momento; nestes quatro meses que se seguem de Novembro até Fevereiro há mais frio, mas há para eles muitos bons panos de lã de que todos estão vestidos. É a terra muito abundante de trigo, arroz, carnes, que tudo vale muito barato, de frutas que são muitas e boas, pêras de muitas castas (§), algumas bem grandes, todas boas, pêssegos muito bons, maçãs, nozes, marmelos tudo em muita abundância, e não faltam também os jambolões da Índia, há também ervilhas e nabos muito bons, afora outras coisas, e frutas mais próprias da terra. Peixe não tem aqui mas vem lhe muito bom seco do Lago Salgado, donde também lhe vem o sal, que fica daqui perto, ou do Reino do Cocho, donde o trazem também; e algumas coisas que nesta terra não há, se acham em outros lugares que não distam muito daqui, como uvas que aqui não há, e se dão em uma cidade chamada Compo, que fica daqui a vinte dias de caminho, e dele se faz lá vinho.

É esta terra provida das coisas da China, como de seda, ouro porcelanas, que tudo vem daquela cidade de Compo, e dali desce para estas partes, e também de Kaśmir por via de Chaparangue «Tsaparang» há comércio com as terras que ficam vizinhas a este Reino, e vêm muitos estrangeiros a Guiance, que é a Corte de Demba Cemba, Rei mais poderoso deste Potente, e fica daqui a oito dias de caminho e a Laça «Lhasa», que é a cidade onde está o pagode Chescamoni «de Śākyamuni, o Buddha (§)» muito frequentada de jogues «yogīs» e de mercadores de outras partes; porém as estas serras em que estamos não vem pessoa estrangeira e só se lembram de algum jogue «yogī» ter por aqui passado, mas muito raramente, e nem do Cocho aqui vem ninguém mais que os cativos que de lá trazem os que deste Reino descem àquele; e um tio do Rei de Cocho, que há poucos anos por curiosidade e desejo de ver terras, entrou por estas serras e poucas jornadas o cativaram e puseram ao arado, do que tendo notícia o Rei do Cocho mandou prender toda a gente destes Reinos que estava no seu e tratando de fazer justiça deles, senão lhe entregassem o tio, se obrigaram a lho trazer, como trouxeram. Fica esta terra pouco mais de um mês de caminho do Reino de Chaparangue e assim depois que aqui estamos tivemos algumas vezes novas dos Padres que lá estão, não por sua via, que parece não sabem ainda da nossa chegada a estas serras, mas por via de Lamas, que de lá vieram, e por outros que para lá foram escrevemos já aos Padres três vezes e juntamente lhe mandei cartas para por via de Goa as mandarem a V. R..

É a gente destes Reinos branca, ainda que a pouca limpeza com que se tratam faz que o não pareçam tanto; todos trazem o cabelo da cabeça crescido em forma que lhes cobre as orelhas e parte da testa, no rosto de ordinário não consente cabelo algum, e trazem ao peito umas tenazes muito bem feitas que só servem de arrancar todo o que aponta; os braços trazem despidos, e do pescoço até aos joelhos se cobrem com um pano de lã, trazendo mais outro pano grande por capa; cingem-se com cintos de couro, com chapas de muito bom lavor, como também são muito bem feitos, e lavrados os braceletes, que comummente trazem nos braços e os relicários com que andam lançados a tiracolo; de ordinário andam descalços, mas também usam botas de couro, ou meias destes seus panos particularmente por caminhos; suas armas são arco e flecha terçados e adagas de ferro excelente, aos quais ornam com muita curiosidade e obra muito bem feita.
  (... continua) 
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