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A criatividade representa a face nobre do homem, quer seja de uma forma concreta, material, quer subjectiva, subtil através do seu Pensamento. Qualquer forma criativa é arte, e arte é religar a ponte entre a matéria e o Espírito, entre o homem e Deus, podendo a inspiração levar a horizontes cada vez mais alargados, tocando o Infinito…

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Caminhando pelos Céus

de Joana Consiglieri

em 14 Out 2015

  A contemplação do Cosmos origina uma das maiores viagens do espírito, provoca os sentimentos mais profundos do ser; reduz-nos à nossa insignificância; transporta-nos ao estremecimento, à grandeza, ao infinito, ao sublime, mas também à anulação do ego . Unifica o ser humano com o cosmos, o Uno. O mistério do universo começa com o silêncio, a plenitude, o sentimento de união com o Todo. Todavia, nem sempre se consegue escutar o silêncio, nem captar o mistério, nem mesmo percepcionar o detalhe de todas as «coisas». As coisas-em-si revelam-se por pormenores microscópicos e pela grande extensão do Universo, e o ser humano poderá contemplá-las e experimentá-las através da percepção e da experiência da união. Mas, simultaneamente, toma consciência do seu interior, o «eu», e do «inconsciente colectivo» junguiano [série de desenhos: Lamas, 2014]. A experiência de Unidade produz uma transformação no ser humano, a união com o Todo, tal como afirma Svâmi Prajnânpad: «c’est s’éprouver un avec tout» . O caminho da ascensão aos céus é um devaneio solitário, uma viagem sem regresso, ímpar, na medida em que nos transforma. Embarcamos numa viagem cósmica e tornamo-nos exploradores das multidimensões matemáticas . Este caminho segue numa linha curva e orgânica, tal como o Espaço: orgânico, fluido e em constante transmutação. Num movimento dinâmico, retorna ao mito dos céus antigos cujo significado continua oculto para o comum dos mortais.

Agni CircleTexto de Joana Consiglieri inserido no livro (Catátogo) dedicado à apresentação da Exposição de Maria Pia Oliveira - Caminhando pêlos Céus
Na Galeria Giefarte em lisboa de 7 de Outubro a 5 de Novembro de 2015

Sobre esse imenso quadro de uma noite cerúlea,
o devaneio matemático escreveu épuras.
São todas falsas, deliciosamente falsas, essas constelações.
Unem, numa mesma figura, astros totalmente estranhos.
Entre pontos reais, entre estrelas (§) isoladas qual diamantes solitários,
o sonho constelante traça linhas imaginárias.

Bachelard (1990). O Ar e os Sonhos.
Ensaio sobre a imaginação do movimento, p. 179

As imagens arquétipas do Cosmos da artista plástica Maria Pia Oliveira desenham os múltiplos significados desde a conceptualidade científica do Universo à tradição mítica ancestral, de modo a reescrever uma nova linguagem visual contemporânea.

Cada desenho, do branco ao negro, cria novas visões do cosmos, arquétipos simbólicos do Universo. Caminhos e viagens que o ser humano poderá percorrer através de um olhar científico do microcosmos ao macrocosmos começam com as partículas quânticas [Dança das Partículas e Danças das Esferas] e a Célula até às constelações, às estrelas e aos buracos negros [Estrela Esplendorosa e Black Hole]. Numa unidade cósmica análoga à linguagem oriental, a artista cria seres cosmogónicos de transmutação [Evni-Ente Voador Não Identificado], redesenha o mundo mítico biomórfico [Seres em Flor], e evoca o fogo pela dicotomia mitológica entre deuses e humanidade, bem e mal, morte e renascimento [Agni Cure, Agni Spheres e Liberación], que os transforma em flores dos céus [Seres em Flor].

Porventura, os desenhos são um caminho de uma chama viva dotada de todo o poder da transformação do «viajante cósmico», em que o fogo consome usualmente a vida quotidiana e pouco se interessa pelas esferas colossais dos mistérios humanos.

No trabalho de Maria Pia Oliveira, o fogo aparece-nos subtilmente na noite e na escuridão através das formas, das linhas e das cores. Representa a purificação, a libertação do corpo e da matéria. A queda antes dela; a transmutação da energia que consome as impurezas através das esferas dinâmicas ardentes. Também, a Fénix, o renascer das cinzas para um novo ser, a morte e a ressurreição, o símbolo da imortalidade, da regeneração e da alquimia. Em Ovídio, na obra Metamorfoses, fénix é «a ave que se regenera e se produz a si mesma (…), do seu corpo paterno renasce um pequeno fénix, diz-se, destinado a viver o mesmo número de anos.» Porém, o fogo transmuta-se em Agni, o deus sagrado do fogo e do sacrifício de Rig Veda, o mediador entre deuses e humanidade, bem e mal, o deus purificador [Agni Days, Agni Spheres e Agni Cure]. Surge uma nova vida, regenerada, e começa uma outra viagem, um outro ciclo, um outro nível do céu, o cosmo .

O encarnado, o laranja, o verde e o dourado são as cores do Céu. São cores do Jardim do Éden, as pedras preciosas, os rubis, o topázio, o jade e o ouro puro. Na literatura, o Jardim do Éden é frequentemente descrito com dourado, o ouro, e adornado com pedras preciosas. Tal como afirma o escritor Aldous Huxley, no seu livro Céu e Inferno : «as pedras preciosas são preciosas por manterem uma ligeira semelhança com as maravilhas refulgentes vistas pelo olho interno do visionário.» O escritor britânico leva-nos a essa viagem ao mundo visionário entre o Céu e o Inferno, que representam a simbologia espiritual de transformação.

Maria Pia Oliveira cria também imagens visionárias do céu, percorrendo os vários caminhos para a libertação, como se fossem múltiplas «portas da percepção» , uma espécie de viagem, que o espectador inevitavelmente tem de cumprir para atingir a transformação do espírito no estado puro, a transcendência.
  (... continua) 
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