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Mestria

de Diogo Castelão Sousa

em 07 Jul 2024

   A Mestria é a perfeição de uma arte, alcançada após longa prática e dedicação que, como uma flor, destila o perfume que atrai aqueles que procuram a excelência em determinado ofício. A Mestria não é casual nem produto de frouxidão, mas o emblema daquele que concentrou a sua vida no aperfeiçoamento de determinada ação, de tal modo que adquiriu o estatuto de Mestre, representando o pináculo ou arquétipo dessa mesma arte, fruto dos excelsos resultados que apresentou. A Mestria é composta por ‘Quatro Pilares de Ouro’, os quais passaremos a enunciar de seguida.

A Mestria começa com uma profunda alegria advinda do exercício a que nos propomos fazer repetidamente. É iniciada através de uma paixão, que por sua vez tem origem numa vocação interior que descobrimos dentro de nós. É o resultado daquela felicidade que se pudéssemos prolongar de manhã ao anoitecer, ou até durante o sono, prolongaríamos. Nesta arte, temos a certeza de que, enquanto praticada, por mais bem ou mal remunerada que seja, sempre iluminará o nosso olhar. A partir deste princípio, ela adquire estatuto para ser continuamente alimentada, dado que, como avança Sócrates em Teeteto, 169a-b, é o resultado de “um amor avassalador pelo exercício”.

Esta vocação, sugere-se ser fruto de um plano do Destino, ligada a qualidades internas não arbitrárias, mas preparadas e assinaladas dentro de nós, dado que aquilo que para alguns se revela difícil, inexplicável e indomável, para outros surge natural, simples e espontâneo; ou, parafraseando Homero, qualidades que ‘um deus tornou agradáveis ao espírito’. Como tal, sendo a Mestria o resultado de uma longa prática que advém de esforços que podem ser elevados ao extremo, só o praticante que ‘dará tudo de si’, contém o amor que supera em força, tamanho e vivacidade o seu esforço. Este é o primeiro pilar: “Amor-vocação”.

O segundo pilar é o “Exemplo vivo”. Com raras exceções, todos os grandes mestres tiveram um alto representante, diante de si, em carne e osso, incorporando a mais alta materialização do conhecimento desse determinado ofício, como veículo importante para a transmissão da Arte a que se propuseram dominar. Na sua Sexta Carta a Lucílio, escreve Séneca, filósofo estoico romano: “Não foi a escola, mas sim a convivência de Epicuro que fez de Metrodoro, de Hermarco, de Polieno, grandes homens.” Trata-se da transmissão prática, não só da arte, mas da predisposição mental e física do mestre que eleva o discípulo a novas alturas. Em outros termos, trata-se da transmissão de uma chama, da chama viva do amor pela arte, quando encontramos alguém que já a possui em tal grandeza que deseja ser partilhada, cœur à cœur. Como tal, dirá o discípulo elevado a mestre: ‘Nada sou senão um veículo para a energia de todos os Grandes Seres que me ajudaram a acender a minha chama’. Em suma, o que nos é dito é que a perfeição precede a perfeição, a mestria antecede a mestria, o génio prepara o génio...

Como terceiro pilar, encontramos uma Regra de ouro essencial: o estudo das grandes obras. Como diversos mestres referiram, trata-se do estudo e imitação das grandes referências ou feitos de determinados seres, para que possamos incorporar no nosso traço, ato ou pensamento a excelência já concretizada nas suas obras. Se é verdade que excelsos pintores passaram horas a contemplar obras do passado, seja em igrejas ou museus a captar os seus traços, também nós deveríamos voltar o nosso olhar para o passado e captar os ‘traços’ das grandes obras do como fonte criativa de inspiração para um futuro promissor, repleto de feitos extraordinários.

De igual modo, devemos sublinhar a necessidade de ‘grandeza’. Todos os grandes mestres não advogam a perca de tempo com autores e obras menores, mas aqueles cujas ideias e feitos perduram ao longo do tempo, aqueles que podemos classificar como ‘intemporais’, ou ‘clássicos’, aqueles que nutrem o nosso espírito e engradecem o nosso ser. Como escreve Isaac Newton em 1675, “se eu vi mais longe, foi por estar em ombros de gigantes”.

Como último e quarto pilar, temos as “10.000 horas”. Diz a regra que são necessárias 10.000 horas de prática intensiva para alcançar a mestria. Como tal, não há segredo se nos propomos a cumprir determinado objetivo, dado que a disciplina é a chave que despoletará o cumprimento da missão proposta. Muito suor e lágrimas fazem parte do caminho do discípulo e são naturais nos momentos de maior aflição, contudo, é por isso que temos a primeira regra de Ouro, para amparar o Ser no seu caminho.

No fundo, se o amor for sempre maior do que as dificuldades, a Mestria estará sempre ao alcance do menor dos discípulos. Boas inspirações!
     


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