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A finalidade de “Sugestões de Leitura” é colocar em destaque obras, cujo valor espiritual merecem um olhar atento, mais profundo, em consonância com a temática da secção em que se insere.

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Tratado de Meditação

de Maria

em 08 Mai 2024

  Baseado nos Yoga Sūtras de Patañjali

Não poderia reeditar o “Tratado de Meditação” sem uma breve nota para sublinhar a importância espiritual desta obra, a qual com o decorrer dos anos se tornou para mim mais evidente. Os Yoga Sūtras de Patañjali, que se incluem na literatura filosófica e clássica da Índia, representam por si só, um guia para a demanda espiritual que contém, na sua profundidade, os requisitos fundamentais e imprescindíveis para o caminhar seguro, independente e consciente. Sem dúvida, esta obra aprofunda e sintetiza valores espirituais possíveis de realizar através de uma disciplina com base na Meditação, temática hoje em dia explorada por aqueles que sinceramente buscam o equilíbrio e a paz de espírito. Na presente edição, houve um aperfeiçoamento em todo o seu contexto e, embora se encontre diferente na configuração, o conteúdo essencial permanece; esperando continuar a merecer leitura atenta, no entanto, peço, compreensão para algumas falhas que ainda possam subsistir. Os Sūtras estão agora mais destacados e separados dos comentários, permitindo assim uma leitura mais directa e, também, a inserção na grafia original do sânscrito.


Para Patañjali, o Caminho para a iluminação abarca três pontos fundamentais:

1º - O Conhecimento, Jñāna, que é um caminho de busca (investigação) para obter a Libertação.
2º - A Libertação, que é inseparável do Conhecimento.
3º - A Realização humana espiritual, que é uma via pessoal (reflectiva existencial), filosófica e mística.

Encontramos, assim, reunidos três requisitos para a realização pessoal: a prática da Meditação, que leva ao auto-conhecimento (introspecção), o estudo e a reverência religiosa-mística, que é o Amor à Verdade, ao Absoluto. Nenhum destes passos seria, em si, completo sem os restantes; eles são suportes que ajudam gradualmente ao enriquecimento interno para atingir o objectivo: a União Divina. Sem dúvida que para tal é necessário o Conhecimento, que liberta de dogmas e de conceitos estabelecidos, pois só pela via directa da indagação se realiza uma sabedoria própria, contudo, num contexto universal.

O objectivo do caminho da libertação deve ser sempre encontrado pessoalmente (livre de conceitos), realizado de forma interior, directa e espontaneamente, rompendo barreiras conceptuais. A realização pessoal implica transformação, a metamorfose consciente, enquanto uma doutrina é necessariamente limitadora, já que é baseada em conceitos, em classificações, em dogmas estáveis e insuperáveis. O Conhecimento é toda a filosofia que acompanha a transformação e envolve todo o tipo fenomenológico interno, imprescindível no caminhar consciente, onde a fé e a razão são inseparáveis e redentoras. Nesta base, a filosofia, enquanto tal, representa o amor à verdade e ao saber pela indagação e liberdade pessoal, através do raciocínio, da razão. A fé é o suporte da indagação para chegar ao objectivo que o filósofo intui.

Desta forma, o método de Patañjali, para além de ser um guia, pois logo que se começa a empreender a prática da Meditação, a própria Alma de cada Ser o conduz espontaneamente, é também uma referência para o que já se realizou e para o que ainda possa persistir como obstáculo no subconsciente.

Assim, na Índia há um exemplo notável de complementaridade, onde a Filosofia ou Religião engloba a prática viva e criativa da Meditação.

Infelizmente, a maior parte das obras comentadas dos Yoga (§) Sūtras por ocidentais ficam pelas interpretações superficiais e incompletas, pois ignoram a prática da Meditação, meio pelo qual se obtém conscientemente a Realização e a Libertação, as quais fazem parte de todos os métodos ou sistemas filosóficos da Índia. Não dão valor ao lado mais profundo da prática, que é a Meditação – Yoga, e não os rituais, os movimentos (āsanas) e as respirações (prāṇayāma). É fundamental que se compreenda que, mesmo o método de Patañjali, só resulta se de facto for empreendida a prática da Meditação.

Na realidade, para a Índia clássica toda a Filosofia é uma filosofia de libertação, onde se conjugam vários factores sobre os quais o praticante deve estar consciente, sendo os mais importantes: a determinação, o conhecimento, a devoção e a fé. Nos Yoga Sūtras, a fé é um complemento de base para a indagação e para a prática espiritual. Porém, no Ocidente, se a fé é o suporte fundamental das doutrinas religiosas e filosóficas, elas também estão assentes em conceitos e dogmas que criam barreiras à descoberta desses mistérios, que se têm como aceites e não questionáveis.

Assim, a Filosofia, enquanto tal, e englobando tanto o conhecimento como a fé, liberta não só das cadeias da ignorância, como também do medo, da acção e da prisão das nossas construções limitativas mentais. A verdadeira finalidade ou o supremo objectivo de todas estas formas de salvação, que passa pelo conhecimento de si mesmo, é o Conhecimento de Deus. Ele é o Conhecimento, é o conhecimento por identificação, que se torna o conhecido e consiste na compreensão directa daquilo que anteriormente era externo e estranho. O conhecido passa a ser parte do Conhecimento ou do conhecedor.
  (... continua) 
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