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Da Leitura
de Diogo Castelão Sousa
em 30 Jul 2024
A Leitura é essencial para a evolução dos Seres Humanos. Compõe uma aprendizagem fundamental para o desenvolvimento do cérebro, que necessita de diferentes estímulos para absorver novos modos de ver o mundo. Não raras vezes, por detrás de um Grande Ser, está também uma grande biblioteca. Todos os grandes oradores ou reformistas foram no passado ávidos leitores ou excelentes conhecedores das suas tradições. O seu desejo por saber mais levou-os a possuírem estes ‘artefactos’ que carregavam dentro de si as fórmulas, teorias e chaves do passado, que levaram adiante a história das civilizações rumo a novos futuros.
Os livros que estes Seres leram e acompanharam durante a sua vida, serviram-lhes amiúde como guia para os vários objetivos que traçaram para si, auxiliando-os com exemplos passados, quer Santos, Heróis, Profetas, Artistas ou Humanistas. O exemplo mais célebre é, naturalmente, a Bíblia. Inclusive, era dito que Jesus era versado em todo o Antigo Testamento. Não há, pois, Ser tão grande que desvie o seu olhar do passado; um visionário é, na verdade, aquele que encontra um futuro promissor reluzindo nos vestígios do passado.
Determinante, pois, para a manutenção dos valores de uma civilização é este hábito da leitura. Hoje, a leitura não é mais um privilégio do que uma necessidade. Consequentemente, com o seu esmorecimento, perdem-se de vista os erros, os exemplos e os feitos passados, o que de igual modo contribui para a falta de conhecimento e competências nos indivíduos, reflexo de pouca leitura.
A grande mais-valia do passado é podermos sempre investi-lo no futuro.
De igual modo, se é verdade que a quantidade de livros que a Humanidade produziu excede em grande medida a capacidade para os ler, a matemática confirma-o ao calcular que um livro por semana lido durante o resto da vida adulta, comporá não mais do que uns escassos milhares, face às centenas de milhões de livros já existentes.
O objetivo não passa, portanto, por ler muitos livros, mas por ler os livros certos.
Para tal, cabe evidenciar que o melhor livro é aquele que contém as respostas para as perguntas que nunca fizemos. Há livros que são e funcionam como portais para dimensões que ainda não havíamos entrevisto, contribuindo para a edificação do nosso pensamento ou filosofia de vida.
Os melhores livros são também aqueles que incluem verdades universais. Reconhecer uma verdade significa lembrar ao ser humano algo de que se esqueceu. Resgatar um conhecimento antigo, uma verdade universal é um processo de lembrança e não tanto de ensino. Como refere Galileu: ‘Não podemos ensinar nada a um homem; apenas o podemos ajudar a descobri-lo em si.’
Como tal, melhor do que ler muitos livros, é reler os clássicos; ter a capacidade de regressar a eles com uma mente fresca, jovem e aberta, para descobrir novas verdades e nuances contidas. Assim, se lermos uma passagem que nos marca, podemos abrandar a leitura, ou até pousar o livro e assimilar tal frase que nos tocou...
Dentro da leitura, existem duas grandes fases. A primeira diz respeito à fase da expansão do conhecimento, da necessidade de desenvolvimento mental, de crescimento, de enriquecimento e estímulo intelectual. Trata-se da fase da Expansão.
A segunda fase de leitura diz respeito ao movimento inverso. É a fase da Seleção. Desde uma gradual seletividade de livros ao desapego contínuo com base na consumação do conhecimento de uma vida, ou seja, na confiança da sua própria realização pessoal.
Como tal, cabe-nos dizer que, em relação à primeira Fase, a leitura quantitativa de livros nunca é sinónimo de Sabedoria. Na verdade, há seres que pouco leram e cuja sabedoria em muito excede a pretensiosidade de certos académicos. Quer isto dizer que não é quem lê muito que é sábio, mas aquele que soube decifrar bem o Livro da Vida.
Cabe-nos, portanto, através das nossas ações e atitudes, saber honrar e ler este Livro, agindo da melhor forma de acordo com as suas Leis imutáveis. Este exame define a verdadeira sabedoria, pois tal como assenta Sócrates: “Uma vida não examinada, não merece ser vivida”.
Em suma, propomos a seguinte questão: qual o verdadeiro objetivo da leitura? Acima de tudo, é fazer-nos pensar. Mas mais do que isso, é fazer-nos ‘compreender’. O objetivo final da Leitura é levar-nos à compreensão, é tornar o que é opaco em algo transparente, diáfano e luminoso.
Terminamos, pois, com uma bela e apropriada citação de Leonardo Da Vinci: “O prazer mais nobre é a alegria de compreender”.
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