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Os sentidos
de Maria Ferreira da Silva
em 10 Nov 2023
O que são os sentidos? São o meio pelo qual o ser humano se apercebe do que o rodeia pondo-se em contacto com o seu ambiente. Como são meios para adquirir experiência, descobre o que necessita de saber e percebe a sua expansão de consciência ao identificar o que aprendeu. Os sentidos fazem parte do seu acervo individual a saber:
Realização individual de consciência.
A capacidade de afirmação desse individualismo.
Meio de percepção fundamental para a evolução da vida espiritual.
Capacidade para alcançar conhecimento.
Faculdade transformadora, que enriquece o seu percurso de vida, concretizada na “bagagem” do conhecimento intelectual, mental e espiritual.
Os cinco sentidos: ouvido, tacto, vista, gosto e olfacto.
O Ouvido, ou o sistema auditivo. A faculdade de ouvir, tem o som, o Verbo, como primeiro aspecto da manifestação, que se repercute pelo universo. Será, então natural que seja o sentido, que o ser humano percebe o que o envolve no Todo. É no som que se encontra a sua nota, integrada na Palavra Sagrada, onde no plano espiritual começa a ressoar na sua consciência.
O Tacto, comporta ideias de dimensão, de contextura externa e de superfície. O toque ou a percepção dos objectos externos apura, desperta e correlaciona os outros sentidos que completam o domínio da matéria, sendo através do contacto que se apercebe de si, e da consciência da realidade dual. Transmite a consciência da manipulação da matéria e o poder de sanar ou curar.
A Vista, é o sentido que marca a correlação das ideias em paralelo com as funções da mente. Percebe o lugar que lhe corresponde dentro da ordem das coisas, ao desenvolver a faculdade da compreensão.
O Gosto, ligado à percepção do sabor tem o poder de discriminar e avaliar a dualidade pelo qual se diferencia o processo de abstração.
O Olfacto, faculdade aguda de percepcionar ambientes, com origem no instinto, portanto, qualidade apurada para avaliar, cheiros e vibrações, polarizando todos os centros nervosos, e reconhecer o espaço onde se quer mover.
Os sentidos, que na tradição Hindu do Vedanta corresponde aos indriyas, abarca um sem número de funções sensoriais e percepções aliadas ao corpo físico e a forças psíquicas e espirituais, pelas quais, se alcançam estados elevados de consciência. Os indriyas incluem a mente e os órgãos de percepção e da acção. Segundo o sistema Vedanta, a mente é o indriya principal, na qual os sentidos são os seus poderes.
O ser humano no caminho do aperfeiçoamento, deve ter por base o altruísmo e certa disciplina, que submeta e refine seus veículos inferiores (corpo físico), esforçando-se por purificar e controlar através da meditação seus obstáculos emocionais, desejos de posse e controlo sexual. Tudo isto implica o uso dos nossos sentidos. Quanto mais apurados estiverem maior domínio haverá para elevar os seus valores, onde cultivar o conhecimento de si, constitui a meta da sua própria vida. Os valores elevados devem ser sempre a meta da aspiração espiritual, pois mesmo que não se consiga assimilá-los ou realizá-los, de forma abarcante conforme se desejaria, a meta deve ser sempre alta.
A mente não é um sistema isolado, mas está profundamente ligada e influenciada pelo corpo físico e meio ambiente. No fundo o nosso sistema cognitivo depende muito do domínio dos nossos sentidos que derivam por sua vez da capacidade espiritual. A capacidade espiritual depois comanda a mente no controlo dos sentidos. É um entranhado de poderes para alcançar a mestria do equilíbrio.
Na realidade, os nossos sentidos são um desafio permanente ao equilíbrio mental, psíquico e físico. Não lhes damos muita importância porque são um dado adquirido; são automáticos, reagem e trabalham independentemente do nosso querer.
Contudo, pelo apuramento dos sentidos é que podemos dominar melhor os nossos sentimentos, as nossas emoções, dando assim espaço para a manifestação mais ampla da Alma ou Eu superior, para que tome posse da totalidade do nosso Eu, aperfeiçoando a vida na matéria.
A Alma é a unidade pensante e auto consciente. Representa a vontade inteligente que emana do Espírito. A Alma quando se manifesta produz a síntese da consciência espiritual na matéria. A Alma veicula a vontade-sabedoria do Espírito.

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