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A finalidade de “Sugestões de Leitura” é colocar em destaque obras, cujo valor espiritual merecem um olhar atento, mais profundo, em consonância com a temática da secção em que se insere.

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Prefácio aos "Evangelhos Comentados 2007"

de Firmamento Editora

em 24 Nov 2007

  Com esta missão-envio, Jesus pretendia que os seus discípulos, até aí um grupo reduzido e centrado na sua figura, se abrissem ao Mundo e contassem a todos os homens a história do seu encontro pessoal e colectivo com o Messias/Cristo. Foi um momento forte de experiência humano-divina que tem alcance universal. Daí que, uma vez “solto” esse Evangelion primordial, ele se tornou “património mundial”, não podendo mais circunscrever-se a uma única “tradição”.


Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa-Nova a toda a humanidade! (Mc 16,15)

Que o diga o próprio Lucas, cujo “Evangelho” é proposto à contemplação dos fiéis católicos romanos durante o ano litúrgico C (e à panóplia dos comentadores convidados a comentá-lo neste volume). Nem conhecera pessoalmente Jesus! Nem sequer pertencia ao povo judeu, o povo donde emergira este “profe-ta” (curiosamente, o leit-motiv de marca do texto lucano!), assim como os primeiros discípulos e outros crentes na sua mensagem.
Que o diga Saulo-Paulo, o mestre de Lucas e fonte directa da sua inspiração. Tocado fundo pela persona-lidade do Nazareno, tal como estava reflectida na vida da primitiva comunidade cristã, abraça com fervor e dedicação o seu testemunho e reformula-o na perspectiva do mundo mediterrâneo do seu tempo, içando-se ao topo da liderança teológica e espiritual do Cristianismo – de um Cristianismo já universal, liberto das amarras judaicas…

Lembremos, neste contexto, a multiplicidade doutras leituras do evento Cristo que não lograram a consa-gração oficial da instituição eclesial posterior. Entre elas, esses evangelhos gnósticos, recentemente medi-atizados na sequência da descoberta do dito “Evangelho de Judas”… Foi, nos primeiros séculos do Cristianismo, uma corrente forte e nobre em consonância com os anseios e desafios, intelectuais e religio-sos, da sociedade de então. Não chegou a vingar, devido, certamente, à mudança dos paradigmas que marcaram o Império Romano, e o Cristianismo com ele, nos princípios do século IV – a par de alguns desvios pouco recomendáveis e uma certa intolerância por parte da liderança eclesiástica.

Considerações do mesmo tipo se poderiam tecer acerca da difusão, logo de início, das mensagens do Buddha (§) ou de Muhammad. As suas tradições religiosas e interpretativas são notoriamente múltiplas e variadas, coexistindo mais ou menos pacificamente.
É que essas figuras marcantes da história humana, com os escritos sagrados que surgiram na senda das suas vidas e prédicas, apontam para um “caminho luminoso”. Um convite para descobrir verdades pro-fundamente humanas, desde que se lhes abrissem as mentes e os corações. Mas também mercê da prática concreta dos valores que se vão revelando a essa Luz, caminho andando (xaria, no sentido original da pa-lavra árabe!).
Ora, isso implica subjectividade! Subjectividade individual e de grupo. Confronto entre a experiência – individual ou colectiva – e aquelas “revelações” luminosas. Na perspectiva cristã, não há Verbo sem Espí-rito! O Verbo divino que revela o Pai (“Quem me viu, viu o Pai”) e o Espírito Santo que guia os fiéis, todos juntos e cada um a título pessoal. “É melhor para vocês que Me vá embora…” Depois virá “o Espí-rito da Verdade, que vos encaminhará para toda a verdade” (cf. Jo 16,5-15). E este Espírito (ruah = vento) sopre por onde quiser… E fala muitas línguas… Ninguém o pode aprisionar ou domesticar!

É, certo, legítimo que um dado grupo de fiéis, constituindo uma cadeia de transmissão e fixação mais ou menos linear em relação aos testemunhos primordiais, pretenda demonstrar uma maior fidelidade na in-terpretação e prática daquela mensagem original. Com isso, porém, não pode querer confiscá-la a título exclusivo, como se fosse o único depositário ou testamenteiro legal da mensagem em causa.
Todo o processo histórico é limitado e… limitativo! Há sempre leituras novas e até divergentes da reali-dade e desses momentos fortes de experiência “religiosa”, abrindo novos horizontes para a operacionali-dade destas ou daquelas Escrituras Sagradas. Não foi um seguidor do manso ‛Isa ibn Maryam (Jesus filho de Maria), um padre branco vivendo no meio de muçulmanos, quem foi descobrir a misericórdia e a com-paixão no texto corânico? Não foi o hindu Rabindranath Tagore (§) quem escreveu umas das mais belas páginas sobre Cristo?
  (... continua) 
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