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As histórias que contamos a nós próprios

de Maria João Firme

em 09 Ago 2014

   Somos ensinados desde pequenos a cumprir um conjunto de regras, de acordo com convenções e conveniências familiares e sociais. Tendo maior ou menor facilidade de nos ajustar a esse “pacote”, lá nos vamos encolhendo, esticando, esfarelando aqui ou acolá, enfim, adaptando às situações. A “coisa” começa a complicar quando, por mais que ginastiquemos, não nos conseguimos enfiar no dito pacote. Somos então levados, muitas vezes, a fazer esforços superiores às nossas capacidades, perdendo a flexibilidade da infância e adquirindo rigidez na nossa postura. Algures, um pedaço de nós está a começar a partir.

Por essa altura, já percebemos o que é “ser bonzinho”. E desejamos tanto sê-lo!... Fazemos tudo para agradar: comemos a sopa, fazemos os deveres, deixamo-nos beijar por senhoras idosas escondendo a nossa vontade de fugir e, de repente, vem aquele mau feitio! Uma bela duma birra, surgindo sabe-se lá de onde, a estragar “o embrulhinho”. É nesta fase que podemos começar a criar uma imagem dissociada de nós, pois a última coisa que queremos é ser aquela birrenta, mal-comportada e desagradável criança. Tendo-nos esforçado tanto, não queremos largar a imagem de menina ou menino bonzinho, temendo não ser amados. Então, eu sou este... e não aquele! O que se porta mal é o outro, aquele que surge em circunstâncias intoleráveis e que está fora de mim. Construo uma imagem de mim próprio, de forma a proteger o meu ego, e nego tudo o que possa ameaçá-la.

Esta imagem, quando não se torna demasiado rígida, começa a ser desconstruída na adolescência continuando o processo na idade adulta mas, em alguns casos, o indivíduo “estaciona” aí, mantendo uma auto-imagem infantil, desfasada do padrão comportamental que apresenta. Nesta situação, um processo terapêutico pode ser necessário à remoção da referida imagem, bem como à sua reconstrução numa base mais realista.

O ego é algo necessário à afirmação de cada projeto individual e único no mundo, mas a adaptabilidade à mudança e a flexibilidade são dois aspetos fundamentais a uma vida adulta saudável. A personalidade afirma-se através de formas como o poder (intrínseco ao ser) ou o dinheiro (uma troca) que, postos ao serviço de uma ética universal e “alinhados” com a alma que os habita espalham felicidade, ao servir um propósito planetário e global. São como o sopro de uma brisa de verão, um vento que veio para refrescar todos os seres.

Ao serviço desta ética, que mais não é do que respeito por mim e pelo outro, o poder é a delicada e firme afirmação dos dons que trouxemos para servir o mundo. E o dinheiro é uma energia natural de troca, não o lucro fácil proveniente da exploração de outros seres. Contrariamente, o poder e dinheiro ao serviço do orgulho e da vaidade são balões insuflados por ventos ciclónicos, estoirando a qualquer momento, e trazendo infelicidade ao homem.

Do oriente, da cultura milenar hindu, chega-nos o reconhecimento dos malefícios de um ego excessivo, bem como uma forma de lidar com o problema. Perde-se no tempo a origem do rito religioso e cultural que finaliza um satsang ou “partilha de conhecimentos”. Designado por Arati, a sua finalidade é “queimar o ego”. O religioso ou leigo que dirige a cerimónia, queima cânfora num recipiente próprio e desenha círculos no ar para envolver os participantes com o seu fumo e aroma. Esta cânfora, ao ser simbólicamente queimada, não deixa qualquer resíduo.
     


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