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Mosteiro Budista
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Onde existe uma vontade existe um caminho.

de Ajahn Sucitto

em 29 Dez 2023

  (...anterior) Desta forma os efeitos acumulam-se, tanto em termos de estados de espírito (ofensas e remorsos), como também de estruturas comportamentais (um padrão ou uma programação de ser egocêntrico ou de possuir uma língua afiada). O que é verdadeiramente problemático são os ‘programas’, as ‘formações’ (ou, em linguagem budista, saṅkhāra) em decurso. Estes padrões de comportamento tornam-se parte da nossa identidade e, uma vez que não conseguimos ver para além dos nossos próprios hábitos entranhados, estes padrões e programas sustêm o girar, o saṁsāra, de causa e efeito.

Desta forma, se nos queremos libertar, é importante, controlar o modo como estamos a funcionar. E isso é possível porque o processo kamma-vipāka forma circuitos de feedback de sensações mentais de tensão ou de agitação, ou de tranquilidade, que podemos contemplar e ter em consideração. Para além disso, podemos responder de diferentes maneiras ao resultado das nossas acções - de forma a que cada efeito não venha a inevitavelmente gerar uma causa correspondente. Eis a escolha: posso fazer uma pausa, sair do estado de espírito de irritação ou de imprudência, prestar-lhe a devida atenção e tentar fazer melhor no futuro. Este é o primeiro passo no sentido da libertação.

Os ensinamentos do kamma são mais facilmente acessíveis no contexto do comportamento exterior. O Buddha (§) viu que a clareza relativamente ao comportamento proporciona uma via pragmática, através da qual o sofrimento e a tensão podem ser evitados, e a paz, a confiança e a clareza podem ser geradas. Assim, o Buddha falou de kamma escuro – acções tais como assassínio, roubo, falsidade e abuso sexual, que conduzem a maus resultados – e kamma luminoso – acções tais como bondade, generosidade e honestidade, que fazem o inverso. O Buddha falou igualmente de uma mistura de kamma escuro e luminoso – acções que possuem algumas boas intenções mas que são conduzidas de forma inadequada. Um exemplo disto seria termos o objetivo de proteger e cuidar da nossa família, mas fazê-lo de um modo prejudicial para os nossos vizinhos.

O kamma é também dinâmico: agimos de acordo com informação que recebemos e, à medida que recebemos de volta os resultados agradáveis ou desagradáveis, as nossas acções subsequentes vão sendo moldadas. Contudo, uma vez que parte deste retorno não ocorre imediatamente e pode mesmo levar anos a suceder, existem aspectos deste circuito de retorno que são caóticos. Isto significa que o nosso ritmo de aprendizagem não acompanha necessariamente o ritmo ao qual podemos desenvolver novas acções. Estivemos a poluir alegremente a atmosfera durante décadas, até se tornar claro o que se estava a passar e, por essa altura, outras acções já tinham sido realizadas – estabeleceram-se indústrias e estilos de vida dependentes de recursos não sustentáveis, o que torna a mudança mais complicada.

Este ponto é significativo: encoraja-nos a esforçarmo-nos por clarificar a consciência da mente e dos seus impulsos. É necessário que investiguemos as nossas mentes e os programas mentais frequentemente e de forma mais detalhada. Então aí é possível interromper o circuito de retorno com informação que pára ou que modera os nossos impulsos. Esta informação é o kamma que leva ao final do kamma e constitui o eixo dos ensinamentos do Buddha. Ao ser plenamente realizado, pode levar não apenas a mudanças no comportamento, mas à libertação completa.

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