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Caminhada na Corda Bamba
de David Young
em 09 Out 2012
Siddhārtha percebeu que praticar-se sati desta forma só levava à decadência e à morte, somente perpetuando o sofrimento interminável no samsara, e partiu numa busca para encontrar uma forma mais satisfatória de libertação. Eventualmente, Siddhārtha descobriu que a superação da decadência e da morte exigia conduzir o corpo, as actividades realizadas com o corpo, as experiências do corpo e da mente, e todos os pensamentos da mente, completamente no sentido do saudável e benéfico. Treinando o seu corpo e mente desta forma, Siddhārtha atingiu a iluminação e tornou-se no Buddha, posteriormente ensinando as verdades libertadoras para todos os que quisessem ouvir. Como resultado desses ensinamentos, o objectivo de praticar sati mudou de meramente atingir-se resultados condicionados sujeitos à deterioração e à morte, para um objectivo de ir-se mais além da decadência e da morte e alcançar o incondicionado - nibbāna. O Buddha chamou a esta forma de prática, a nobre ariyan sati, sammā-sati.
Cap. 17 – “Consciência Correcta” do livro “Caminhando na Corda-Bamba - Conversas sobre Realização Meditativa com Pemasiri Mahathera”.
“Este é o caminho directo para a purificação dos seres, para a superação da tristeza e da lamentação, para o desvanecimento da dor e da angústia, para alcançar a verdadeira via, para a realização de nibbāna, nomeadamente, as quatro fundações de Sati.”O Buddha (§) - Satipaṭṭhāna Sutta, M10
17 Consciência Correcta (Sammā-sati)
PEMASIRI THERA: O sétimo factor do caminho óctuplo é consciência correcta, sammā-sati. Sati é o termo Pali que significa um estado de espírito kusala - saudável. É o estado mental que está indissociavelmente ligado ao que é saudável e benéfico, não misturado com ou tocado por o que quer que seja de nocivo. Quando realizamos acções saudáveis, sati está presente. Ela está presente quando somos generosos e presente quando somos gentis. Está presente quando se toma conta de um centro de meditação, quando observamos os cinco ou oito preceitos e seguimos o caminho óctuplo.
“Todos os estados benéficos da mente”, disse o Buddha no Aṅguttara Nikāya, “são sati”. Todos.
Actos de generosidade realizados sem expectativas são actos que estão sendo executados com sati. Quando ajudamos as pessoas sem expectativa, estamos ajudando-as com sati. Quando se limpa o chão na sala de meditação, sem qualquer expectativa, está a limpar-se com sati. E quando se executa qualquer acção virtuosa sem expectativa, está-se a executá-la com sati. Sati significa observar os cinco e oito preceitos sem expectativas e seguir o caminho óctuplo, sem expectativas.
Acções realizadas com expectativas não são realizadas com sati. Actos de generosidade em que existe uma expectativa de no futuro se renascer num bom céu, de adquirir louvor, fama, ou de obter o que quer que seja, não são actos de generosidade totalmente saudáveis e portanto, não estão a ser realizados com sati. Geralmente, qualquer acto de generosidade é um acto benéfico, mas no momento em que expectativas estão presentes, não há sati. Da mesma forma, se estamos observando preceitos, com a expectativa de chegar a um plano eterno ou para obter bons resultados futuros, o nosso estado de espírito não atingiu o nível de sati, nossas mentes misturam-se com ignorância a esse ponto.
Apesar do facto de se fazer um esforço para observar os preceitos traduzir um estado mental benéfico, não há sati no momento em que expectativas estão presentes.
O conceito de um estado saudável da mente existia já antes de Siddhārtha se tornar o Buddha iluminado: as pessoas mantinham os preceitos e praticavam a generosidade, a bondade e a compaixão. Já existia uma tradição de desenvolvimento de um estado saudável da mente e este estado mental foi chamado sati. Praticava-se sati num esforço para alcançar resultados favoráveis, tal como um nascimento num lugar permanente onde viveriam em paz por toda a eternidade. As pessoas não praticavam sati para conseguirem o que fosse além deste tipo de resultados.
Siddhārtha percebeu que praticar-se sati desta forma só levava à decadência e à morte, somente perpetuando o sofrimento interminável no samsara, e partiu numa busca para encontrar uma forma mais satisfatória de libertação. Eventualmente, Siddhārtha descobriu que a superação da decadência e da morte exigia conduzir o corpo, as actividades realizadas com o corpo, as experiências do corpo e da mente, e todos os pensamentos da mente, completamente no sentido do saudável e benéfico. Treinando o seu corpo e mente desta forma, Siddhārtha atingiu a iluminação e tornou-se no Buddha, posteriormente ensinando as verdades libertadoras para todos os que quisessem ouvir.
(... continua)
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