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O Elo de ligação

de Diogo Castelão Sousa

em 27 Ago 2023

   O Belo é a harmonia. Alcançada nas relações humanas, traduz-se pela sintonia entre dois ou mais seres, permeada pelo Amor e a necessidade do bem. A sua presença distingue-se pela calma e paciência que um tem ao lidar com outro seu semelhante, oferecendo-lhe o bem mais precioso que tem, a sua disponibilidade, tempo e amizade. Existem diversos graus ou estágios de sintonia entre os seres; entre os quais podemos encontrar a ligação familiar, a afiliação dos mesmos ideais, o vínculo profissional, a afeição amorosa e, por último, as afinidades cármicas ou espirituais, que saldam dívidas ou incitam a cumprir planos dos quais já fazemos parte.

Sintonia significa ‘vibração’ em uníssono. Daí resulta a Harmonia. Por isso quando dois ou mais seres vibram como um só, seja por inclusão dos mesmos ideais, aspiração ao mesmo bem, ou semelhança de interesses, geram esse mesmo elo de ligação, a amizade.
Muitos são aqueles com os quais vamos travando amizade ao longo das décadas, resultando num conhecimento cada vez maior, de diversas facetas, no qual vamos ganhando cada vez mais responsabilidade e, como espelhos, refletimos novas atitudes e valores.

Na tradição oriental, aquando questionado pelo seu mais amado discípulo, Ananda, qual a relação entre a Espiritualidade e a amizade, Buddha não fez questão de fazer distinções e respondeu que ambas eram, na realidade, sabiamente uma só. Assim, no seu sentido mais lato, considera-se a amizade parte integrante de um Estado incondicional de amor.
Porém, sob observação mais atenta, torna-se aparente e inegável o caráter transitório de qualquer relação externa, no mundo material. De facto, ao habitar um universo em cujos elementos estão eternamente sujeitos à transitoriedade, de igual modo um dia relações e laços criados poderão inevitavelmente ser quebrados, caso não sejam a extensão de um amor incondicional já presente no ser, tendo o tempo ou certos eventos a última palavra quanto ao seu inevitável desfecho. Sem qualquer atitude fatalista, observa-se, portanto, o quão frágil a natureza do mundo é, sob a perspetiva da transitoriedade.

Deste ponto de vista, surge a seguinte questão: haverá algo realmente duradoiro? Haverá alguma ligação que não pode ser verdadeiramente quebrada com o tempo?

A verdadeira harmonia é aquela que se tem consigo mesmo, com o seu centro de consciência. Coligar-se com aquilo que se é, a cada momento, significa florescer em harmonia. Só assim, pode a relação com os outros ser verdadeira, ao ser precedida pela harmonia interior. De outro modo, estaríamos a incorrer numa ilusão, dando azo à busca no outro pela completude e satisfação do nosso ser.

A busca pelo Belo na relação com o outro é transcendida quando nos relacionamos connosco mesmos de forma harmoniosa e bela. Se existe essa harmonia interior, o mundo inteiro torna-se a nossa casa, fazendo dele uma extensão do nosso ser.

Por outras palavras, é a harmonia que parte da relação com a própria Vida. Isto faz-se a partir da meditação ou exame dos nossos pensamentos, sentimentos e ações, de forma constante e impessoal. A partir desse momento, constatamos que a relação que entretemos com a vida não é aquela que pensamos ter, mas a que realmente consumamos no íntimo do nosso ser, longe das aparências.

Nessa relação, o ser propõe-se a um gradual alinhamento com a própria vontade da Vida, largando as exigências do ‘eu inferior’ ou personalidade, fazendo-o renascer como uma fénix.
O Belo é, em última instância, a harmonia interior. Trata-se do começo de uma relação de amor com a própria vida.

Compreende-se, então, que as relações externas, sendo transitórias, poderão, contudo, partir de um amor profundo e maior, sendo a consequência direta dessa mesma harmonia interior manifestada em ação, ou seja, exteriorizada na comunhão entre dois ou mais seres, cujo fito é sempre a realização do Bem.

O Belo surge, portanto de um trabalho interior, e é neste alinhamento interno que floresce e se revela aos olhos da consciência humana como um arquétipo eternamente presente. No nosso interior, desapegados de todos os conceitos, ideias e obstinadas crenças, assim, damos lugar à emergência do Belo, neste desapego das aparências, eterno elo de ligação ao Divino e Bem Universal.
     


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